6 de julho de 2019

Uma surpresa para começar e o fim de uma espera de 30 anos

(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Durante semanas Mike Teunissen treinou, juntamente com os restantes membros do comboio de Dylan Groenewegen, para que o sprinter vestisse a primeira camisola amarela da 106ª edição da Volta a França. Era um objectivo mais do que assumido. Já se sabe que os planos podem rapidamente ir por água abaixo e os da Jumbo-Visma pareciam ter mesmo terminado na queda já perto da meta. Nem Groenewegen, nem Wout van Aert para disputar a etapa. Porém, nada melhor do que começar o Tour com uma surpresa e na perspectiva da equipa holandesa, tudo acabou bem. O lançador ganhou, vestiu a amarela e fez a história que se procurava.

Há 30 anos que um holandês não vestia a camisola amarela. Erik Breukink foi o último quando Teunissen ainda nem era nascido (tem 26 anos). O ciclista teve o discernimento de, mesmo a grande velocidade, manter a sua posição, apesar de não ter a certeza se Groenewegen tinha caído. O sprinter entrou nos últimos quatro/cinco quilómetros mal colocado e na ânsia de recuperar, houve uns toques e o holandês caiu, levando outros ciclistas com ele. Geraint Thomas (Ineos) não ganhou para o susto. O vencedor do Tour de 2018 levantou-se, terminou e está tudo bem, mas começa a corrida como Chris Froome arrancou há um ano: a cair...

Na frente ficaram os sprinters, mas nada de grave para os restantes ciclistas que caíram ou ficaram cortados, já que o incidente aconteceu dentro dos três quilómetros finais. Peter Sagan e a Bora-Hansgrohe pareciam ter feito tudo bem. Este Sagan sim, é mais perto da melhor versão Sagan que se conhece. Foi à procura dos pontos nos sprints intermédios e a vitória de etapa escapou-lhe num lançamento da bicicleta. Aí ganhou um Teunissen que foi um plano C que não se pensaria existir para a Jumbo-Visma. Nem o próprio imaginou.

(Fotografia: © ASO)
"[Depois da queda de Groenewegen] pensei que ainda aqui estava, ainda estava fresco, por isso, poderíamos tentar. Vi todos a morrer nos últimos metros, até estava a apanhar o Sagan. Ganhei sobre a linha e é para além da imaginação. É inacreditável", afirmou um incrédulo Teunissen. Sonhar conquistar uma etapa no Tour naturalmente que o fez, mas quando está tanto tempo a preparar para ajudar um colega e de repente vencer e ainda vestir a amarela no Tour, foi, naturalmente emocional e muito especial.

Teunissen tem feito a sua carreira na estrutura da Jumbo-Visma, desde a equipa de desenvolvimento, então com o nome Rabobank. Não é um desconhecido. É bom nas clássicas - foi segundo na Através da Flandres em 2018 e sétimo no Paris-Roubaix já este ano, por exemplo -, também se adapta a provas curtas por etapas como os Quatro Dias de Dunquerque e o ZLM Tour, que venceu esta temporada. Os 194,5 quilómetros da primeira etapa que terminaram e começaram em Bruxelas, trouxeram a Teunissen um momento marcante na carreira. Contudo, o seu primeiro pensamento foi para Groenewegen, na esperança que tudo esteja bem com o seu líder para os próximos sprints, pois há mais para disputar.

Caleb Ewan (Lotto Soudal) foi terceiro na sua estreia no Tour e é o líder da juventude, com Greg van Avermaet (CCC) a aproveitar a primeira fase da etapa ser muito ao estilo de uma clássica belga, para conquistar os pontos necessários para vestir a camisola da montanha. Teunissen fica com a amarela e com a verde, que irá "emprestar" a Sagan, que tão bem sabe o que é vesti-la, já que a venceu seis vezes e está à procura da sétima, que será um recorde.

Um dia no Tour sem incidentes seria estranho e se Thomas não teve o início perfeito, pior ficou Jakob Fuglsang. Caiu, num momento anterior ao dos quilómetros finais, e ainda teve de fazer um contra-relógio com os companheiros para reentrar no grupo da frente, enquanto sangrava do sobrolho. Teve de levar quatro pontos. As radiografias comprovaram não haver fracturas no joelho, cotovelo e ombro, onde ficou maltratado. No entanto, uma ecografia detectou uma contusão muscular no joelho, pelo que irá tentar perceber nos próximos dias como estará a sua condição física, segundo um comunicado da equipa.

Azar para o líder da Astana que está a realizar uma temporada fantástica, com vitórias na Liège-Bastogne-Liège e Critérium du Dauphiné, além de outras exibições de grande nível.

A equipa cazaque teve um treino forçado para o contra-relógio deste domingo na recuperação de Fuglsang. O pelotão do Tour vai continuar por Bruxelas para 27,6 quilómetros que podem fazer uma primeira "arrumação" entre os homens que lutam pela geral. A Jumbo-Visma até tem condições para manter a amarela, tendo em conta que traz uma equipa com potencial para especialidade, muito a pensar em Steven Kruijswijk. Tony Martin pode não ser o ciclista de outros tempos, mas dá indicações que recuperou alguma confiança perdida ao mudar-se para a formação holandesa. Será um ciclista essencial, se a Jumbo-Visma quiser continuar na liderança, num ano muito positivo, pois já tinha começado a Volta a Itália com a camisola, neste caso, rosa, através de Primoz Roglic.

De referir que os três portugueses em prova terminaram com o tempo do vencedor: Nelson Oliveira (Movistar) foi 94º, José Gonçalves (Katusha-Alpecin) 102º e Rui Costa (UAE Team Emirates) 120º.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

2ª etapa: Bruxelas Palácio Real - Bruxelas Átomo, 27,6 quilómetros  (contra-relógio por equipas) - Horário de partida por baixo da imagem.


13:30 (hora portuguesa): Ineos
13:35 Arkéa-Samsic
13:40 Astana
13:45 Groupama-FDJ
13:50 AG2R
13:55 Movistar
14:00 Total Direct Energie
14:05 CCC
14:10 UAE Team Emirates
14:15 Trek-Segafredo
14:20 Katusha-Alpecin
14:25 Cofidis
14:30 Dimension Data
14:35 Sunweb
14:40 Bora-Hansgrohe
14:45 Lotto Soudal
14:50 Mitchelton-Scott
14:55 Bahrain-Merida
15:00 EF Education First
15:05 Deceuninck-QuickStep
15:10 Wanty-Group Gobert

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