14 de julho de 2019

Ineos mostra ao que vem no passeio de domingo do Tour

(Fotografia: © ASO/Alex Broadway)
Não houve um aproveitamento do ímpeto da etapa de sábado. Houve apenas um tímido ataque que a Ineos disse bem alto: nem pensar, daqui ninguém sai! Foi um autêntico passeio de domingo para o pelotão, em dia de feriado nacional em França. O 14 de Julho não teve o final feliz que se queria no país, pois foi um sul-africano a vencer e não um ciclista da casa, ainda que fique a alegria de ser um francês que esteja vestido de amarelo. A saga de Julian Alaphilippe continua.

Com oito dias nas pernas e com a folga "adiada" nesta edição para terça-feira, os candidatos optaram por um dia mais calmo, em ritmo de recuperação, pelo que foi permitida uma fuga de 14 ciclistas, a que se juntou mais tarde Marc Soler (Movistar). Rui Costa também foi à procura da frente da corrida, mas demasiado tarde e o português da UAE Team Emirates até acabaria por ser um dos destaques do dia pelo desentendimento com a Deceuninck-QuickStep.

Nicolas Roche (Sunweb), Edvald Boasson Hagen (Dimension Data), Oliver Naesen (AG2R) foram alguns dos ciclistas na fuga, em representação de equipas que estão a passar ao lado do Tour até ao momento. Anthony Delaplace (Arkéa Samsic) e Romain Sicard (Total Direct Energie) representavam as aspiração francesa no Dia da Bastilha. Porém, foi Daryl Impey quem alcançou uma "vitória mágica", nas suas palavras. O campeão sul-africano da Mitchelton-Scott conquistou, aos 34 anos, a sua primeira vitória numa grande volta a título individual, sem esquecer que em 2013 tornou-se no primeiro ciclista do continente africano a vestir a camisola amarela no Tour, dois dias depois da equipa ter ganho o contra-relógio colectivo.

(Fotografia: © ASO/Pauline Ballet)
Impey bateu ao sprint Tiesj Benoot (Lotto Soudal), os dois sobreviventes de uma fuga que se foi desfazendo com o aproximar e durante a última subida do dia, que terminava a cerca de 13 quilómetros da meta. Daryl Impey - vencedor do Tour Down Under - não é o primeiro sul-africano a vencer uma etapa no Tour porque Robert Hunter fê-lo em 2007.

O pelotão chegou 16:25 minutos depois! Descansado e em ritmo de passeio. O momento de alguma acção aconteceu na tal última subida de Côte de Saint-Just. 3,6 quilómetros, com 7,2% de pendente média. A etapa de 170,5 quilómetros acabava em Brioude, terra de Romain Bardet. Quase que parecia mal se o corredor da AG2R não se mostrasse. Está com mais de dois minutos de atraso para Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), o líder entre os candidatos, e até tem mesmo de fazer algo para melhorar a sua delicada situação, se quer pelo menos o top dez.

Porém, este domingo, foi mais uma questão de honra para Bardet. Atacou e levou com ele um Richie Porte (Trek-Segafredo) e George Bennett (Jumbo-Visma) mais curiosos para ver o que dava, do que propriamente convictos em ajudar Bardet, também ele não muito crente que a mexida ira ter resultados práticos. Foi então que apareceu a Ineos.

A equipa britânica tem gerado alguma desconfiança. Na etapa de La Planche des Belles Filles ficou com poucos ciclistas na ajuda aos líderes, não tem Chris Froome e Geraint Thomas já caiu duas vezes, ainda que na tirada referida tenha mostrado que poderá mesmo estar em boa forma. Este sábado, mesmo só com quatro corredores na frente, com os restantes já a pensar em poupar força para os outros dias, a Ineos meteu aquele conhecido ritmo, ainda que não fundo (não era necessário tanto), com Michal Kwiatkowski a perseguir o trio e a partir o pelotão. Basicamente quem não está com altas aspirações à geral não se esforçou para seguir o ritmo da Ineos.

Foi uma pequena demonstração daquela forma de controlar o Tour tão típica da antiga Sky, agora com novo nome. Já na edição passada houve momentos em que a equipa não foi tão dominadora como em anos anteriores e em 2019 vê os seus rivais mais confiantes numa possível debilidade dada ausência de Froome, a voz de comando.


Depois de Thomas ter dito presente em La Planche des Belles Filles, a Ineos também tenta passar a mensagem que está preparada para mais uma dose de domínio. Será? A partir da próxima quinta-feira já se perceberá bem como estará esta equipa britânica.

Quanto a Rui Costa, não mediu bem o tempo de saída do pelotão para perseguir a frente da corrida. Nem parece do ciclista, bem conhecido por ser dos melhores a nível táctico. Já era mais de minuto e meio para recuperar, mas o desentendimento com a Deceuninck-QuickStep aconteceu porque tentou escapar quando Julian Alaphilippe, o camisola amarela, tinha parado para urinar e o pelotão estava também por isso num ritmo mais calmo. Caiu mal à equipa belga.

O português não conseguiu chegar à frente, apesar de ter estado com os ciclistas da fuga à vista. Porém, aqueles 25 segundos que faltavam foram intransponíveis. Desistiu da ideia e ao ser apanhado pelo pelotão houve uma troca de palavras com Max Richeze, companheiro de Alaphilippe. Acabou por ser uma etapa frustrante para Rui Costa que terá de procurar outra oportunidade para tentar ganhar um tirada.

Classificações completas, via ProCyclingStats.

10ª etapa: Saint-Flour - Albi, 217,5 quilómetros



Com o dia de descanso a ser muito bem-vindo, ainda faltam 217,5 quilómetros! Feitas as contas, são 21 etapas, a última de consagração, o que significa que metade do Tour ficará fechado, sem que tenha havido pausas, a não ser que se conte o ritmo de passeio deste domingo!

Com uma quarta categoria e três terceiras e mais algum sobe e desce, a etapa não será fácil para os sprinters já algo desgastados. Ainda assim, há a oportunidade para discutirem a etapa, mas também não é de afastar que uma fuga possa voltar a triunfar. Vai muito depender das forças dos sprinters e das suas equipas, que podem eventualmente pensar que quarta-feira o dia é bem mais ao jeito dos homens mais rápidos.




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