4 de setembro de 2017

Dia de descanso na Vuelta: o motor de Froome, o vírus intestinal e a prisão preventiva

(Fotografia: Unipublic/Photogomez Sport)
Os dias de descanso costumam ser marcados pelas habituais conferências de imprensas de alguns dos principais ciclistas e o lançamento da semana que o pelotão terá pela frente. No Tour temos ainda os anúncios das renovações ou dos novos contratos. A seis etapas de terminar a carreira, foi a de Alberto Contador que concentrou as atenções na Vuelta, que foram um pouco (muito pouco) desviadas com notícias mais insólitas: acusaram Froome de utilizar um motor na bicicleta, um vírus intestinal ameaça mandar para casa alguns ciclistas e, para terminar, o suspeito de ter incendiado o autocarro da Aqua Blue Sport ficou em prisão preventiva. Mas ninguém se distraiu certamente com estas notícias, pois vamos entrar na recta final para resolver uma Vuelta que Chris Froome domina, mas que já se percebeu não estar imune a um golpe de teatro. Esta terça-feira é dia de contra-relógio.

Mas já que tivemos umas "distracções" extra competição, vamos então começar com a acusação que Froome utilizou um motor na 12º etapa, aquela em que caiu duas vezes, além de uma avaria, após o primeiro incidente. O vídeo surgiu na internet e já se sabe como as redes sociais contribuem para a propagação de uma falsa polémica.  Neste caso, pode-se mesmo dizer que nem há polémica e nem a música dos "Ficheiros Secretos" influencia a pensar de outra forma. Depois de cortar a meta, parece que alguém considera que a bicicleta de Froome anda sozinha, quando o ciclista não está a pedalar.

É no momento em que o líder da Vuelta é rodeado por fotógrafos e por membros da sua equipa que dizem que poderá existir um motor na bicicleta de Froome. Recorrendo a uma ajuda da Marca, que tem jornalistas no local, e também ao próprio perfil da etapa, a chegada a Los Dólmenes é feita em ligeira descida. Não é preciso ser ciclista profissional para se saber que a descer a gravidade dá uma ajuda para se poupar nas pedaladas. Além disso, outro ciclista, mas da Cannondale-Drapac, também passa no local sem pedalar, mas esse pormenor parece ser irrelevante.

Aqui fica o vídeo da "polémica".



Curiosamente (ou talvez não), estas alegações surgem numa altura em que novas reportagens sugerem que o sistema de detecção de motores utilizados pela UCI não é eficaz contra a mais recente tecnologia.

Um assunto mais sério e preocupante é o do vírus intestinal que está a afectar vários ciclistas. A Sunweb teve problemas com três, com o estreante na Volta a Espanha, Sam Oomen, a ser obrigado a abandonar no sábado. Chad Haga e Sören Kragh Andersen tiveram um fim-de-semana infernal e o responsável da formação alemã esperava que o dia de descanso fosse exactamente os que os dois precisassem para recuperar e continuar em prova. É necessário ajudar Wilco Kelderman a alcançar pelo menos o pódio. O objectivo é claro, pois fecharia um ano espectacular da equipa nas grandes voltas, depois da vitória de Tom Dumoulin no Giro e as duas etapas e a camisola da montanha de Warren Barguil no Tour. De recordar que a Sunweb mandou o francês para casa por este não respeitar as ordens da equipa e, por isso, não quer mesmo perder mais nenhum ciclista.

Arthur van Dongen disse ao Telesport.nl que também tinha conhecimento que a Bora-Hansgrohe e a Lotto-Jumbo estavam a enfrentar o mesmo problema. O director desportivo da Sunweb confirmou que Andersen esteve muito mal e Haga não estava muito melhor.

Para terminar, o suspeito de ter ateado fogo ao autocarro da Aqua Blue Sport, na quinta-feira, irá aguardar julgamento em prisão preventiva.. O homem de 55 anos é suspeito de ser o responsável por outros três incêndios nessa noite na zona de Almería. A equipa irlandesa, que recebeu o convite para participar na Vuelta, teve de recorrer a um autocarro normal para continuar na corrida, com as restantes equipas a ajudarem no que foi necessário para garantir que os ciclistas da Aqua Blue Sport pudessem completar a Vuelta.

Agora é altura de regressar à competição. O contra-relógio de Logroño (40,2 quilómetros) poderia numa outra corrida assumir uma importância extrema. Porém, com tanta montanha pela frente, só uma exibição excepcional de Froome e talvez um dia menos bom de, principalmente, Vincenzo Nibali, é que poderia deixar esta Vuelta quase decidida. Porém, é de esperar que Froome vá a fundo numa tentativa de ampliar o 1:01 minuto de vantagem sobre o italiano da Bahrain-Merida. Apesar de no último fim-de-semana ter sido quase perfeito na forma como apanhou todos os rivais que o atacaram (e até deixou alguns para trás), o britânico da Sky irá querer precaver-se de algum mau dia que poderá surgir na última semana. Afinal, no seu historial tem momentos de quebra no final da Volta a França, que nunca terminaram mal, porque Froome tinha amealhado tempo suficiente para gerir quando chegaram as decisões finais. Mas atenção a Nibali, também sabe defender-se muito bem no esforço individual e apesar de admitir a superioridade do líder da Vuelta, não está com vontade nenhuma de atirar a toalha ao chão antes da etapa de sábado, no Angliru.

Voltando a Alberto Contador. O espanhol da Trek-Segafredo assume com todas as letras que o top 10 não o deixa satisfeito. Terminar a carreira com um bom resultado será estar no pódio em Madrid. Está a quase dois minutos, mas também é verdade que já esteve mais longe de sequer poder aspirar a tal resultado.



Confira aqui a classificação geral antes do contra-relógio desta terça-feira.

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