31 de julho de 2019

A melhor resposta

(Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
A melhor forma de responder à adversidade de ter ficado sem Raúl Alarcón era começar forte e a ganhar. Mas a melhor resposta da W52-FC Porto não se limita a essa reacção, mas também a ter sido Samuel Caldeira a vencer. É um ciclista muito importante nesta estrutura e há um ano foi ele a ficar de fora da Volta a Portugal por lesão. No seu regresso à corrida, não podia começar de forma mais auspiciosa.

Foram muitos os anos em que ficou perto de uma vitória na Volta, mas não a alcançava. Em 2017 finalmente quebrou o enguiço. Contudo, 2018 foi uma temporada difícil devido ao problema numa vértebra após queda, mas ressurgiu mais motivado em 2019, também pela ascensão a Profissional Continental da equipa do Sobrado. Ainda não tinha contribuído directamente para a lista de vitória dos azuis e brancos. Mas aí está ela, uma vitória com um bónus sempre muito desejado: esta quinta-feira, Samuel Caldeira estará de amarelo na Volta a Portugal.

O contra-relógio de Viseu tinha apenas seis quilómetros, mas a passagem pela zona histórica da bonita cidade era muito técnica e feita em parte em empedrado, ou noutro tipo de pedra, sempre bem mais escorregadia do que o alcatrão. Com curvas apertadas e ruas não muito largas, houve quem não arriscasse. Já Samuel Caldeira fez-se valer da sua constituição física, do seu poderio na pedalada e capacidade de manobrar a bicicleta, características distintas de um sprinter. Cedo fez o tempo que ninguém conseguiria bater: 7:28 minutos. O companheiro, Gustavo Veloso, ficou a centésimos de comprovar que está bem fisicamente, apesar de ter sido convocado para preencher a vaga deixada por Raúl Alarcón. O espanhol, vencedor das últimas duas edições, não recuperou de uma lesão na clavícula, contraída há cerca de cinco semanas no Grande Prémio Abimota.

Veloso demonstrou que, aos 39 anos, continua a ser um excelente contra-relogista, sendo um ciclista que nunca conseguiu a muito desejada terceira conquista na Volta a Portugal. No ano passado claudicou por completo e já não é visto como um claro candidato. Só a montanha revelará se Veloso ainda tem um último fôlego para lutar pela amarela. António Carvalho (quinto a quatro segundos) e Daniel Mestre (10º a oito) fizeram com que a W52-FC Porto colocasse quatro ciclistas no top dez, o que, diga-se não é nada de surpreendente, nem de novo. De referir que Veloso foi terceiro, pois na luta que se ganhou por centésimos, o jovem suíço (24 anos) Gian Friesecke, foi uma das figuras do dia, com a Swiss Racing Academy a dar mostras que não veio a Portugal para passear.

Entre candidatos

No prólogo era preciso não perder demasiado tempo, mas também havia que não arriscar, pois o mínimo de erro no contra-relógio de Viseu poderia resultar numa queda, por exemplo. Com algum cuidado, mas convictos em fazer um bom tempo, os que partiram para a Volta como os mais fortes candidatos, não ficaram com grandes diferenças. Joni Brandão demonstrou como evoluiu nesta especialidade e, sem afastar António Carvalho e Gustavo Veloso de uma possível candidatura à vitória final, foi o ciclista da Efapel que terminou com razões para sorrir. Foi oitavo a sete segundos de Caldeira.

Nas diferenças directas para Joni Brandão, João Rodrigues (W52-FC Porto) e Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) ficaram a dois segundos. Edgar Pinto (W52-FC Porto) cumpriu a distância em mais cinco. Tiago Machado (Sporting-Tavira) poderá não estar totalmente satisfeito, mas 19 segundos ainda não são uma dor de cabeça, tal como os 21 de João Benta (Rádio Popular-Boavista). Já o campeão nacional de fundo, José Mendes (Sporting-Tavira), não teve o melhor dos dias, ficando a 31 segundos de Joni Brandão.

Entre os ciclistas de equipas estrangeiras, o colombiano Fabio Duarte foi uma desilusão. A equipa Medellin veio da China para Portugal, quase sem dar tempo para os ciclistas se adaptarem. Duarte perdeu mais de dois minutos, mas o veterano companheiro de equipa Óscar Sevilla (42 anos) parece não estar com problemas em mostrar-se na Volta.

Aqui ficam as diferenças de alguns dos ciclistas que olham para pelo menos o top dez, com Joni Brandão a ser a referência, reiterando que António Carvalho e Gustavo Veloso ficaram à frente do corredor da Efapel e são dois ciclistas a não menosprezar:

Joni Brandão (Efapel)
João Rodrigues (W52-FC Porto) a 2 segundos
Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) a 2
Óscar Sevilla (Medellin) a 2
Alejandro Marque (Sporting-Tavira) a 4
Edgar Pinto (W52-FC Porto) a 5
Mario Gonzalez (Euskadi-Murias) a 12
Brice Feillu (Arkéa Samsic) a 14
Tiago Machado (Sporting-Tavira) a 19
João Benta (Rádio Popular-Boavista) a 21
José Mendes (Sporting-Tavira) a 31
Fabio Duarte (Medellin) a 2:09 minutos

1ª etapa: Miranda do Corvo - Leiria, 174,7 km


Apesar de ser um dia com final propício para os sprinters, a primeira etapa em linha começa logo com montanha e com uma primeira categoria na Serra da Lousã. Serão 19,2 quilómetros com uma pendente média de 4%, o que poderá provocar problemas a alguns ciclistas mais aptos a terrenos menos inclinados. É que depois, haverá mais duas quartas categorias a prejudicar uma eventual recuperação. E ainda antes do percurso ficar um pouco mais simpático, há mais uma segunda categoria pela frente. Isto tudo nos primeiros 100 quilómetros!

Miranda do Corvo recebe a partida às 12:50, junto à Câmara Municipal, com a chegada a Leiria a estar prevista por volta das 17:30, na Avenida Dr. João Soares.

»»Ciclistas a seguir... além dos da W52-FC Porto««

»»Raúl Alarcón de fora na W52-FC Porto. Luís Mendonça entra na lista da Rádio Popular-Boavista««

»»"Não vou mentir, não é que estivesse a ficar desmotivado, mas já eram muitos anos a ter os mesmos objectivos"««

Sem comentários:

Enviar um comentário