(Fotografia: © Kathrin Schafbauer/Katusha-Alpecin) |
Aí está a equipa com futuro incerto além de 2019. Nos últimos anos algumas equipas têm chegado a esta fase da temporada com a corda da garganta quanto à sua continuidade e agora é a vez da Katusha-Alpecin. O director da estrutura, José Azevedo, assumiu a incerteza, sendo que talvez no primeiro dia de folga da corrida seja possível perceber se a equipa vai ou não prosseguir na próxima temporada. O grande problema estão nas possíveis iminentes saídas da Canyon, marca das bicicletas, e da Alpecin, cujos contratos terminam no final do ano, com as atenções a centrarem-se na aposta da nova estrela do ciclismo: Mathieu van der Poel.
Desde que tomou de assalto a época de clássicas, que o holandês tem sido assunto quanto à pretensão de equipas World Tour em contratá-lo. O próprio tem referido que quer permanecer na Corendon-Circus, equipa que este ano subiu a Profissional Continental, com a qual tem contrato até 2022. Mas houve sempre outra influência que se tinha de ter em conta: a Canyon. Ficou bem claro como a marca estava a apostar neste ciclista, com as campanhas publicitárias a serem reforçadas. Há uma semana não restaram mais dúvidas que a Canyon passaria a ter uma palavra a dizer no futuro de Van der Poel, ao torná-lo embaixador da marca para os próximos quatro anos.
A Deceuninck-QuickStep era uma pretendente, com a Specialized certamente a adorar poder juntar Van der Poel a outra grande estrela, ainda que da Bora-Hansgrohe, Peter Sagan. Mas a Canyon não vai deixar escapar uma autêntica mina de ouro. O Tuttobici escreveu que a marca irá abandonar a Katusha-Alpecin para assim ganhar maior fulgor financeiro para investir na Corendon-Circus e ajudar a equipa a aumentar a sua qualidade e com o World Tour eventualmente em perspectiva. A Canyon está representada no principal escalão também com a Movistar.
Segundo publicações como o Cycling News e o Cycling Weekly, a Alpecin poderá reforçar o projecto da Corendon-Circus, o que deixa a Katusha dependente do seu magnata russo, Igor Makarov, ainda que não esteja confirmado oficialmente o interesse da Alpecin na equipa de Van der Poel.
Segundo publicações como o Cycling News e o Cycling Weekly, a Alpecin poderá reforçar o projecto da Corendon-Circus, o que deixa a Katusha dependente do seu magnata russo, Igor Makarov, ainda que não esteja confirmado oficialmente o interesse da Alpecin na equipa de Van der Poel.
José Azevedo admitiu ao Cycling News que a situação é incerta, mas garantiu que não está preocupado e que apenas está a pensar na Volta a França: "De momento não posso dizer nada sobre o futuro. Por agora temos 10 ciclistas com contrato [para 2020]. Ainda não começámos a preparar 2020." As renovações estarão por agora suspensas, como é o caso de Ilnur Zakarin, que terá a CCC interessada em contratá-lo. Os portugueses José Gonçalves e Ruben Guerreiro também estão em final de contrato.
O nome Katusha chegou ao ciclismo em 2009 e inicialmente o projecto quis abrir portas aos ciclistas russos, mas não as fechando a estrangeiros, de forma a garantir resultados. Joaquim Rodríguez tornou-se na grande figura quando assinou em 2010 e a sua saída, em 2016, acabou por coincidir com a queda de resultados e exibições da equipa. Numa altura em que quis cortar, não totalmente, mas quase, com as raízes russas, passando inclusive a ter uma licença suíça, a estrutura não se consegue apresentar competitiva praticamente em nenhum terreno.
Ilnur Zakarin está longe de confirmar expectativas na luta pela geral nas três grandes voltas - ainda esta segunda-feira deu um trambolhão na classificação do Tour, estando a 4:11 minutos de Julian Alaphilippe -, com o pódio na Vuelta de 2017 a saber a muito pouco. A vitória de etapa no Giro foi espectacular, mas exige-se mais do russo, cujo o 10º lugar na geral ficou aquém do esperado. Depois houve a aposta falhada a nível desportivo e principalmente financeiro em Marcel Kittel. O sprinter somou três vitórias pela equipa em ano e meio, tendo rescindido em Maio para gozar uma sabática e recuperar a motivação e vontade de competir ao mais alto nível.
A campanha de clássicas de Nils Pollit animou um pouco a formação de Azevedo, que rapidamente começou a falar em construir um conjunto em redor do alemão. Mas a verdade, é que apesar de algum poderio financeiro, a Katusha-Alpecin não conseguiu construir uma equipa forte, nem ao conseguir atrair um Kittel - que se revelou ter sido uma escolha completamente errada, apesar de ter realizado antes uma temporada sensacional na então QuickStep-Floors - e antes um Tony Martin, que saiu da mesma equipa e que eclipsou-se por completo na Katusha-Alpecin. Está agora na Jumbo-Visma e a muito melhor nível.
Em 2019, são apenas cinco vitórias: Marcel Kittel no Trofeo Palma (Espanha), Rick Zabel na segunda etapa da Tour de Yorkshire (Grã-Bretanha), Ilnur Zakarin na 13ª etapa da Volta a Itália, tendo sido 10º na geral e os títulos nacionais de contra-relógio para Alex Dowsett - outra contratação que tem rendido muito abaixo do esperado - e José Gonçalves - este sim, um ciclista que nos dois anos em que está na equipa tem estado em destaque.
Makarov poderá manter o patrocínio, mas também poderá significar um investimento bem menor e uma inevitável mudança quanto ao nível dos ciclistas. Por agora fica o ponto de interrogação, esperando-se para ver se a Katusha-Alpecin conseguirá sobreviver tal como aconteceu recentemente com estruturas como a actual EF Education First ou a BMC que agora é CCC. Mesmo a Deceuninck-QuickStep atravessou algumas dúvidas por falta de um patrocinador principal, ainda que não tenha estado em causa a continuidade da equipa belga, como poderá ser o caso da Katusha-Alpecin.
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