Márcio Barbosa nunca perdeu a esperança que um dia poderia regressar à elite do ciclismo nacional. Era um dos melhores trepadores portugueses e chegou mesmo a ser o rei da montanha da Volta a Portugal. Porém, caiu nas malhas do doping. Foram dois anos de suspensão (entre 2014 e 2016) que descreve como complicados, mas continuou a treinar acreditando que era possível retomar a carreira. No ACDC Trofa demonstrou que ainda tinha muito para dar e garante que hoje é um homem e um ciclista diferente. Diz não ter nada a provar e só quer retribuir a confiança que lhe foi dada na Aviludo-Louletanto-Uli, cumprindo com o que lhe foi pedido: ajudar Vicente Garcia de Mateos e aproveitar alguma liberdade que lhe venha a ser dada nas corridas.
"Certamente que estou diferente. A vida traz-nos muitas experiências e esta foi uma negativa que eu tive e que aprendi [a lição]. Agora há que treinar, lutar e pôr um ponto final nessa situação", afirmou Márcio Barbosa ao Volta ao Ciclismo. Não se alonga no caso que ditou que os seus resultados desde 1 de Agosto de 2012 fossem apagados, o que incluiu a camisola azul que havia conquistado na Volta a Portugal. "Dois anos fora da modalidade, a treinar sem estar a competir não é certamente o mais fácil. São situações complicadas", admitiu. Quer mostrar na estrada o valor que realça continuar a ser-lhe reconhecido: "Eu acho que quem me conhece desde novo sabe das minhas capacidades. Eu conheço as minhas capacidades e acho que não tenho nada a provar."
Para o ciclista de 31 anos "o pior já passou", principalmente desde o momento em que assinou pela equipa algarvia, que viu em Márcio Barbosa um reforço importante para fortalecer o grupo em redor de um Vicente Garcia de Mateos determinado a lutar pela Volta a Portugal, ainda mais depois do pódio de 2017. "Tinha a esperança de poder andar aqui mais uns anos", desabafou, feliz por estar novamente numa equipa profissional.
"Os meus objectivos este ano passam por estar com o Vicente na geral na Volta e aí, talvez, uma etapa ou então estar na luta num Grande Prémio"
Tenta manter-se fiel a um discurso em prol do colectivo e do líder. Porém, Márcio Barbosa sempre foi um ciclista com gosto pelo ataque, por animar corridas e procurar ele próprio um resultado. "Os meus objectivos este ano passam por estar com o Vicente na geral na Volta e aí, talvez, uma etapa ou então estar na luta num Grande Prémio", afirmou. E tentar uma classificação secundária como a da montanha na Volta a Portugal? "Se esse objectivo passar pela equipa e se eu estiver em condições, tentarei." E acrescentou: "Se tiver essas oportunidades, e certamente que as terei, vou tentar estar na luta."
Depois da Prova de Abertura Região de Aveiro, Márcio Barbosa segue para a Volta ao Algarve, garantindo que a equipa preparou-se bem, ainda que considere "uma incógnita" o que se possa fazer. A Fóia e o Malhão parecem estar a pedir uma demonstração do ciclista, ainda mais com a Aviludo-Louletanto-Uli a "jogar" em casa. "Quem sabe...", disse, sorrindo.
Mais palavras para quê... Márcio Barbosa quer é estar em competição e deixa o aviso aos adversários: "Penso que para equipa do Louletano é o ano mais forte em termos de contratações. Temos um misto de atletas, uns que são bons a subir, outros a rolar, temos bons trabalhadores... Acho que este ano vamos fazer coisas bonitas." Disse ainda que, "se não houver azares", a formação de Loulé vai ser competitiva na Volta a Portugal.
Até lá, haverão muitos quilómetros a percorrer e a partir desta quarta-feira é no Algarve, com Márcio Barbosa a ter como companheiros para a corrida Luís Mendonça, Vicente Garcia de Mateos, Luís Fernandes, André Evangelista, Oscar Hernández e Juan Ignacio Perez.
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