30 de julho de 2019

Ciclistas a seguir... além dos da W52-FC Porto

Volta a Portugal começa esta quarta-feira (Fotografia: © Podium/Paulo Maria)
A ausência de Raúl Alarcón dá um imediato destaque a uma equipa que tem dominado a Volta a Portugal nos últimos seis anos. A W52-FC Porto é notícia ainda antes da corrida começar e continua a ser a mais forte candidata a ser notícia quando a Volta terminar. Mas, ainda antes de se confirmar a ausência do vencedor das últimas edições, havia uma expectativa de ser uma edição um pouco mais competitiva e há um responsável para se pensar assim: Joni Brandão. A forma do líder Efapel tem-se traduzido numa época de muitas vitórias, além da equipa, na generalidade, apresentar-se mais forte do que em anos anteriores.

Haverá mais candidatos? O Sporting-Tavira aposta forte em Tiago Machado, com José Mendes a ser outra possibilidade, enquanto a Aviludo-Louletano espera que Vicente García de Mateos seja novamente candidato a pelo menos um pódio e conquiste alguma etapa. A luta pela geral poderá não ter uma lista extensa, mas há mais ciclistas a seguir nesta Volta, além da poderosa W52-FC Porto, que mesmo sem Raúl Alarcón, continua a apresentar um bloco muito forte e com mais do que um candidato a líder, como foi ontem aqui referido (pode ler o texto neste link).

De referir que além da saída de última hora da lista de inscritos de Alarcón, também Rinaldo Nocentini foi substituído por David Livramento no Sporting-Tavira. O colombiano Robinson Chalapud não vai participar pela equipa Medellin, depois de ganhar a Volta ao Lago Qinghai, na China. A formação sul-americana vai mesmo competir com menos um ciclista.

Joni Brandão (29 anos): Chega à Volta com seis vitórias esta temporada, das nove da Efapel. O regresso à equipa foi o que a carreira do ciclista precisava, depois de dois anos menos conseguidos no Sporting-Tavira, também marcados por um problema de saúde. Esses tempos difíceis estão para trás e Joni não vai à procura de estar novamente no pódio: quer ganhar. Duas questões: perante a boa forma já apresentada, o pico será mesmo na Volta? Se sim, então será um fantástico Joni, tendo em conta o que já fez esta época; vai a Efapel estar à altura de uma W52-FC Porto no apoio ao líder? É um conjunto equilibrado, com  Henrique Casimiro e Sérgio Paulinho, a mostrarem estarem bem no teste final que foi o Troféu Joaquim Agostinho (primeiro e terceiro classificado).

Vicente García de Mateos (30): Dois terceiros lugares, duas classificações dos pontos e etapas ganhas, três no ano passado. O espanhol da Aviludo-Louletano tem de estar entre os candidatos, ainda que 2019 não tenha sido um ano com exibições tão convincentes como em temporadas anteriores, principalmente a nível de discussão de vitórias. Porém, somou alguns top dez e o plano passou mesmo por apostar tudo na Volta  a Portugal. No mínimo é para repetir 2017 e 2018, mas na equipa algarvia sonha-se sempre com algo mais.

Tiago Machado (33): Nunca escondeu que gostaria de regressar a Portugal e tentar ganhar a Volta. Finda a carreira lá fora, escolheu o Sporting-Tavira para ser o líder, mas está longe de ser um ciclista ganhador e pouco tem aparecido na discussão das corridas. Ainda assim surge como número um da formação de Vidal Fitas, que conta com um motivado José Mendes (34). Sagrou-se campeão nacional pela segunda vez em Melgaço e está mais confiante. Poderá ser um plano B (ou mesmo A) muito viável, caso Machado não confirme o seu estatuto de líder na estrada. O Sporting-Tavira precisa desesperadamente de bons resultados. A relação com o clube de Alvalade poderá terminar no final desta temporada, na qual a equipa somou apenas dois triunfos. Além do título nacional, César Martingil venceu a Clássica da Primavera, em Março. Vitórias precisam-se!

Luís Mendonça (33): Correu o risco de ficar de fora da Volta devido à utilização de uma substância no tratamento a um joelho. No entanto, a decisão da Autoridade Antidopagem de Portugal chegou a tempo de permitir que o ciclista da Rádio Popular-Boavista fosse inscrito. É um homem para caçar etapas. Tem trabalhado muito a montanha para não se limitar a discutir ao sprint, ainda que não seja ciclista para lutar pela geral. Esse será João Benta (32), tão habituado ao top dez, mas ainda à procura do pódio. Mendonça tem tendência a não passar despercebido, agora falta saber como irá apresentar-se Benta, ciclista sempre com potencial para fazer algo de nota.

João Matias (28): A sua estreia na Volta, há dois anos, ficou marcada por andar vários dias com a camisola da montanha. Uma surpresa, até para o ciclista, que entretanto dedicou-se à sua especialidade: tentar ganhar etapas mais ao sprint. Ainda não alcançou a vitória, mas em pouco tempo tornou-se num ciclista respeitado no pelotão e que não vira a cara à luta. Faz da determinação uma arma muito forte e a sua "escola" de pista também tem influência no ciclista que é hoje. Atenção a Óscar Pelegrí. É ciclista para entrar em fugas, adaptando-se bem a certas subidas, sendo mais uma opção para a Vito-Feirense-PNB.

Domingos Gonçalves (30): Regressou à Caja Rural, mas uma queda na Volta à Catalunha estragou-lhe parte da temporada. Está em contra-relógio para obter bons resultados e será precisamente nesta especialidade que poderá começar por apostar para tentar ganhar uma etapa (é bicampeão nacional, tendo o irmão, José,lhe "tirado" o título este ano), mas certamente que se verá Domingos em ataques e fugas, que há um ano foi uma táctica que lhe rendeu uma vitória em Boticas.

Mario Gonzalez (27): Nome conhecido do ciclismo nacional depois de três anos no Sporting-Tavira. O espanhol está agora na Euskadi-Murias e regressa com a possibilidade de procurar um resultado próprio e não ficar preso ao trabalho de gregário. Se passar bem a etapa da Torre, Gonzalez poderá entrar na luta por um top dez.

Fabio Duarte (33): Apesar da equipa Medellin contar com Óscar Sevilla, que aos 42 anos não pára de alcançar bons resultados, como o segundo lugar na China há três dias, ainda assim, não é o espanhol de quem mais se espera. Fabio Duarte foi considerado um colombiano de grande potencial, mas nunca conseguiu dar o salto para o mais alto nível do ciclismo. Ainda assim, na primeira metade da década ficou perto de ganhar etapas no Giro e na Vuelta. Se estiver bem é um ciclista a ter em conta, mas poderá ter o mesmo problema de Sevilla: acabou de chegar da China e mal teve tempo para se adaptar a Portugal.

Brice Feillu (34): É impossível deixar de fora este francês. É um vencedor de uma etapa da Volta a França, em 2009, num dia com final em Andorra. Tem muita experiência de grandes voltas, tendo feito sete Tours e um Giro, apesar de ter representado equipas do segundo escalão. Em 2011 esteve no World Tour ao serviço da Leopard Trek. Está numa fase de menos fulgor da carreira, mas não significa que não possa ir atrás de um bom resultado até porque conhece a Volta a Portugal. Será a sua terceira participação. Depois da estreia em 2008, o destaque vai para 2012, quando foi sexto na geral, a 1:57 minutos do vencedor David Blanco (Efapel). Então representou a Saur-Sojasun, vestindo agora as cores da Arkéa-Samsic, equipa que procura subir ao World Tour e que viu no último domingo Warren Barguil ser 10º no Tour. A Arkéa-Samsic não trouxe a sua melhor equipa, mas tem ciclistas a querer mostrar serviço.

Prólogo (31 de Julho): Viseu - Viseu, 6 km (contra-relógio individual)


A Volta a Portugal arranca com o habitual prólogo. Há sempre potencial de alguém perder alguns segundos, pelo que o objectivo passa muito por evitar percalços, mas não se pode ir com a mãos nos travões.


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