24 de julho de 2019

Ciclistas expulsos do Tour consideram decisão exagerada

(Imagem: print screen)
Os comissários voltaram a ter mão pesada e expulsaram Tony Martin e Luke Rowe da Volta a França. Nem a Jumbo-Visma, nem a Ineos se conformam com a decisão e estão a estudar um apelo para que ambos os corredores possam esta quinta-feira estar à partida em Embrun, no arranque da fase decisiva do Tour, nos Alpes. É o terceiro ano com expulsões na corrida, depois de Peter Sagan (Bora-Hansgrohe) em 2017 e Gianni Moscon em 2018, outro atleta da Ineos, então Sky.

Tudo começou a menos de 15 quilómetros da meta, a caminho de Gap. No pelotão lutava-se pelo melhor posicionamento dos líderes, ainda que não houvesse preocupação com a frente da corrida. Nas imagens televisivas vê-se Tony Martin a dar um "chega para lá" a Luke Rowe, que consegue evitar tocar no público e de eventualmente cair. Porém, o assunto não ficou por ali. Pouco depois, Rowe leva a mão à cara de Martin e depois ainda foram vistos numa luta de ombro a ombro, nas imagens que foram analisadas pelos comissários.


Apesar da "troca de mimos", ao cortar a meta os ciclistas cumprimentaram-se e enterraram o desentendimento, que dizem ter acontecido "no calor do momento". Ambos acabaram por ser chamados para o visionamento das imagens. Na declaração conjunta, Rowe explicou que disse aos comissários que não poderiam expulsá-los por o que tinha acontecido, mas a opinião foi outra. Os ciclistas foram acusados de terem violado o regulamento e foram expulsos. Foram ainda multados em mil francos suíços (cerca de 912 euros) e perderam 50 pontos no ranking UCI.

Tanto Rowe (29 anos) como Martin (34) assumem o erro, apesar de considerarem exagerada a exclusão da corrida. O alemão da Jumbo-Visma salientou como naquela fase se lutava por um melhor posicionamento dos líderes antes da subida final, havendo alguma pressão e claro que o intenso calor - as temperaturas andaram novamente perto dos 40 graus - acabou por contribuir para ser mais difícil controlar os ânimos. "Estávamos no limite. Peço desculpa pelo aconteceu", desabafou Martin, no vídeo que pode ver em baixo (em inglês, sem legendas).

A desilusão dos dois é grande, ainda mais tendo em conta que os seus líderes estão na luta pelo Tour: Geraint Thomas e Egan Bernal por parte da Ineos e Steven Kruijswijk da Jumbo-Visma. "Os dois não queriam conceder terreno. Acontece. Talvez seja um pouco no calor do momento, ou um pouco de irritação", referiu o holandês. Já Thomas considera que é algo que acontece várias vezes: "Estes rapazes fazem todos o mesmo trabalho. Têm de colocar os seus líderes numa boa posição. Acabam sempre a lutar por posição. Não é nada de mais, sinceramente."

Rowe e Martin esperam que o apelo possa ter um resultado positivo e vão fazendo figas (*). São ambos elementos importantes no trabalho das equipas, com Martin a realizar um Tour de grande nível, depois de uma passagem pela Katusha-Alpecin em que pouco ou nada correu bem. O alemão está em excelente forma e tem sido um motor numa Jumbo-Visma que colectivamente tem estado superior à Ineos.

Num comunicado conjunto, as equipas também consideraram a decisão dos comissários demasiado dura, considerando que os ciclistas deveriam ter sido avisados, ou seja recebido "um cartão amarelo e não um vermelho".
(Texto actualizado às 23:46 com o vídeo que mostra o que aconteceu entre ambos os ciclistas)

18ª etapa: Embrun - Valloire, 208 quilómetros



Depois de um dia que estava a ser sem grande história até ao desentendimento entre Martin e Rowe, é altura de enfrentar os três dias nos Alpes que vão decidir o vencedor da Volta a França.


(Fotografia: © ASO/Pauline Ballet)
Esta quarta-feira, na chegada a Gap de tão boa memória para os portugueses  - Sérgio Paulinho ganhou lá em 2010 e Rui Costa em 2013 -, o ciclista da UAE Team Emirates entrou na numerosa fuga para tentar repetir o feito, com Nelson Oliveira a ter um raro dia de liberdade e a juntar-se também à frente da corrida. No entanto, ambos falharam o corte decisivo e ficaram longe da discussão. Matteo Trentin, o campeão europeu, venceu isolado, dando a quarta vitória no Tour à Mitchelton-Scott, depois de Daryl Impey e de Simon Yates, o britânico já com dois triunfos.

A etapa de quinta-feira ameaça ser explosiva! Pode não ter chegada em alto, mas tem duas categorias especiais nos últimos cem quilómetros. São subidas longas, a primeira com 14,1 quilómetros e a segunda com 23, o temido Col du Galibier, a 2642 metros de altitude. Toda a tirada será bem lá no alto, o Col d'Izoard está a 2360 ficando a expectativa se os ataques ficam guardados para o fim, ou se as hostilidades começaram logo nesta ascensão. Juntar estas duas subidas e tendo em conta o que se tem visto de espectáculo no Tour, aumenta a muito a expectativa. Mas atenção à descida final, pois também poderá fazer diferenças.

Antes o pelotão passará no Col de Vars, subida mais curta, mas que está a 2109 metros, com uma terceira categoria a dar o mote para um dia duro, que terá ainda o calor como factor a ter em conta. Apesar de se esperar temperaturas um pouco mais baixas em pleno Alpes, ainda assim serão dias bem mais quentes do que os vividos nos Pirenéus.

1º Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep)
2º Geraint Thomas (Ineos) a 1:35 minutos
3º Steven Kruijswijk (Jumbo-Visma) a 1:47
4º Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) a 1:50
5º Egan Bernal (Ineos) a 2:02
6º Emanuel Buchmann (Bora-Hansgrohe) a 2:14
7º Mikel Landa (Movistar) a 4:54
8º Alejandro Valverde (Movistar) a 5:00
9º Jakob Fuglsang (Astana) a 5:27
10º Rigoberto Uran (EF Education First) a 5:33
11º Richie Porte (Trek-Segafredo) a 6:30
12º Warren Barguil (Arkéa Samsic) a 7:22
13º Nairo Quintana (Movistar) a 8:28
15º Daniel Martin (UAE Team Emirates) a 11:39

Classificações completas, via ProCyclingStats.




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