A espera está prestes a terminar. O pelotão nacional sai para a estrada neste domingo, com a região de Aveiro a receber mais uma vez a primeira corrida do ano. Tudo começará em Sever do Vouga, com Estarreja à espera de conhecer quem irá estrear-se no calendário português de 2019 com uma vitória. Há um ano, Tiago Machado arrancou para uma exibição bem ao seu estilo, com uma fuga de 80 quilómetros. Este ano, o ciclista acaba por ser uma das novidades, pois está de regresso em definitivo a Portugal. Em 2018 representou a selecção nesta corrida, agora veste as cores do Sporting-Tavira. Com as primeiras pedaladas oficiais a aproximarem-se - só a equipa algarvia e a W52-FC Porto já arrancaram a temporada no estrangeiro -. o que se pode esperar desta época?
Nos últimos anos tem sido a W52-FC Porto a dominar, com as restantes equipas a fazerem o possível para se aproximarem da qualidade e poderio da formação do Sobrado. 2019 não será diferente, mas com a equipa de Nuno Ribeiro a surgir com responsabilidade acrescida. Concretizou o desejo de subir a Profissional Continental, o que significa que a ambição começa a ganhar mais força também além fronteiras. No entanto, ficou a garantia do director desportivo que as corridas portuguesas continuarão a ser aposta e, claro, que a Volta a Portugal estará no topo dos objectivos.
A equipa tem mais quatro ciclistas comparativamente com 2018, algo normal visto que o regulamento prevê plantéis maiores para quem está no segundo escalão. São 16 ao todo. A W52-FC Porto manteve a espinha dorsal, cuja experiência será importante para atacar corridas de outro nível. A Raúl Alarcón, Gustavo Veloso, António Carvalho e Rui Vinhas, por exemplo, juntaram-se Edgar Pinto e Daniel Mestre, tendo "recuperado" Joaquim Silva e Rafael Reis. No caso de Pinto e Mestre, Nuno Ribeiro foi buscar dois ciclistas que eram essenciais em equipas rivais, Vito-Feirense-BlackJack e Efapel, respectivamente. Do Miranda-Mortágua chegam Francisco Campos e Jorge Magalhães, dos jovens promissores, que terão outra estrutura para evoluir. De salientar que os reforços são todos portugueses.
Nuno Ribeiro tem uma equipa equilibrada, com várias escolhas para lideranças e para corredores de apoio, o que faz com que possa disputar qualquer corrida, seja que ciclistas escolher. Um luxo que dificilmente outra equipa terá.
Sporting-Tavira e Efapel partem como as formações que muito se mexeram no mercado de transferências para tentar quebrar o domínio azul e branco. A equipa algarvia até venceu o ranking nacional em 2018, colectiva e individualmente, com Joni Brandão. Porém, o ciclista regressou à Efapel, o que deixou Vidal Fitas à procura de um líder. Tiago Machado está então de regresso após de nove anos ao mais alto nível no World Tour, com a passagem de uma época por uma equipa Profissional Continental. Também José Mendes está de volta, formando uma dupla com muita experiência, para juntar a Alejandro Marque e a um Rinaldo Nocentini que tanto nem se dá por ele, como aparece na frente.
Frederico Figueiredo é um senhor regularidade que a equipa não pode abdicar, tendo ainda chegado César Martingil para o sprint. As atenções irão centrar-se muito em Tiago Machado e se conseguirá "mudar o chip" de gregário para líder, algo que Sérgio Paulinho tentou há dois anos, mas não teve o sucesso desejado na Efapel. Por isso, o Sporting-Tavira começa a época envolto numa incógnita, ainda que não existam dúvidas que Machado vai andar muito na luta por vitórias noutras corridas, antes de se começar a pensar na Volta a Portugal.
Ao recuperar Joni Brandão, Américo Silva ganha novo fôlego na Efapel. A aposta em Sérgio Paulinho não resultou e Henrique Casimiro foi melhorando no papel de co-líder, mas a equipa não discutiu a Volta a Portugal como queria. Contudo, sem dúvida que poderá ser um trio muito interessante, se estiver em forma. A saída de Daniel Mestre é um rude golpe, visto ser um ciclista que deu vitórias à equipa, mas esta Efapel está feita para dar o tudo por tudo para ter o prémio máximo no ciclismo nacional: a Volta!
Da Rádio Popular-Boavista é de esperar o que se tem visto em épocas recentes. É uma equipa montada para atacar todo o tipo de corridas, com Luís Mendonça a preencher a vaga deixada por Domingos Gonçalves. O ciclista saiu da Aviludo-Louletano-Uli para poder ser líder, sem ficar na sombra de Vicente García de Mateos e já se sabe que a característica de lutador é a que lhe é mais conhecida. No entanto, não será fácil fazer esquecer o gémeo de Barcelos, que em 2018 conquistou seis vitórias. Mendonça ficou com a Volta ao Alentejo, num dos momentos mais marcantes do ano.
Sem Mendonça, Jorge Piedade quer tentar manter a Aviludo-Louletanto, ou LudoFoods-Louletano, como equipa ganhadora. Tem sido quem mais luta tem dado à W52-FC Porto na Volta, conquistando outros triunfos importantes durante o ano. Vicente García de Mateos continua como líder, com Nuno Meireles e Ricardo Vale a chegarem para tentar reforçar o bloco de apoio ao espanhol, algo essencial se quiser estar na disputa por mais do que o pódio na Volta. Mas, tal como em anos anteriores, terá ciclistas para procurar mais triunfos durante a época, esperando que o reforço Leonel Coutinho reencontre a sua melhor forma para apostar nos sprints.
A Vito-Feirense-PNB irá atribuir a João Matias ainda mais responsabilidade. Sem Edgar Pinto, Joaquim Andrade ficou sem o seu principal líder. A equipa concentrar-se-á mais em procurar vitórias em provas de um dia ou etapas, sem pensar tanto em classificações gerais. Ainda assim, o espanhol Óscar Pelegrí poderá assumir esse papel. A equipa contará ainda com um dos ciclistas mais populares do pelotão: Filipe Cardoso é um dos reforços. Apesar da questão do produto para a asma que lhe valeu uma suspensão, Xuban Errazkin, o melhor jovem da Volta renovou e pode assumir maior destaque.
Quanto às três equipas Continentais sub-25, o Miranda-Mortágua sofreu uma verdadeira revolução e a agora UD Oliveirense-InOutBuild terá o plantel possível dada as dificuldades que enfrentou no final da época passada, ao perder os seus dois patrocinadores: Liberty Seguros e Carglass. Venceslau Fernandes, vencedor da Volta a Portugal do Futuro, ficou e irá ser uma das figuras de uma equipa muito jovem, mas com talento a explorar.
O facto de serem equipas que formam jovens corredores, também faz com que alguns acabem por mudar-se para outras estruturas, como aliás, é esperado. Ambas tentarão aparecer na frente, mostrar os patrocinadores e claro, espreitar uma surpresa e vencer. Apostarão ainda nas corridas de sub-23.
O facto de serem equipas que formam jovens corredores, também faz com que alguns acabem por mudar-se para outras estruturas, como aliás, é esperado. Ambas tentarão aparecer na frente, mostrar os patrocinadores e claro, espreitar uma surpresa e vencer. Apostarão ainda nas corridas de sub-23.
A LA Alumínios-LA Sport, tal como o Miranda-Mortágua, apresenta igualmente muitas mudanças. Hernâni Brôco foi buscar um homem mais experiente, mas ainda jovem, António Barbio. No entanto, "agarrou" alguns ciclistas que se estão a destacar como sub-23 e até juniores, caso de Rodrigo Caixas, por exemplo, que ainda este sábado conquistou a Taça de Portugal na vertente de omnium (ciclismo de pista), no escalão de elite. Marvin Scheulen, André Ramalho (dois corredores que "sobem" depois de se destacarem na Sicasal-Constantinos e na Jorbi-Team José Maria Nicolau, respectivamente) e André Crispim têm condições para tentar obter mais resultados à equipa.
A pergunta repete-se ano após ano: quem bate a W52-FC Porto? A vida não será fácil para as equipas rivais, mas de que vale estar no ciclismo se não se gosta de um bom desafio?!
2019 fica desde logo marcado por Portugal ter, dez anos depois uma equipa no segundo escalão e pela estreia de bicicletas com travões de disco (KTM), por parte do Sporting-Tavira.
A época começa este domingo, com a partida da Prova de Abertura Região de Aveiro em Sever do Vouga, às 12:00. A meta estará em Estarreja, com a previsão de chegada a ser perto das 16 horas. O pelotão passará por Albergaria-a-Velha (12:30), Águeda (13:00), Oliveira do Bairro (13:15), Anadia (13:30), Vagos (14:05), Ílhavo (14:10), Aveiro (14:20), Estarreja (primeira passagem na meta, 14:50), Ovar (15:05) e Murtosa (15:30). Serão 162,4 quilómetros.
Além das equipas Continentais, estarão presentes as de clube e a selecção nacional: ACDC Trofa/Trofense, Crédito Agrícola-Jorbi-Almodôvar, Fortunna-Maia, Gondomar Cultural, Jorbi-Team José Maria Nicolau e Sicasal-Constantinos. A selecção contará com os gémeos Oliveira, Ivo e Rui (UAE Team Emirates), Miguel do Rego (CM Aubervilliers) e pelos homens do BTT José Dias e Tiago Ferreira (DMT Racing Team).
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