25 de setembro de 2017

Moscon entre o talento e a polémica: foi desqualificado dos Mundiais

(Fotografia: Jérémy-Günther-Heinz Jähnick
Deinze-Nokere Koerse/Wikimedia Commons)
Quis fazer de 2017 o ano da afirmação, depois de um 2016 de estreia no World Tour, e logo na Sky, com resultados que deixaram a equipa britânica a sorrir. Ficou claro que o italiano poderá ser uma boa aposta para as clássicas, mas que também poderia vir a ser útil ao serviço de Chris Froome e em corridas por etapas. Teve as oportunidades e sobre agarrá-las, só não soube afastar-se de polémicas.

Em Abril proferiu comentários racistas contra Kevin Reza, ciclista da FDJ, na Volta à Romandia. Acabou suspenso seis semanas e teve de frequentar um curso de consciencialização. Foi ainda ameaçado de despedimento se repetisse a situação. O assunto acabou por ficar por ali, mas Moscon volta agora a estar envolvido numa situação desnecessária e sempre feia. O italiano foi apanhado pelas câmaras de televisão a receber uma "boleia" do carro de apoio depois de ter sofrido uma queda. Foi anunciada a sua desqualificação.

Há quem lhe chame a manobra ao estilo Nibali (recordando quando o italiano foi expulso da Vuelta por situação igual), mas mesmo sendo de outra nacionalidade, Romain Bardet também recebeu uma boleia destas este ano. O resultado é sempre o mesmo. Moscon não foi expulso da corrida, pois já a tinha acabado, mas perdeu o 29º lugar que tinha alcançado. Aos 23 anos ambicionou fazer uns Mundiais fantásticos. Nos contra-relógios, ficou com o bronze no colectivo e foi sexto no individual. Na corrida em linha esteve em fuga com Julian Alaphilippe já nos quilómetros finais, mas acabou por ceder. Ainda assim, foi mais uma demonstração da sua qualidade, ele que se estreou em grandes voltas em Espanha e deixou Chris Froome muito agradado com o seu trabalho. E terminou numa excelente 27ª posição. Foi quinto no Paris-Roubaix, campeão nacional de contra-relógio e também quinto na prova em linha.

Porém, de pouco serviria ter feito melhor no domingo. A cerca de 35 quilómetros sofreu uma queda, juntamente com Sergio Henao. O carro de apoio chegou e ofereceu um bidão a Moscon. Foi demasiado clara que o veículo acelerou levando Moscon à boleia, enquanto Henao se esforçava para recuperar ritmo, mas viu o italiano afastar-se muito em poucos segundos. Castigo aplicado e espera-se que seja mais uma lição aprendida.

Apesar de ainda não ter sido anunciada a renovação de contrato com a Sky, será expectável que tal aconteça. Moscon tem um futuro promissor, sendo ainda uma incógnita em que tipo de ciclista poderá evoluir. Será uma aposta para as clássicas, ou irá mais para corridas por etapas. Não é de excluir que faça ambas, mas se continuar a exibir-se ao nível do que fez na Vuelta... Porém, terá de rever este tipo de atitude que não ajudam nada na construção de uma reputação de respeito. Há responsabilidade por parte de quem ia a conduzir, mas Moscon não pode afastar-se da que também é sua.

O ciclista da Sky conseguiu ainda ser o centro das atenções em 2017 por um dos momentos mais insólitos do ano. No contra-relógio colectivo que abriu o Tirreno-Adriatico, o italiano sofreu uma aparatosa queda porque a roda da frente simplesmente se desfez.

Aqui ficam as imagens que valeram a desqualificação de Moscon nos Mundiais de Bergen.
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»»Joni Kanerva, o nome que também marca os Mundiais e que reacende a discussão da segurança no pelotão««

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