O pavé marca então esta primeira fase de clássicas e há alguns frente-a-frente que se espera ver. Mesmo com Sagan menos presente, não faltará espectáculo. Basicamente, o eslovaco é rival de todos, mesmo tendo uma tendência para os segundos lugares. Seja em que clássica participar, será sempre candidato (provavelmente, "o" candidato) e mais do que nunca parte para a época determinado em confirmar as expectativas de amealhar monumentos. Mas há outras rivalidades e aproveitando que Sagan começa de fora, aqui ficam alguns exemplos a ter em atenção.
Greg van Avermaet/Philippe Gilbert
Quando estavam na BMC já havia rivalidade. É o próprio Greg van Avermaet (31 anos) que admite que a saída do compatriota para a Quick-Step Floors foi positivo para que ficasse mais livre e sem concorrência interna. Avermaet ganhou em 2017 o seu primeiro monumento no Paris-Roubaix, depois de muito esbarrar em azares, ou em segundos lugares frustrantes. A Gilbert (35) fez muito bem a mudança de ares. Regressou às grandes vitórias e que grande vitória foi aquela na Volta a Flandres! Em 2018 surgem os dois extremamente motivados e com a ambição em alta. Avermaet diz estar em melhor forma do que no ano passado e quer mais uns monumentos. Gilbert vai apostar forte na Milano-Sanremo e no Paris-Roubaix para tentar entrar na história, ficando com os cinco monumentos no currículo. São os dois belgas, estão com objectivos idênticos e esta promete ser uma rivalidade quentinha...
Oliver Naesen/Tiesj Benoot/Jasper Stuyven
Tom Boonen saiu de cena após o Paris-Roubaix de 2017, mas na Bélgica não há crises de quem poderá tomar o seu lugar. Até porque Gilbert e Avermaet são duas referências a ter em conta, ainda que sem o currículo no pavé de Boonen. Mas no país já se olha além dos dois ciclistas referidos. Oliver Naesen (27 anos), Tiesj Benoot (23) e Jaspert Stuyven (25) são os senhores que se seguem. Candidatos são certamente. Naesen confirmou no ano passado o seu potencial para estas corridas e a AG2R pode continuar mais concentrada em Romain Bardet e no Tour, mas já percebeu que tem muito a ganhar com este belga, que irá contar com uma ajuda preciosa do reforço Silvan Dillier (ex-BMC). Quanto a Benoot, terá este ano maior responsabilidade na Lotto Soudal, depois de ter demonstrado enquanto sub-23 que tem capacidade e principalmente inteligência táctica para estar ao nível dos mais experientes. Benoot e Naesen são a rivalidade da nova geração belga, juntamente Jasper Stuyven. Mesmo tendo Degenkolb na equipa, a Trek-Segafredo tem todo o interesse em dar liberdade ao jovem belga. Em 2016 venceu a Kuurne-Bruxelles-Kuurne e no ano passado foi segundo e depois quarto em Roubaix.
Arnaud Démare/Fernando Gaviria
Dos sprints para as clássicas. É a primeira rivalidade lógica que Gaviria terá, muito por ambos serem sprinters. Démare (FDJ) já tem um momumento, a Milano-Sanremo (2016) e este ano preparou-se muito para tentar melhorar as suas exibições nas corridas de um dia e não focar-se apenas na Volta a França. Já Gaviria (Quick-Step Floors), depois de ter sido avassalador na estreia numa grande volta, no Giro100 - quatro vitórias de etapa e a classificação dos pontos -, não só quer ir fazer o mesmo no Tour, como decidiu que vai já para as clássicas. Há uma enorme curiosidade para o ver em acção na Volta a Flandres e no Paris-Roubaix. Fisicamente tem o poderio que se pede, mas isso não chega e que o diga Démare. Antes dos monumentos do pavé, haverá a Milano-Sanremo e os dois partirão como fortes candidatos. Dois sprinters, que passam bem certas subidas... Junta-se Sagan e temos um potencial pódio... Se Michal Kwiatkowski não aparecer para surpreender outra vez!
Sep Vanmarcke/Sep Vanmarcke
Sendo a Bélgica terra de classicistas aqui temos um que causa enorme frustração. Em 2012 venceu esta corrida e juntou mais uns quantos resultados promissores. Somou top dez, uns pódios, mas vitórias nem vê-las. Pelo meio apareceram umas quedas ou outros azares. Vanmarcke consegue ser o seu principal rival. Não precisa de ninguém para o tirar da luta. Aos 29 anos ainda se acredita que poderá fazer algo. Afinal, praticamente todos os anos mostra o seu talento. Mas fica sempre a faltar algo. Vanmarcke (EF Education First-Drapac powered by Cannondale) precisa de superar-se a si próprio. Se o conseguir, será um espectáculo vê-lo e quem sabe alcance finalmente a grande vitória que lhe parecia estar destinada. Tem Greg van Avermaet como exemplo... Nunca é tarde!
John Degenkolb/John Degenkolb
Mais um caso de um ciclista tem ele próprio como principal rival. Desde o atropelamento que foi vítima durante o estágio em 2016 que o alemão nunca mais se reencontrou com a confiança. Esteve em forma no ano passado. Isso mesmo demonstrou quando conseguia estar na frente das corridas. Porém, nunca respondeu nos momentos decisivos e não pareceu ser por falta de pernas. Estamos a falar de um ciclista que venceu a Milano-Sanremo e o Paris-Roubaix em 2015. Porém, na Trek-Segafredo não só está longe de fazer esquecer Fabian Cancellara, como está longe de se lembrar de como é vencer grandes corridas. Degenkolb (29 anos) está a precisar urgentemente de um triunfo numa clássica para assim, talvez, reencontrar o seu caminho e afastar certos certos fantasmas.
Fabio Fellline/Matteo Trentin
Talvez haja a tentação para se dizer que os italianos estão a jogar por fora. Porém, principalmente Matteo Trentin, é um ciclista a ter muito em conta. Nesta disputa transalpina, o ciclista que agora representa a Mitchelton-Scott está, aos 28 anos, a viver a melhor fase na carreira. Fechou o ano, na Quick-Step Floors, com quatro etapas na Vuelta e um quarto lugar nos Mundiais. Trentin não quis mais ser lançador de ninguém e surge agora com convicção que pode também no pavé conquistar uma vitória. A rivalidade com Felline (27 anos) será interessante, tendo em conta que o homem da Trek-Segafredo até se tem mostrado, mas no ano passado foi um dos que aprendeu de quanto custa tentar deixar Sagan fazer o trabalho todo. O eslovaco aprendeu de vez que ou ajudam, ou não leva ninguém à frente para depois perder. Kwiatkowski foi uma grande lição para Sagan! Felline tem o potencial, mas tacticamente não é tão forte como Trentin. Ainda assim, Itália tem aqui dois ciclistas que pode suceder a Alessandro Balan (2009) como vencedores da Volta a Flandres, com Trentin a ir também a Roubaix, onde um italiano não ganha desde Andrea Tafi, em 1999.
Estas são apenas uma rivalidades particulares, numas clássicas de pavé que tanto espectáculo costumam proporcionar. Zdenek Stybar, Niki Terpstra (vencedor do Paris-Roubaix em 2014) e Yves Lampaert, todos da Quick-Step Floors, são armas a jogar por uma equipa belga sempre muito forte para esta altura do ano. Dylan van Baarle tem nesta fase da época a oportunidade para se mostrar na Sky, depois de bons resultados, principalmente na Volta a Flandres, ao serviço da então Cannondale-Drapac; Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) tem a experiência do seu lado, mas falta-lhe uma grande clássica no seu currículo; Michael Matthews (Sunweb) vai aparecer em algumas provas do pavé, mas apostará mais na semana das Ardenas e antes na Milano-Sanremo (e cuidado com ele); Alexey Lutsenko (Astana) ganhou há poucos dias a Volta a Omã e o cazaque vem com grandes ideias para este fim-de-semana de clássicas.
A Omloop Het Nieuwsblad abre então a temporada de clássicas e terá transmissão neste sábado no Eurosport2, a partir das 14:30. E no domingo, será a vez da Kuurne-Bruxelles-Kuurne, que apesar de não fazer parte do calendário World Tour, é sempre muito bem frequentada pelos corredores especialistas nestas corridas (13:00, no Eurosport2).
»»Tom Boonen vai ser conselheiro na rival da Quick-Step Floors««
»»Philippe Gilbert: "Foi bom ganhar a Volta a Flandres, mas o futuro é muito mais interessante"««
Talvez haja a tentação para se dizer que os italianos estão a jogar por fora. Porém, principalmente Matteo Trentin, é um ciclista a ter muito em conta. Nesta disputa transalpina, o ciclista que agora representa a Mitchelton-Scott está, aos 28 anos, a viver a melhor fase na carreira. Fechou o ano, na Quick-Step Floors, com quatro etapas na Vuelta e um quarto lugar nos Mundiais. Trentin não quis mais ser lançador de ninguém e surge agora com convicção que pode também no pavé conquistar uma vitória. A rivalidade com Felline (27 anos) será interessante, tendo em conta que o homem da Trek-Segafredo até se tem mostrado, mas no ano passado foi um dos que aprendeu de quanto custa tentar deixar Sagan fazer o trabalho todo. O eslovaco aprendeu de vez que ou ajudam, ou não leva ninguém à frente para depois perder. Kwiatkowski foi uma grande lição para Sagan! Felline tem o potencial, mas tacticamente não é tão forte como Trentin. Ainda assim, Itália tem aqui dois ciclistas que pode suceder a Alessandro Balan (2009) como vencedores da Volta a Flandres, com Trentin a ir também a Roubaix, onde um italiano não ganha desde Andrea Tafi, em 1999.
Estas são apenas uma rivalidades particulares, numas clássicas de pavé que tanto espectáculo costumam proporcionar. Zdenek Stybar, Niki Terpstra (vencedor do Paris-Roubaix em 2014) e Yves Lampaert, todos da Quick-Step Floors, são armas a jogar por uma equipa belga sempre muito forte para esta altura do ano. Dylan van Baarle tem nesta fase da época a oportunidade para se mostrar na Sky, depois de bons resultados, principalmente na Volta a Flandres, ao serviço da então Cannondale-Drapac; Edvald Boasson Hagen (Dimension Data) tem a experiência do seu lado, mas falta-lhe uma grande clássica no seu currículo; Michael Matthews (Sunweb) vai aparecer em algumas provas do pavé, mas apostará mais na semana das Ardenas e antes na Milano-Sanremo (e cuidado com ele); Alexey Lutsenko (Astana) ganhou há poucos dias a Volta a Omã e o cazaque vem com grandes ideias para este fim-de-semana de clássicas.
A Omloop Het Nieuwsblad abre então a temporada de clássicas e terá transmissão neste sábado no Eurosport2, a partir das 14:30. E no domingo, será a vez da Kuurne-Bruxelles-Kuurne, que apesar de não fazer parte do calendário World Tour, é sempre muito bem frequentada pelos corredores especialistas nestas corridas (13:00, no Eurosport2).
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