16 de fevereiro de 2018

"Foi um alívio regressar e principalmente pelo ano ter acabado"

André Carvalho é um ciclista feliz e confiante. Dois aspectos que recuperou depois de ter regressado à Liberty Seguros-Carglass. 2017 dificilmente poderia ter corrido pior. Desportivamente, a experiência no estrangeiro não correu como desejava e pessoalmente, um problema familiar também o marcou. Carvalho não esconde como está satisfeito pelo ano ter terminado, esperando que a sorte mude agora que não só voltou "a casa", mas como a encontrou numa categoria mais elevada.

"Há um maior estatuto, exigência e profissionalismo tanto da parte do staff como de nós, ciclistas. Mas no fundo a estrutura está igual e a maneira de trabalhar é a mesma, sempre profissionais, sempre exigentes e isso é o mais importante." André Carvalho está a ser um dos muitos jovens que faz a estreia numa Volta ao Algarve com 13 equipas do World Tour, pois além da Liberty Seguros-Carglass, também o Miranda-Mortágua e a LA Alumínios subiram de escalão, sendo sub-25, o que significa que apenas dois dos corredores podem ser profissionais. "Estamos a fazer aquilo que para nós é possível, a dar o nosso melhor e a tentar sobreviver a cada dia, aproveitando esta enorme experiência", salientou ao Volta ao Ciclismo. E acrescentou: "É sempre bom para nós estar perto dos melhores do mundo."

Na subida ao Alto da Fóia, Carvalho esteve em bom nível. Perdeu mais de dois minutos para o vencedor, Michal Kwiatkowski (Sky), mas ficou na segunda posição da classifcação juventude, atrás de um ciclista que é visto como um sucessor de Tom Dumoulin, Sam Oomen. "Tiro uma nota positiva da subida de ontem [quinta-feira]", afirmou. No contra-relógio aconteceu o que esperava, perdeu tempo e está agora a 4:14 do holandês, na quarta posição. "O contra-relógio é uma das vertentes em que tenho mesmo de melhorar e também em alta montanha", referiu. Olhando para todos os lados só se viam autocarros e carros de equipas como a Sky, Quick-Step Floors ou Lotto Soudal, por exemplo. Agora que se sente novamente feliz e confiante, Carvalho volta a sonhar alto. "Como qualquer ciclista da minha idade, todos ambicionamos em poder um dia correr com as cores de qualquer uma das equipas que estão aqui presentes e eu não fujo à regra. Quero dar o meu melhor e, quem sabe um dia, voltar a correr no estrangeiro."

"Tive alguns azares, quedas ou furos em provas seguidas, em momentos decisivos. O azar bateu-me à porta bastantes vezes"

A experiência na Team Cipollini pode não ter sido a melhor, mas a ambição continua a passar por além fronteiras, ainda que, para já, seja na Liberty Seguros-Carglass que se sinta bem para continuar a sua evolução. "Foi um ano que começou por ser complicado. Tive alguns azares, quedas ou furos em provas seguidas, em momentos decisivos. O azar bateu-me à porta bastantes vezes", contou. Depois, 2017 melhorou um pouco, com uma boa participação no Giro e um segundo lugar nos Nacionais, de sub-23, atrás de Francisco Campos, do Miranda-Mortágua. O problema familiar tornou impossível que viajasse para Itália, como explicou, e foi pela selecção que foi competindo mais. Porém, o melhor acabou por surgir quando Manuel Correia o abordou para voltar à Liberty Seguros-Carglass. "Foi um alívio regressar e principalmente pelo ano ter acabado. Espero por melhor sorte em 2018!"

Reitera que recuperou a felicidade e agora só está concentrado em apresentar-se sempre ao melhor nível. Desconhece o seu calendário, mas a possibilidade de ter acesso a corridas de categoria mais elevada entusiasma-o. "São provas de outro calibre, com outras equipas e corredores que obrigam-nos a estar a bom nível para estar com os melhores e isso influencia - e de que maneira - o nosso crescimento", frisou.

Por enquanto é altura de aproveitar estar ao lado dos melhores do mundo e tentar repetir no Malhão, no domingo, a boa exibição da Fóia e que o deixou bastante satisfeito. Aos 20 anos, André Carvalho retoma um caminho que o colocava como uma das promessas do ciclismo nacional - foi duas vezes campeão nacional de juniores -, numa equipa que tem formado alguns dos jovens que hoje se destacam, como é o caso dos gémeos Oliveira, Ivo e Rui.


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