(Fotografia: Facebook Team Dimension Data) |
Em Maio houve uma fusão entre a Dimension Data, uma empresa especializada em tecnologia de informação com sede em Joanesburgo, e a japonesa NTT. O objectivo passa para que NTT seja o nome único da empresa, o que faz com que as camisolas da equipa sul-africana também adoptam a nova denominação. Se estas alterações na empresa significará mudanças no orçamento, ainda está por se perceber, mas o projecto está previsto ficar na estrada pelo menos mais dois anos.
Mais do que o nome, é desportivamente que a equipa precisa urgentemente de mudanças. Quando subiu a World Tour, deixando a denominação MTN Qhubeka para ser a Dimension Data, a equipa sul-africana queria manter a sua génese de abrir as portas aos ciclistas daquele continente, não apenas do país. Contudo, claro que apostou também em ter pelo menos uma grande figura. Mark Cavendish procurava uma equipa na qual não tivesse concorrência interna para o estatuto de sprinter número um e correspondeu à milionária contratação da estrutura sul-africana com boas vitórias, quatro delas no Tour, ao que se juntou outra de Steve Cummings.
Em 2017, somou mais de 20 triunfos, Edvald Boasson Hagen venceu uma etapa no Tour e Omar Fraile no Giro, mas começavam os problemas com Cavendish e a equipa também deu os primeiros sinais que não estava tudo a correr sobre rodas. 2018 confirmou isso mesmo. Depois de 32 vitórias e 25 no ano seguinte, em 2018 as celebrações foram apenas sete, com Ben King a salvar a honra com as duas etapas na Vuelta. Ainda assim, muito pouco.
Com o vírus Epstein-Barr a limitar profundamente Cavendish, que tem passado muito tempo longe da competição, a equipa ainda assim renovou com o sprinter, que, no entanto, não consegue recuperar a boa forma. Ficou de fora da Volta a França, ainda que não tenha sido uma decisão consensual entre os directores da Dimension Data. Louis Meintjes regressou à estrutura em 2017, mas o filho pródigo tem mostrado uma pálida imagem do ciclista que foi quando apareceu na equipa e quando se mudou para a Lampre-Merida.
Para 2019, a Dimension Data anunciou que iria reduzir o número de africanos no seu plantel. Apesar de querer continuar a ajudar a evolução do ciclismo no continente, o director Doug Ryder também sabe que é necessário manter vivo o projecto através de bons resultados. Porém, as contratações não estão a render o esperado. Há um ano, na Astana, Michael Valgren venceu a Omloop Het Nieuwsblad e a Amstel Gold Race. Este ano anda "desaparecido" no pelotão. Giacomo Nizzolo, Enrico Gasparotto e Roman Kreuziger também pouco se mostraram, ainda que o primeiro, sprinter italiano, já tenha conseguido dar duas das seis vitórias de 2019 à Dimension Data (etapas em Omã e Volta à Eslovénia).
E depois ainda há uma incógnita: o que se passa com Ben O'Connor? O australiano apareceu de rompante na Volta aos Alpes em 2018, vencendo de forma brilhante uma etapa e estava muito bem no Giro até que uma queda o forçou a abandonar. Nunca mais se viu aquele Ben O'Connor que fez a equipa sonhar que tinha encontrado a sua futura referência. Tem apenas 23 anos, pelo que ainda se mantém a esperança.
Aliás, é na juventude que a equipa vai apostando. Este ano chegaram o suíço Gino Mäder (22 anos), o sul-africano Stefan de Bod (22) e o norueguês Rasmus Tiller (22). Estão a ser trabalhados para que em breve possam dar outro poderio à equipa. Para o ano foram anunciados já dois jovens talentos italianos Matteo Sobrero (22) e Samuele Battistella (20), que estão na equipa Continental do projecto sul-africano. Têm alcançado alguns pódios, pelo que para o ano serão dois dos ciclistas da Team NTT em quem se vai depositar alguma expectativa.
E pódios precisam-se, principalmente o primeiro lugar. O futuro de Cavendish poderá definir o caminho desta equipa. Apesar de ser visível o agradecimento que os responsáveis têm pelo que o britânico deu à formação, principalmente naquele primeiro ano, a incerteza quanto à sua forma física dado o problema de saúde, pesa cada vez. Ficar de fora do Tour é um sinal que poderá ser altura de as partes seguirem caminhos separados e assim libertar uma importante fatia do orçamento. De saída está mesmo Mark Renshaw. O eterno fiel lançador de Mark Cavendish vai retirar-se aos 37 anos (que fará em Outubro).
A aposta em jovens é sempre interessantes, mas serão necessários ciclistas com mais experiência e garantias. As licenças World Tour vão passar a ser atribuídas por três anos. Como o ranking só foi alterado este ano - deixou de ser World Tour e passou a incluir todas as equipas e reflecte os resultados dos últimos três anos -, ainda não terá peso na decisão. Mas se o regulamento não for alterado, já poderá influenciar as opções da UCI quando foram atribuídas as licenças para 2023/2025.
Quando havia o raking World Tour, a Dimension Data foi sempre a última classificada. Este ano é a novamente a pior classificada entre as formações do principal escalão, mas ainda é ultrapassada por três do escalão Profissional Continental: Cofidis, Wanty-Groupe Gobert e Total Direct Energie. Ou seja, ocupa a 21ª posição de um ranking liderado pela Deceuninck-QuickStep. A equipa belga soma 14669,07 pontos, a sul-africana 4543,01.
Edvald Boasson Hagen, Lars Ytting Bak, Steve Cummings, Reinardt Janse van Rensburg, Ben King, Roman Kreuziger, Giacomo Nizzolo, Michael Valgren são os ciclistas que estão no Tour. Vão aparecendo em fugas, Nizzolo lá tenta meter-se nos sprints sem ser uma ameaça aos favoritos. Quinta-feira é o dia Nelson Mandela. Ganhar uma etapa, qualquer etapa, seria óptimo. Ganhar num dia tão importante para os sul-africanos poderia ser aquele momento de viragem que a Dimension Data, futura Team NTT tanto precisa.
»»Dimension Data vai reduzir número de ciclistas africanos««
»»Corrida aos pontos. 23 equipas querem ser World Tour em 2020««
Mais do que o nome, é desportivamente que a equipa precisa urgentemente de mudanças. Quando subiu a World Tour, deixando a denominação MTN Qhubeka para ser a Dimension Data, a equipa sul-africana queria manter a sua génese de abrir as portas aos ciclistas daquele continente, não apenas do país. Contudo, claro que apostou também em ter pelo menos uma grande figura. Mark Cavendish procurava uma equipa na qual não tivesse concorrência interna para o estatuto de sprinter número um e correspondeu à milionária contratação da estrutura sul-africana com boas vitórias, quatro delas no Tour, ao que se juntou outra de Steve Cummings.
Em 2017, somou mais de 20 triunfos, Edvald Boasson Hagen venceu uma etapa no Tour e Omar Fraile no Giro, mas começavam os problemas com Cavendish e a equipa também deu os primeiros sinais que não estava tudo a correr sobre rodas. 2018 confirmou isso mesmo. Depois de 32 vitórias e 25 no ano seguinte, em 2018 as celebrações foram apenas sete, com Ben King a salvar a honra com as duas etapas na Vuelta. Ainda assim, muito pouco.
Com o vírus Epstein-Barr a limitar profundamente Cavendish, que tem passado muito tempo longe da competição, a equipa ainda assim renovou com o sprinter, que, no entanto, não consegue recuperar a boa forma. Ficou de fora da Volta a França, ainda que não tenha sido uma decisão consensual entre os directores da Dimension Data. Louis Meintjes regressou à estrutura em 2017, mas o filho pródigo tem mostrado uma pálida imagem do ciclista que foi quando apareceu na equipa e quando se mudou para a Lampre-Merida.
Para 2019, a Dimension Data anunciou que iria reduzir o número de africanos no seu plantel. Apesar de querer continuar a ajudar a evolução do ciclismo no continente, o director Doug Ryder também sabe que é necessário manter vivo o projecto através de bons resultados. Porém, as contratações não estão a render o esperado. Há um ano, na Astana, Michael Valgren venceu a Omloop Het Nieuwsblad e a Amstel Gold Race. Este ano anda "desaparecido" no pelotão. Giacomo Nizzolo, Enrico Gasparotto e Roman Kreuziger também pouco se mostraram, ainda que o primeiro, sprinter italiano, já tenha conseguido dar duas das seis vitórias de 2019 à Dimension Data (etapas em Omã e Volta à Eslovénia).
E depois ainda há uma incógnita: o que se passa com Ben O'Connor? O australiano apareceu de rompante na Volta aos Alpes em 2018, vencendo de forma brilhante uma etapa e estava muito bem no Giro até que uma queda o forçou a abandonar. Nunca mais se viu aquele Ben O'Connor que fez a equipa sonhar que tinha encontrado a sua futura referência. Tem apenas 23 anos, pelo que ainda se mantém a esperança.
Aliás, é na juventude que a equipa vai apostando. Este ano chegaram o suíço Gino Mäder (22 anos), o sul-africano Stefan de Bod (22) e o norueguês Rasmus Tiller (22). Estão a ser trabalhados para que em breve possam dar outro poderio à equipa. Para o ano foram anunciados já dois jovens talentos italianos Matteo Sobrero (22) e Samuele Battistella (20), que estão na equipa Continental do projecto sul-africano. Têm alcançado alguns pódios, pelo que para o ano serão dois dos ciclistas da Team NTT em quem se vai depositar alguma expectativa.
E pódios precisam-se, principalmente o primeiro lugar. O futuro de Cavendish poderá definir o caminho desta equipa. Apesar de ser visível o agradecimento que os responsáveis têm pelo que o britânico deu à formação, principalmente naquele primeiro ano, a incerteza quanto à sua forma física dado o problema de saúde, pesa cada vez. Ficar de fora do Tour é um sinal que poderá ser altura de as partes seguirem caminhos separados e assim libertar uma importante fatia do orçamento. De saída está mesmo Mark Renshaw. O eterno fiel lançador de Mark Cavendish vai retirar-se aos 37 anos (que fará em Outubro).
A aposta em jovens é sempre interessantes, mas serão necessários ciclistas com mais experiência e garantias. As licenças World Tour vão passar a ser atribuídas por três anos. Como o ranking só foi alterado este ano - deixou de ser World Tour e passou a incluir todas as equipas e reflecte os resultados dos últimos três anos -, ainda não terá peso na decisão. Mas se o regulamento não for alterado, já poderá influenciar as opções da UCI quando foram atribuídas as licenças para 2023/2025.
Quando havia o raking World Tour, a Dimension Data foi sempre a última classificada. Este ano é a novamente a pior classificada entre as formações do principal escalão, mas ainda é ultrapassada por três do escalão Profissional Continental: Cofidis, Wanty-Groupe Gobert e Total Direct Energie. Ou seja, ocupa a 21ª posição de um ranking liderado pela Deceuninck-QuickStep. A equipa belga soma 14669,07 pontos, a sul-africana 4543,01.
Edvald Boasson Hagen, Lars Ytting Bak, Steve Cummings, Reinardt Janse van Rensburg, Ben King, Roman Kreuziger, Giacomo Nizzolo, Michael Valgren são os ciclistas que estão no Tour. Vão aparecendo em fugas, Nizzolo lá tenta meter-se nos sprints sem ser uma ameaça aos favoritos. Quinta-feira é o dia Nelson Mandela. Ganhar uma etapa, qualquer etapa, seria óptimo. Ganhar num dia tão importante para os sul-africanos poderia ser aquele momento de viragem que a Dimension Data, futura Team NTT tanto precisa.
»»Dimension Data vai reduzir número de ciclistas africanos««
»»Corrida aos pontos. 23 equipas querem ser World Tour em 2020««
Sem comentários:
Enviar um comentário