(Fotografia: © UD Oliveirense-InOutBuild) |
"A equipa tem estado a um nível [suspiro profundo]... Sabia da qualidade deles, sei como iniciámos a época... Se calhar hoje ninguém imagina como arrancámos com esta equipa. Sabia da qualidade dos miúdos e tinha dito que íamos ter mais dificuldade nas corridas de maior número de dias. Nas clássicas, nas corridas de poucos dias, conseguimos estar num nível muito elevado. Mas surpreendentemente, no Grande Prémio Jornal de Notícias estivemos a um nível elevadíssimo e no Abimota também", salientou o director desportivo ao Volta ao Ciclismo. E acrescentou: "Estamos a fazer uma época muito melhor do que em 2018. Incrível! Daqui para a frente não sei, mas até aqui temos o mais do dobro dos pódios. Estamos a superar as expectativas a todos os níveis."
Além das medalhas nos Nacionais e da Taça de Portugal de sub-23, há a destacar umas classificações da juventude: Troféu O Jogo e Memorial Bruno Neves por parte de Pedro Miguel Lopes e no Grande Prémio Jornal de Notícias, com Rafael Lourenço, que venceu ainda a classificação das Autarquias no Abimota.
O final de 2018 foi um autêntico contra-relógio para garantir os patrocínios da equipa, que há dois anos subiu ao escalão Continental, como sub-25. Porém, manteve-se fiel às suas raízes de formação, com os nomes recentes a chegaram ao mais alto nível do ciclismo a serem Ivo e Rui Oliveira e Ruben Guerreiro. E acrescenta-se Rui Costa, Ricardo Vilela e também outros gémeos, os Gonçalves (Domingos e José), como exemplo de corredores que chegaram longe na modalidade.
"Uma coisa garanto: nestas condições não faço mais ciclismo. As coisas até se tem vindo a compor, mas nós merecemos mais. O concelho de Oliveira de Azeméis tem de olhar para nós de outra forma. É muito complicado fazer ciclismo com os meios que nós temos. Temo-lo feito com dignidade e a nível de imagem temos dignificado o ciclismo nacional. Acho que está na hora de olharem para aquilo de bom que temos feito ao longo destes anos. Se as coisas não melhorarem, para o ano... Apesar da garantia do nosso primeiro patrocinador, que está muito entusiasmado e quer continuar, só o farei com muito mais", assegurou.
O plantel é curto e jovem e algumas lesões não têm ajudado na gestão da equipa. Contudo, ganhou reforços importantes já durante a temporada. Primeiro foi o espanhol Josu Zabala, ciclista de 26 anos e de alguma experiência, que veio da Caja Rural. Zabala chegou em Março e há poucas semanas foi um dos talentos emergentes da modalidade em Portugal que se juntou à estrutura: Guilherme Mota. Também veio da Caja Rural, mas da equipa de sub-23, onde esteve alguns meses este ano, mas optou regressar a Portugal para melhor conciliar o ciclismo com os estudos. No entanto, a UD Oliveirense-InOutBuild, está à procura de pelo menos mais um ciclista com 22/23 anos, para ter mais maturidade na equipa na Volta a Portugal.
"O caso do Zabala, ele já queria veria em Janeiro, mas nós não tínhamos condições para o ter. Depois de muita persistência dele e da própria Caja Rural para lhe dar uma oportunidade, conseguimos algo para o compensar, apesar de não ter nada a ver com o valor dele, mas ele está feliz aqui. Espero que ele possa pisar os grandes palcos, estar nas grandes equipas porque acho que é um corredor de enormíssima qualidade", salientou. Quanto a Guilherme Mota, apesar da juventude - é sub-23 de primeiro ano (18 anos) -, Manuel Correia não hesita em considerar que "acrescenta muito à equipa". E conquistou a medalha de bronze no contra-relógio dos Nacionais, no seu escalão.
"Veio tarde, está com peso a mais, mas é normal. Faculdade, estar numa equipa longe de casa, é complicado", referiu o responsável, que elogiou a postura do seu ciclista em querer continuar a estudar. "Isto é uma mais valia para todos nós. Temos de nos orgulhar. O Guilherme encontrou o seu espaço. Ele já é feliz aqui. Estava a passar um mau bocado. Se ele estiver cá para o ano, espero contar com ele", disse.
E é nestas expressões que se percebe que Manuel Correia pode não querer continuar no ciclismo perante as dificuldades que tem passado, mas deseja manter viva a sua equipa. Além de Guilherme Mota e Fábio Costa, Rafael Lourenço é outro atleta que o director desportivo gostaria de continuar a trabalhar.
Há um ano conquistou uma etapa no Grande Prémio Jornal de Notícias e só não repetiu o feito em 2019 porque celebrou cedo de mais e foi ultrapassado sobre a meta. No entanto, fez top dez na geral e foi o melhor jovem. "Isso faz parte da aprendizagem. Já vimos no World Tour a fazer igual! Há que chamar a atenção, mas não o recriminar, nem penalizar por isso. Ele nunca mais voltará a fazer isso!" Manuel Correia considera também que um excesso de confiança acabou por tirar um possível top cinco a Rafael Lourenço. "É um corredor que tem subido degrau a degrau, ano após ano e hoje está num nível elevadíssimo", afirmou.
Regressando a um Fábio Costa que, durante a conversa com Manuel Correia, tentava recuperar da desilusão de tanto ter lutado pelo título nacional, tendo passado grande parte da corrida em fuga (143,2 quilómetros no circuito de Melgaço), o director desportivo frisou como o ciclista "quis em determinados pontos puxar de igual para igual com o João [Almeida] e isso se calhar custou-lhe caro". "Independentemente de termos perdido para um grande corredor e ser justa a vitória do João, nós merecíamos mais nesta corrida", disse. E ficaram rasgados elogios a João Almeida (Hagens Berman Axeon), ciclista já com experiência e vitórias importantes além fronteiras e que o responsável da UD Oliveirende-InOutBuild não dúvida que vai dar muitas alegrias. Ainda assim: "Acho que o Fábio com um bocadinho mais de maturidade poderia ter surpreendido o João."
Agora é olhar em frente para uma fase importante da temporada, com a aproximação da Volta a Portugal (de 31 de Julho a 11 de Agosto), com o Troféu Joaquim Agostinho a realizar-se um pouco antes, de 11 a 14 de Julho. Se estar bem na Volta é importante, a Volta a Portugal do Futuro é sempre um objectivo para os jovens ciclistas. "Eu já ganhei 11 Voltas a Portugal do Futuro e eram muito mais competitivas. É mais [importante] para eles do que para mim. Qualquer um gosta de a ganhar."
Uma coisa é certa na UD Oliveirense-InOutBuild, os ciclistas estão motivados em procurar mais bons resultados. Apesar dos problemas que a estrutura atravessou e atravessa para continuar na estrada, os corredores estão animados. "Acho que sempre estiveram. Mais do que eu! Eles são jovens, às vezes nem se apercebem das dificuldades. Quando arrancámos com a equipa explicámos a situação, mas acho que eles nem notaram. Acho que nós também tentámos deixá-los confortáveis. Nunca faltou nada e continua a não faltar e as coisas inclusive tem vindo a melhorar."
»»Guilherme Mota regressa a Portugal para poder garantir um futuro além do ciclismo««
»»"Pensava em júnior que era um bom ciclista, mas quando damos um salto destes, percebemos que há muito pela frente"««
»»Dobradinhas confirmadas mas foi necessário lutar muito para as alcançar««
Além das medalhas nos Nacionais e da Taça de Portugal de sub-23, há a destacar umas classificações da juventude: Troféu O Jogo e Memorial Bruno Neves por parte de Pedro Miguel Lopes e no Grande Prémio Jornal de Notícias, com Rafael Lourenço, que venceu ainda a classificação das Autarquias no Abimota.
"As coisas até se tem vindo a compor, mas nós merecemos mais. O concelho de Oliveira de Azeméis tem de olhar para nós de outra forma"
O final de 2018 foi um autêntico contra-relógio para garantir os patrocínios da equipa, que há dois anos subiu ao escalão Continental, como sub-25. Porém, manteve-se fiel às suas raízes de formação, com os nomes recentes a chegaram ao mais alto nível do ciclismo a serem Ivo e Rui Oliveira e Ruben Guerreiro. E acrescenta-se Rui Costa, Ricardo Vilela e também outros gémeos, os Gonçalves (Domingos e José), como exemplo de corredores que chegaram longe na modalidade.
"Uma coisa garanto: nestas condições não faço mais ciclismo. As coisas até se tem vindo a compor, mas nós merecemos mais. O concelho de Oliveira de Azeméis tem de olhar para nós de outra forma. É muito complicado fazer ciclismo com os meios que nós temos. Temo-lo feito com dignidade e a nível de imagem temos dignificado o ciclismo nacional. Acho que está na hora de olharem para aquilo de bom que temos feito ao longo destes anos. Se as coisas não melhorarem, para o ano... Apesar da garantia do nosso primeiro patrocinador, que está muito entusiasmado e quer continuar, só o farei com muito mais", assegurou.
O plantel é curto e jovem e algumas lesões não têm ajudado na gestão da equipa. Contudo, ganhou reforços importantes já durante a temporada. Primeiro foi o espanhol Josu Zabala, ciclista de 26 anos e de alguma experiência, que veio da Caja Rural. Zabala chegou em Março e há poucas semanas foi um dos talentos emergentes da modalidade em Portugal que se juntou à estrutura: Guilherme Mota. Também veio da Caja Rural, mas da equipa de sub-23, onde esteve alguns meses este ano, mas optou regressar a Portugal para melhor conciliar o ciclismo com os estudos. No entanto, a UD Oliveirense-InOutBuild, está à procura de pelo menos mais um ciclista com 22/23 anos, para ter mais maturidade na equipa na Volta a Portugal.
"O caso do Zabala, ele já queria veria em Janeiro, mas nós não tínhamos condições para o ter. Depois de muita persistência dele e da própria Caja Rural para lhe dar uma oportunidade, conseguimos algo para o compensar, apesar de não ter nada a ver com o valor dele, mas ele está feliz aqui. Espero que ele possa pisar os grandes palcos, estar nas grandes equipas porque acho que é um corredor de enormíssima qualidade", salientou. Quanto a Guilherme Mota, apesar da juventude - é sub-23 de primeiro ano (18 anos) -, Manuel Correia não hesita em considerar que "acrescenta muito à equipa". E conquistou a medalha de bronze no contra-relógio dos Nacionais, no seu escalão.
"Veio tarde, está com peso a mais, mas é normal. Faculdade, estar numa equipa longe de casa, é complicado", referiu o responsável, que elogiou a postura do seu ciclista em querer continuar a estudar. "Isto é uma mais valia para todos nós. Temos de nos orgulhar. O Guilherme encontrou o seu espaço. Ele já é feliz aqui. Estava a passar um mau bocado. Se ele estiver cá para o ano, espero contar com ele", disse.
E é nestas expressões que se percebe que Manuel Correia pode não querer continuar no ciclismo perante as dificuldades que tem passado, mas deseja manter viva a sua equipa. Além de Guilherme Mota e Fábio Costa, Rafael Lourenço é outro atleta que o director desportivo gostaria de continuar a trabalhar.
"Independentemente de termos perdido para um grande corredor e ser justa a vitória do João, nós merecíamos mais nesta corrida"
Há um ano conquistou uma etapa no Grande Prémio Jornal de Notícias e só não repetiu o feito em 2019 porque celebrou cedo de mais e foi ultrapassado sobre a meta. No entanto, fez top dez na geral e foi o melhor jovem. "Isso faz parte da aprendizagem. Já vimos no World Tour a fazer igual! Há que chamar a atenção, mas não o recriminar, nem penalizar por isso. Ele nunca mais voltará a fazer isso!" Manuel Correia considera também que um excesso de confiança acabou por tirar um possível top cinco a Rafael Lourenço. "É um corredor que tem subido degrau a degrau, ano após ano e hoje está num nível elevadíssimo", afirmou.
Regressando a um Fábio Costa que, durante a conversa com Manuel Correia, tentava recuperar da desilusão de tanto ter lutado pelo título nacional, tendo passado grande parte da corrida em fuga (143,2 quilómetros no circuito de Melgaço), o director desportivo frisou como o ciclista "quis em determinados pontos puxar de igual para igual com o João [Almeida] e isso se calhar custou-lhe caro". "Independentemente de termos perdido para um grande corredor e ser justa a vitória do João, nós merecíamos mais nesta corrida", disse. E ficaram rasgados elogios a João Almeida (Hagens Berman Axeon), ciclista já com experiência e vitórias importantes além fronteiras e que o responsável da UD Oliveirende-InOutBuild não dúvida que vai dar muitas alegrias. Ainda assim: "Acho que o Fábio com um bocadinho mais de maturidade poderia ter surpreendido o João."
Agora é olhar em frente para uma fase importante da temporada, com a aproximação da Volta a Portugal (de 31 de Julho a 11 de Agosto), com o Troféu Joaquim Agostinho a realizar-se um pouco antes, de 11 a 14 de Julho. Se estar bem na Volta é importante, a Volta a Portugal do Futuro é sempre um objectivo para os jovens ciclistas. "Eu já ganhei 11 Voltas a Portugal do Futuro e eram muito mais competitivas. É mais [importante] para eles do que para mim. Qualquer um gosta de a ganhar."
Uma coisa é certa na UD Oliveirense-InOutBuild, os ciclistas estão motivados em procurar mais bons resultados. Apesar dos problemas que a estrutura atravessou e atravessa para continuar na estrada, os corredores estão animados. "Acho que sempre estiveram. Mais do que eu! Eles são jovens, às vezes nem se apercebem das dificuldades. Quando arrancámos com a equipa explicámos a situação, mas acho que eles nem notaram. Acho que nós também tentámos deixá-los confortáveis. Nunca faltou nada e continua a não faltar e as coisas inclusive tem vindo a melhorar."
»»Guilherme Mota regressa a Portugal para poder garantir um futuro além do ciclismo««
»»"Pensava em júnior que era um bom ciclista, mas quando damos um salto destes, percebemos que há muito pela frente"««
»»Dobradinhas confirmadas mas foi necessário lutar muito para as alcançar««
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