28 de setembro de 2017

Descida de categoria da Volta à Turquia parece ser inevitável

(Fotografia: Facebook Volta à Turquia)
Será este um fim anunciado de uma curta aventura no World Tour? A organização da Volta a Turquia já não poderá usar as clássicas de Abril como desculpa para a falta de interesse das principais equipas em estar na corrida que este ano subiu à categoria mais elevada. Em Fevereiro pediu à UCI para adiar a data, pois só uma estaria inscrita. O organismo acedeu e agendou para 10 a 15 de Outubro, em vez de 18 a 23 de Abril. O resultado é que mais três formações do principal escalão se inscreveram, mas se de facto apenas quatro aparecerem, a prova poderá estar condenada à descida, eventualmente já em 2018.

Com a reformulação do calendário do World Tour em 2017, a entrada de novas corridas foi acompanhada por algumas regras especiais. Em primeiro lugar as equipas do escalão não estariam obrigadas em participar, ao contrário do que acontece com as restantes competições que já pertenciam ao calendário. As novas provas tem de garantir que pelo menos dez das formações estejam presentes. Se em dois anos consecutivos tal não acontecer, a competição volta a descer de categoria.

Bora-Hansgrohe, Trek-Segafredo, UAE Team Emirates e Astana são as únicas equipas do World Tour que estarão inscritas, segundo o Cycling News. Na Quick-Step Floors, por exemplo, nenhum ciclista quer viajar para a Turquia. Foi o próprio director Patrick Lefevere quem o admitiu em Fevereiro. A corrida até fazia parte do calendário da formação belga, mas nenhum corredor quis participar.

Agora já não há forma de tentar disfarçar o que realmente está em causa. A insegurança e instabilidade política que se vive na Turquia não transmitem confiança a ninguém. Os ataques terroristas assustam, mas a tentativa de golpe de Estado e a forma como politicamente o presidente Erdogan tem liderado o país, causam ainda mais nervosismo a quem tem de viajar para a Turquia. Um dos responsáveis da Lotto Soudal, Marc Sergeant, deu precisamente esses dois exemplos para justificar a ausência da equipa, em Abril, e parece que não há intenção de mudar de ideias.

Quando a Volta à Turquia reapareceu no calendário da UCI em 2008, até começou por atrair várias equipas do World Tour. Porém, com o passar dos anos essa presença foi diminuindo, muito devido aos casos de doping que surgiram, inclusivamente num dos vencedores turcos. Apesar do interesse ser mais reduzido, a boa estrutura organizacional acabou por ser uma grande ajuda para que recebesse o estatuto de World Tour em 2017.

Porém, tudo está a correr mal. Até a apresentação das etapas só aconteceu na segunda-feira. Perante a realidade que já não é possível esconder atrás de desculpas como "má altura no calendário", poderá acontecer que a Volta a Turquia em 2018 já não esteja no calendário World Tour. Para já aparece nele, mas se se confirmarem apenas quatro equipas do principal escalão, descer de categoria e não esperar mais um ano, poderá ser uma forma até para salvaguardar a corrida. A nível financeiro o gasto é muito superior quando se está no World Tour. Haverá decisões a tomar depois do dia 15 de Outubro.

De recordar, que o vencedor em 2016 foi o português José Gonçalves. Então na Caja Rural, foi uma vitória que colocou o gémeo na rota de uma grande equipa mundial. Foi a Katusha-Alpecin, de José Azevedo, que o foi buscar. E não estará inscrita este ano, pelo que Gonçalves não estará na Turquia para usar o dorsal número um.

Apesar dos problemas, a Volta à Turquia irá pelo menos realizar-se, o que não aconteceu com a Volta ao Qatar. Era outra das corridas novas no World Tour, mas problemas financeiros levaram ao seu cancelamento.

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