18 de setembro de 2017

Depois da edição centenária há que "criar algo grande". Será este um "Giro Santo"?

Alberto Contador (à esquerda) e Ivan Basso (direita) estiveram na apresentação
e pedalaram acompanhados pelo presidente da câmara Nir Barkat
e o presidente honorário do arranque do Giro em Jerusalém, Sylvan Adams
(Fotografia: Twitter Giro d'Italia
Já lhe chamam assim: o "Giro santo". Está oficializado o início da Volta a Itália em Jerusalém e agora correm os rumores que o final será no Vaticano. Mauro Vegni, director da competição, não confirma, preferindo destacar a importância da corrida ir até Israel. O Giro quer marcar a diferença e se tudo começa com um contra-relógio individual de 10,1 quilómetros, ao terceiro dia haverá uma etapa de 226 quilómetros que atravessará o deserto. Vegni diz que "o Giro inova", equanto a "Vuelta melhora" e o Tour está "atascado".

A apresentação das três primeiras etapas aconteceu com a presença de um Alberto Contador a gozar os primeiros dias pós-profissionalismo, recuperando de uma desgastante Volta a Espanha, mas já a pensar em dedicar-se aos seus projectos com os jovens ciclistas da sua fundação. O espanhol admite que ainda só andou de bicicleta um dia após o final da Vuelta, mas garante que irá voltar aos treinos, mas certamente com outro ritmo. O vencedor do Giro em 2008 e 2015 esteve acompanhado por Ivan Basso, que conta também com duas vitórias: 2006 e 2010.


Inevitavelmente Contador desviou algumas das atenções, mas é em Jerusalém que todas se vão centrar quando a 4 de Maio o pelotão arrancar na Cidade Velha de Jerusalém (10,1 quilómetros). Seguem-se dois dias para os sprinters. Primeiro serão 167 quilómetros que ligarão Haifa a Telavive e no dia seguinte a tal longa etapa pelo deserto de Neguev, que é mais de metade do território israelita. A partida será em Beersheba e a meta estará em Eilat, junto ao Mar Vermelho.


Mauro Vegni explicou ao jornal Marca que a ideia de viajar para Israel integra o plano de internacionalizar ainda mais a Volta a Itália. Para já, entra na história como a primeira grande volta a começar fora da Europa. "Israel representa um bom projecto para revalorizar o território israelita e também para promover a itanialização do mundo", salientou o responsável. Naturalmente que a questão financeira foi uma das questões, mas Vegni disse apenas que não deram primazia "ao aspecto económico, mas sim à ideia de querer algo novo".


Num país sempre sobre ameaça a nível de segurança, Mauro Vegni passa uma imagem de tranquilidade: "Francamente creio que estaremos seguros. Temos visto como os perigos podem estar em qualquer sítio. Tivemos há pouco um atentado no metro de Londres e também em Barcelona. Aqui contaremos com uma grande segurança."

Vegni também se mostra descansado com a logística necessária para levar o Giro até tão longe. Depois de uma edição especial como foi a 100ª, que atravessou Itália desde as ilhas a sul até ao norte do país, o director quer começar um novo século da corrida de uma forma inovadora. "A edição de 2017 foi histórica porque era o nosso centenário, agora temos de criar algo grande", salientou. Quanto ao falado final no Vaticano, Vegni não quis confirmar, estando ainda em estudo se Roma ou Milão recebem a etapa da consagração. 

Este ano assistiu-se à confirmação de um grande voltista, com Tom Dumoulin a ganhar o Giro. Agora falta receber se aquele a quem só lhe falta precisamente a Volta a Itália irá estar na corrida: "Estamos a trabalhar para que [Chris Froome] venha e pensamos que está perante uma oportunidade única para a disputar. Acho que não temos de mudar o percurso para o seduzir. Nunca desenhamos um percurso a pensar num ciclista." A missão não se apresenta fácil, já que Froome tem como principal objectivo garantir o quinto Tour. Depois, talvez comece mesmo a pensar no Giro.

Em 2018, a partida em Jerusalém servirá ainda de mote para uma homenagem a Gino Bartali. O ciclista italiano, que nas décadas de 30 e 40 venceu três Giros e duas Voltas a França, além de quatro Milano-Sanremo e três Giros di Lombardia, teve um papel importante na ajuda a judeus perseguidos no Holocausto, durante a II Guerra Mundial. "Ajudou a salvar muitos judeus através da bicicleta", destacou Vegni. Bartali morreu em 2000 aos 85 anos.

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