Salah Eddine Mraouni tem o sonho de tantos ciclistas: chegar ao mais alto nível e competir na Volta a França. Admira Alejandro Valverde - "é muito forte e inteligente", diz - e este ano deu o passo de deixar o conforto de um país onde era uma autêntica estrela, até com direito a ser recebido pelo rei. Tem apenas 24 anos, mas na curta carreira conheceu vários sucessos, tanto em África como na Ásia. Venceu a UCI Africa Tour em 2015, mas chegou o momento em que quis mais. Foi na Kuwait-Cartucho.es que encontrou o passaporte para entrar em corridas com outro tipo de competitividade. Adaptar-se a outra realidade é sempre um desafio, mas para Mraouni o maior tem sido ser um ciclista "normal".
Na Europa é mais um entre os muitos que trabalham para chamar a atenção das grandes equipas. Não tem sido fácil a adaptação, pois de ser conhecido em todo o lado, é agora apenas mais um. No entanto, mesmo tendo de lidar com o anonimato da realidade que agora vive, Mraouni mantém-se fiel aos seus sonhos. "Eu quero continuar no ciclismo e daqui a dois anos subir", explicou ao Volta ao Ciclismo. O marroquino quer estar noutro nível rapidamente, contudo, sabe que tem ainda muito a aprender e é por isso que vê a equipa Kuwait-Cartucho.es como ideal para este processo de evolução, ainda mais quando tem como companheiros os experientes Davide Rebellin e Stefan Schumacher.
Mraouni destacou-se desde cedo em Marrocos, sendo visto como um ciclista para todo o terreno, que em grupos reduzidos fazia-se valer da boa velocidade final para conquistar bons resultados. Agradecido por ter a oportunidade para experimentar outras competições, foi em África que alcançou os três triunfos em 2017 (dois na Volta aos Camarões e um na Volta a Marrocos). Já andou por França, Espanha, até na China, mas em Portugal encontrou o país que gostou, até porque encontrou o tempo quente que gosta, além de ter elogiado os portugueses. "Ando melhor com o calor. Estou mais habituado", admitiu. Ainda assim, não escondeu que subir à Torre na Volta a Portugal "foi um dia difícil".
E foi precisamente nessa corrida por cá que Mraouni teve um teste importante, apesar de ter terminado num discreto 104º lugar, a quase três horas do vencedor, Raúl Alarcón. Foi uma prova por etapas a um ritmo diferente ao que está habituado e o marroquino salientou que foi melhorando com o passar dos dias, o que o motiva para as próximas corridas que tiver de enfrentar com competitividade idêntica. Porém, não conseguiu mostrar-se no palco mais importante do ano para si: abandonou nos Mundiais de Bergen.
Quem conhece Mraouni diz que este ano não parece a mesma pessoa, pois deixou os holofotes da fama local para trás. Não são momentos fáceis para um jovem que se habituou a ser uma estrela, mas vem de um continente que aos poucos vai começando a ver os seus ciclistas aparecerem e a serem respeitados e procurados por grandes equipas, muito devido ao trabalho da formação da Dimension Data. Mraouni segue o seu caminho, no anonimato, mas sem abandonar o sonho de um dia falarem dele ao mais alto nível.
»»Rebellin a viver um dia de cada vez e à espera que as pernas lhe digam para parar««
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