19 de setembro de 2017

A dívida de Geraint Thomas

(Fotografia: Facebook UCI)
Quando no domingo a Sky subiu ao pódio para receber a medalha de bronze do contra-relógio colectivo nos Mundiais de Bergen, havia grandes sorrisos, apesar de a vitória ser o grande objectivo. Porém, um ciclista estava claramente em dificuldades para mostrar satisfação. Geraint Thomas acabou por não esconder o quanto ficou desiludido, por considerar que deixou mal os seus companheiros que apostavam em ganhar o ouro e assim quebrar a hegemonia da BMC e Quick-Step Floors nesta competição. Foi a Sunweb quem o fez, com a Sky a ficar a 22 segundos e a falta de dois ciclistas quando faltavam 12 quilómetros para o final fez toda a diferença, tendo em conta que a formação alemã levou todos os seis quase até final.

Num ano de altos e baixos, Thomas desabafou: "Foi o pior contra-relógio por equipas que alguma vez fiz. Sinto que deixei mal os rapazes." O britânico começou 2017 com o prémio de liderar a Sky no Giro, em parceria com Mikel Landa. Esteve muito tempo em estágio apenas com Chris Froome a preparar ao pormenor uma grande volta que o poderia elevar a um estatuto diferente na equipa, mas principalmente no ciclismo. Apareceu em forma, mas uma paragem de uma moto da polícia num local pouco conveniente, provocou a queda a vários ciclistas, incluindo Thomas. Acabou por abandonar. Foi ao Tour para ajudar Froome e começou por ganhar o contra-relógio e andou de amarelo mais três dias. Nova queda, novo abandono. Antes do Giro tinha juntado mais uma corrida de uma semana ao seu currículo: a Volta aos Alpes.

O terceiro lugar nos Mundiais deveria ser visto como mais um resultado positivo, antes de entrar de férias e começar a preparar 2018. Porém, Thomas só consegue pensar como tudo correu da pior maneira. "Senti-me muito mal deste o início. Foi horrível. O contra-relógio colectivo é a pior altura para se estar a sofrer. Não se recupera e estás ali como um passageiro", salientou ao Cyclingnews.

Owain Doull já tinha ficado para trás quando a Sky chegou à principal dificuldade do dia. Foi então que Thomas já não conseguiu esconder mais as suas dificuldades. Chris Froome ainda tentou esperar pelo colega, mas acabou por dar ordem para os restantes companheiros para seguirem, depois de Thomas lhe indicar que não dava mais. "Eu disse-lhes para irem porque não conseguiríamos a medalha se esperassem por mim. Foi uma pena porque tínhamos uma equipa muito forte, mas eu estava vazio", explicou.

É um Thomas desiludido que termina a temporada, ainda mais porque ficou de fora da convocatória da selecção britânica para a corrida de estrada no domingo. Quer descansar e espera que a má sorte não o continue a perseguir em 2018. Acabar o ano com o sentimento que deixou mal uma equipa que tanto tem dado por ele (e ele por ela), deixa um sentimento de dívida em Geraint Thomas. No entanto, não restam dúvidas que este britânico irá reaparecer para compensar (não que precise) com exibições ao nível que é normal e não um ciclista em desespero para aguentar o ritmo dos colegas. A Sky só lhe pede que seja ele próprio. A este Thomas falta-lhe comprovar todo o seu valor numa grande volta e a Volta a Itália espera novamente por ele. Esse é o seu grande objectivo.


Sem comentários:

Enviar um comentário