19 de setembro de 2017

Mudar ou não mudar de bicicleta, eis a questão

Rui Costa e Nelson Oliveira, os representantes portugueses no contra-relógio
(Fotografia: Federação Portuguesa de Ciclismo)
Aquela subida final de cerca de três quilómetros, com pendentes que chegam aos 9%, não deixou nada satisfeitos os chamados puros contra-relogistas. Tony Martin à cabeça. O alemão, campeão mundial em título e já com quatro camisolas arco-íris no seu currículo, não ficou nada satisfeito desde que o percurso de 31 quilómetros foi revelado e agora "atirou-se" contra a possibilidade de se trocar de bicicletas para fazer a subida. Esta é uma questão que está a ser ponderada por aqueles que vão participar esta quarta-feira na competição. Nelson Oliveira e Rui Costa só na manhã da prova vão decidir o que vão fazer, pois é uma opção que poderá fazer toda a diferença e são poucos os que estão a abrir o livro sobre a sua táctica.

E percebe-se porquê. Afinal espera-se um contra-relógio emocionante, em que Tony Martin não surge como grande favorito. Esse é Tom Dumoulin e não é só porque Chris Froome também o diz, mas porque o holandês tem estado irrepreensível nesta especialidade. Quando não ganha, faz bons resultados e perante o complicado percurso de Bergen, são 31 quilómetros que lhe assentam bastante bem. Claro que também as características de Froome encaixam perfeitamente nos altos e baixos da cidade norueguesa. Rohan Dennis, Primoz Roglic, Bob Jungels, Victor Campenaerts, Jonathan Castroviejo... Vai ser um contra-relógio decidido ao pormenor e a troca ou não de bicicleta poderá revelar-se num pormenor que marcará a diferença de uma medalha ou um lugar fora do pódio.

Tony Martin considera que se se está a fazer um contra-relógio, então deveria ser a bicicleta da vertente a ser utilizada do primeiro ao último quilómetro. O alemão da Katusha-Alpecin, que bem precisa de um bom resultado, considera que os trepadores vão ter uma vantagem extra. E Rui Costa reforça a ideia que haverá outros candidatos: “[O contra-relógio] não é para especialistas puros. As duas voltas ao circuito são muito duras e ainda há a subida para a meta, que ditará os resultados da prova.”


O poveiro está de regresso aos Mundiais, depois de em 2016 ter ficado de fora. Em Doha, o percurso plano tanto no contra-relógio, como na prova em linha, não beneficiavam em nada as características do campeão do Mundo de 2013. A seu lado estará o principal especialista português: Nelson Oliveira. O percurso em Bergen é mais ao seu género, comparativamente com Doha e as expectativas são grandes para o ciclista de Anadia. A primeira fase de temporada não foi feliz para o corredor da Movistar, devido à queda no Paris-Roubaix, que o afastou da competição durante um longo período. Esteve na Volta a Espanha e nos Mundiais quererá colocar para trás o contra-relógio menos conseguido na Vuelta - foi 24º a 2:47 de Froome - e mostrar-se como um dos especialistas que é e como é conhecido no pelotão internacional. “O reconhecimento feito na manhã de hoje deu para perceber que todo o contra-relógio é muito duro, não apenas a subida final. No entanto, será nessa subida que serão marcadas as maiores diferenças, pelo que a escolha do material terá de ser muito bem ponderada”, disse, citado pela Federação Portuguesa de Ciclismo.

Rui Costa será o primeiro a sair para a estrada (12:51.30), integrado no grupo 2. Nelson Oliveira está no quinto, que inclui alguns candidatos às medalhas e partirá às 15:12.30 (hora de Portugal Continental). O último grupo será o sexto que conta com Tejay van Garderen, Ilnur Zakarin, Bob Jungels, Maciej Bodnar, Primoz Roglic, Rohan Dennis, Jonathan Castroviejo, Chris Froome, Tom Dumoulin e Tony Martin, o último a partir. O início deste conjunto de atletas será às 15:50 e os ciclistas partirão com minuto e meio de diferença.

A acção pode ser acompanhada no Eurosport e neste link pode confirmar a lista de partida.

Entretanto já se conhecem mais dois campeões do Mundo de contra-relógio. Na elite feminina, Annemiek van Vleuten (28:50 minutos) bateu a compatriota holandesa Anna van der Breggen (a 12 segundos) e a australiana Katrin Garfoot (a 19). Há um ano Van Vleuten estava a recuperar de uma grave queda nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, mas aos 34 anos teve uma época fenomenal, estando imbatível no contra-relógio e agora conquistou a sua primeira camisola do arco-íris (resultados completos).

Nos juniores masculinos, o vencedor foi o fenómeno britânico Thomas Pidcock. Aos 18 anos prepara-se para começar a evoluir na equipa de Bradley Wiggins e leva com ele um título mundial. Destacou-se no ciclocross, mas também já se mostra na estrada e na pista. É um ciclista que está a gerar grande expectativa no seu país e não só. Pidcock cumpriu os 21,1 quilómetros em 28:02 minutos, menos 12 segundos que o italiano Antonio Puppio e 13 que o polaco Filip Maciejuk (resultados completos).


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