18 de setembro de 2017

Ivo Oliveira foi 21º e deixou a sensação que pode alcançar muito mais

(Fotografia: Luca Bettini/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Para que não fiquem dúvidas: Ivo Oliveira realizou um bom contra-relógio nos Mundiais de Bergen. Era o palco perfeito para mostrar toda a sua evolução no último ano, sob a orientação de Axel Merckx. Em 2016, em Doha, foi 36º, agora 21º. É certo que o percurso também o favorecia mais e, por isso, o jovem ciclista tirou proveito das suas cada vez mais aprimoradas qualidades de contra-relogista para ficar à porta do top-20, onde não deverá demorar muito tempo a entrar. Até melhor...

Há ciclistas que aparecem de rompante a conquistar grandes vitórias e alguns até conseguem fazer uma passagem de sucesso para o escalão de elite. Mas são muitos os que acabam por ficar esquecidos e agarrados a títulos de juniores e sub-23 sem que tenham conseguido comprovar o seu talento ao mais alto nível. Depois há outros ciclistas que vão evoluindo, vão conquistando algumas vitórias, ficando perto de outras, às vezes nem isso, mas que a "explosão" que os colocará como referência acontece mais tarde, muitas vezes já na elite. Cada ciclista tem as suas características, cada equipa tem a sua forma de trabalhar com os jovens corredores. Ivo Oliveira tem estado numa evolução constante. Melhora de corrida para corrida e o 21º lugar no contra-relógio de sub-23 é a prova como este ano na Axeon Hagens Berman o elevou para outro nível, mesmo com alguns percalços (quedas) pelo caminho. E ainda há uma enorme margem de progressão a explorar.

Há ciclistas que são assim, vão somando bons resultados, deixando a sensação que mais tarde ou mais cedo vão conseguir muito mais e melhor. Ivo é um deles. Na pista está entre os melhores do seu escalão, na estrada começa a construir a sua reputação e apenas podemos desejar que continue na formação de Axel Merckx em 2018. Já se sabe como naquela estrutura os ciclistas de qualidade ganham experiência e evoluem como atletas de uma forma que não passa despercebida às equipas do World Tour. Que o diga Ruben Guerreiro, agora na Trek-Segafredo!

"Foi um contrarrelógio duro e superei as minhas expectativas. Senti-me bem e estou satisfeito, porque tive boas sensações, mesmo que não corresse há muito. Tentei gerir as forças ao máximo. Era um contra-relógio em que não teríamos força no final se gastássemos demasiado de início, porque os últimos 10 quilómetros eram muito penosos. Quando cheguei à Noruega estava com más sensações, mas hoje tive boas pernas, o que me deixa mais confiante para a prova de fundo”, explicou Ivo Oliveira, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Agora falta precisamente a corrida de fundo, na sexta-feira, em que Ivo irá partir motivado e com a certeza que fisicamente está em condições de tentar estar na frente. A seu lado estarão ciclistas de muita qualidade e com ambição: André Carvalho (Cipollini Iseo Serrature Rime), Francisco Campos (Miranda-Mortágua) - campeão nacional de estrada na categoria - e José Neves (Liberty Seguros-Carglass) - campeão nacional de contra-relógio.

Quanto ao vencedor do contra-relógio, Mikkel Bjerg, tem apens 18 anos e acabou de chegar ao escalão de sub-23 (um dos tais que chega de rompante, ainda que também já tenha resultados interessantes em juniores). O dinamarquês não deu hipótese à concorrência (47:06 minutos). Ciclista após ciclista foi passando pelo percurso de 37 quilómetros sem se conseguir aproximar de forma ameaçadora do tempo de Bjerg. O americano Brandon McNulty ficou a 1:06 minutos, enquanto o francês Corentin Ermenault fez mais 1:17. A Dinamarca até apostava numa vitória, mas com o campeão europeu Kasper Asgreen, que ficou pela sétima posição, a 1:31 do compatriota. Ivo Oliveira gastou mais 2:39 minutos.

O dia começou com o contra-relógio feminino de juniores, sem representantes portuguesas. A italiana Elena Pirrone cumpriu os 16,1 quilómetros em 23:19 minutos. A compatriota Alessia Vigilia ficou a sete segundos, enquanto a australiana Madeleine Fasnacht levou a medalha de bronze (fez mais 43 segundos).

Portugal só terá ciclistas em competição na quarta-feira, quando Nelson Oliveira e Rui Costa participarem no contra-relógio. O ciclista da Movistar partirá às 15:12.30 horas, mas antes o corredor da UAE Team Emirates arrancará às 12:51.30 (hora de Portugal Continental).

Esta terça-feira o programa dos Mundiais inclui o contra-relógio de juniores masculinos (10:35) e de elite feminina (14:35). De recordar que o Eurosport está a transmitir as competições.

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