23 de setembro de 2017

Está na altura de se assistir a mais corridas de ciclismo feminino

(Fotografia: Facebook UCI)
Tem sido uma longa luta, com batalhas perdidas, mas quando são ganhas são dados passos rumo a um crescimento há muito procurado no ciclismo feminino. Nos últimos anos esse crescimento tem sido notório e a UCI começou a dedicar-se mais ao desenvolvimento da modalidade para a senhoras, tendo criado um Women's World Tour ainda com muito para melhorar, mas que tem ajudado as ciclistas a terem um palco mais importante e consistente a nível de corridas. As competições têm aumentado, em 2018 serão mais três. E a qualidade?

Na internet é possível ir assistindo, nem que seja alguns resumos, e uma ou outra corrida já vai tendo transmissão por cá, através do Eurosport. Um panorama bem diferente de há alguns anos - ainda que actualmente uma das provas mais importantes, a Volta a Itália, não tenha direito a transmissão televisiva... -, quando, quanto muito, se referia uma vencedora, principalmente se fosse uma das principais figuras, que normalmente tinha aparecido na pista. A realidade é diferente.

Actualmente já há uma formação sem ser apenas na pista, já há mais condições, já há mais patrocínios, já há mais corridas. Longe da perfeição, é certo, mas melhor do que num passado recente. E nesse passado recente assistíamos a corridas com um pelotão curto, com pouca emoção, pouco interesse táctico. Nesse pelotão estavam nomes que são agora grandes figuras, como Marianne Vos. Sim, porque não foi assim há tanto tempo que o ciclismo feminino lutava por ser mais competitivo. Agora já o é e a julgar pelas jovens que se viu nestes Mundiais, só tem a melhorar a curto prazo se assim houver condições.

Falemos então desta corrida dos Mundiais. Uma fuga triunfar foi quase impossível, algo normal no ciclismo feminino, onde não há tanto aquela espécie de disciplina no pelotão masculino, em que se deixa formar um grupo na frente, controlando-se para eventualmente o ir buscar. As senhoras são mais de ataques e contra-ataques. Porém, a grande diferença é que agora há claramente uma cultura táctica muito mais evoluída, principalmente das grandes selecções como Holanda, Itália, Grã-Bretanha, Austrália ou EUA, de onde também são algumas das principais equipas do World Tour.

Quando o hábito é ver os homens a competir, cria alguma confusão ver como não se deixa formar fugas, mas aquelas duas últimas voltas valeram toda uma corrida, que já estava interessante. Sim, houve os ataques e contra-ataques, mas deu gosto ver como a super Holanda controlou a corrida, como os EUA tentaram dar luta ou como a França espreitou intrometer-se na disputa e como uma polaca fabulosa de nome Katarzyna Niewiadoma, tentou sozinha quebrar a organização laranja (leia-se holandesa). Tem 22 anos e parece ter um título mundial à sua espera, mais cedo ou mais tarde. Mas em Bergen, na Noruega, confirmou-se a expectativa. Ganhou a Holanda. Só não foi quem se esperava.

(Fotografia: Facebook UCI)
Era a equipa com mais ciclistas (oito) e trabalhou muito bem essa vantagem. No final, Chantal Blaak aproveitou as adversárias do pequeno grupo que estava na frente estarem a marcar duas das suas colegas e escapou. Pedalou como se calhar nunca o fez. Durante aqueles quilómetros finais nem se lembrou que já tinha sofrido uma queda e que tinha uma ferida na perna. 27 anos, campeã do seu país, mas com uma função nos Mundiais mais de mulher de trabalho. Acabou campeã!  Blaak leva o título máximo de volta para a Holanda, depois de três anos por outros países (França, Grã-Bretanha e Dinamarca). São dez no geral, os mesmo que a França.

Na elite está a ser uma limpeza para a Holanda. Annemiek van Vleuten é campeã mundial de contra-relógio, tal como Tom Dumoulin, nos homens. A Sunweb feminina venceu o contra-relógio colectivo e a equipa está registada na Holanda (a masculina é uma formação alemã).

A australiana Katrin Garfoot venceu o sprint pelo segundo lugar. Ela que para o seleccionador parecia que não tinha qualidade para estar nos Mundiais. Foi uma polémica estranha. Foram chamadas cinco ciclistas, ficando duas vagas por preencher porque aquele senhor achava que não tinha corredoras de qualidade... Amalie Dideriksen, campeã em 2016, ficou com o bronze (resultados completos). Portugal não teve representantes. Daniela Reis não foi chamada por opção técnica.


(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
Nos juniores masculinos, o dinamarquês Julius Johansen é o novo campeão, batendo os italianos Luca Rastelli e Michele Gazzoli por 51 segundos. Quanto aos portugueses, Pedro Miguel Lopes (24º) e Afonso Silva (43º) cortaram a meta inseridos no grupo que chegou a 55 segundos do vencedor. Um excelente resultado tendo em conta a falta de experiência dos jovens ciclistas a este nível. Pedro José Lopes foi 102º a 11:07 (resultados completos).

Faltam agora os senhores da elite mundial discutirem a camisola do arco-íris, este domingo, às 9:05 (hora de Portugal Continental).

»»Faltou ritmo (e alguma sorte) aos nossos sub-23««

»»Que sofrimento Nelson!««

Sem comentários:

Enviar um comentário