23 de setembro de 2017

Joni Kanerva, o nome que também marca os Mundiais e que reacende a discussão da segurança no pelotão

O ambiente de festa e de grandes corridas em Bergen recuperou a imagem que se espera de uns Mundiais e que há um ano em Doha tinha faltado. Porém, há uma realidade a que o ciclismo não escapa e Joni Kanerva é mais um nome de uma lista já longa de corredores que sofreram quedas devido a choques com veículos da caravana durante uma competição. As imagens são arrepiantes e sublinha-se de imediato que o jovem finlandês encontra-se em estado estável, tendo fracturado a clavícula, além das costelas também terem sofrido com a queda aparatosa e tem ainda vários cortes.

Joni Kanerva tem 22 anos e em Agosto conseguiu o seu primeiro contrato profissional ao assinar pela equipa Continental do Kuwait, mas com base na Suécia, Memil Pro Cycling. No Mundiais estava a pedalar a cerca de 70 quilómetros/hora - durante a prova de sub-23, na sexta-feira - entre os carros quando o acidente ocorreu. Uma sequência de eventos infeliz para Kanerva, mas que reacende a discussão sobre a segurança dos ciclistas e os veículos que circulam no pelotão.

"Ouvimos que tinha havido uma queda e quando lá chegámos vimos o Joni. Sempre que há uma colisão destas parece sempre má, mas felizmente os médicos chegaram rapidamente ao local", explicou ao site finlandês Keskisuomalainen o responsável finlandês Kjell Carlström, que estava no carro de apoio da selecção nórdica. A família já está com o ciclista, com Carlström a explicar que está em análise a possibilidade de transportar Kanerva para o seu país, mas também poderá ter de ficar na Noruega mais uns dias. Como curiosidade, Kjell Carlström é um antigo ciclista que esteve na Sky no final da sua carreira.

Como foi referido, Kanerva foi vítima de uma infeliz sequência de eventos. Um ciclista precisou de apoio e o carro da equipa teve de parar numa zona onde se circulava a grande velocidade. O condutor do veículo que vinha imediatamente atrás teve o reflexo de se desviar, não reparando que a seu lado estava Kanerva. O finlandês foi empurrado violentamente contra as barreiras, caindo de forma aparatosa. Ficou imobilizado no chão, mas relatos indicam que respondeu quando os médicos falaram com ele. Testemunhas salientaram que havia muito sangue na estrada.

A UCI tem implementado algumas regras na tentativa de reduzir este tipo de incidentes, principalmente desde que Antoine Demoitié morreu em 2016, na Gent-Wevelgem, depois de um acidente com uma moto. Foi reduzido o número de veículos permitidos na caravana e os condutores e motards podem ser expulsos ou suspensos caso sejam responsáveis por algum problema. No próximo ano, o pelotão será mais pequeno em mais um esforço de assegurar maior segurança para os ciclistas. Nas grandes voltas serão permitidos oito ciclistas por equipa em vez de nove e nas restantes corridas serão sete e não oito, como até agora.

Porém, haverá ainda muito a fazer e o caso de Kanerva é a prova. O condutor do carro deveria ter travado e não desviado? Teria tempo? São duas questões das muitas que a polícia está a tentar responder, porque apesar do acidente ter acontecido durante uma competição, em estrada fechada, as autoridades norueguesas estão a investigar.

A Joni Kanerva resta-lhe recuperar e espera-se que possa regressar à competição, nem que seja em 2018. É um momento marcante numa curta carreira e não era assim que o jovem finlandês queria ver o seu nome ligado a uns Mundiais.

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