14 de fevereiro de 2019

'Il Pirata' morreu há 15 anos

(Fotografia: Aldo Bolzan/Wikimedia Commons)
Anos, décadas hão-de passar e o nome de Marco Pantani perdurará como um dos melhores da história. Mais do que um excelente ciclista, com a montanha como especialidade, o italiano tinha a capacidade animar qualquer corrida. Com ele era espectáculo garantido. A forma como pedalava, sempre com as mãos em baixo no guiador, como atacava, elegante, destemido, parecia tornar fácil as subidas nas quais tantos outros sofriam. Nunca passava despercebido, até porque ou a sua careca ou o lenço, mais os brincos, a certa altura a barbicha, era impossível não dar por ele. Percebe-se porque ficou conhecido como "Il Pirata". Há 15 anos a sua trágica morte contribuiu para alimentar ainda mais a sua lenda. Tinha apenas 34 anos. Uma idade que hoje em dia tantos ciclistas estão no topo.

Miguel Indurain, Lance Armstrong, Jan Ullrich foram alguns dos ciclistas com que teve batalhas épicas, mas seriam aquelas que teve de enfrentar fora da estrada que acabariam por levá-lo a abandonar o ciclismo e, eventualmente, à sua morte. Se no aniversário da sua morte tende-se a recordar alguns dos grandes momentos que Pantani proporcionou, algumas das suas vitórias históricas - ele que continua a ser constantemente falado já que foi o último a fazer a dobradinha Giro/Tour, em 1998 -, também tem sido uma data para recordar todas as suspeitas que rodeiam as causas da morte. Este ano não foi diferente.

Oficialmente a causa da morte foi overdose, mas a família defende que Pantani terá sido obrigado a tomar a quantidade excessiva de cocaína. O caso já foi reaberto no passado, mas voltou a ser encerrado. A mãe apela novamente que a polícia investigue após um programa de televisão ter avançado com a hipótese de o antigo ciclista ter bebido água que teria a cocaína.

Depois do ano de glória de 1998, Pantani preparava-se para celebrar mais um Giro quando foi expulso devido a um nível anormal de hematócritos no sangue, detectado durante um teste anti-doping. O italiano entrou numa espiral descendente, sofreu de depressão, entregou-se às drogas e, apesar de ter regressado à competição e até chegou a vencer duas etapas no Tour em 2000, mas nunca mais foi o mesmo. Em 2003 era uma pálida imagem de ciclista que havia sido um herói em Itália.

Pantani considerava que tinha sido vítima de um golpe da máfia para o desclassificar da corrida, tese que a família tentou provar após a sua morte. A mãe, Tonina, disse à Gazzetta dello Sport, que está mais convencida do que nunca que o filho não sofreu uma overdose acidental. Eram conhecidos os problemas que então Pantani enfrentava com a dependência de drogas. "A minha batalha pela verdade continua e espero que reabram a investigação", disse.

A vida e morte de Pantani pode-se dizer que davam um filme e já deram um documentário. Mas, enquanto a família mantém a luta pelo que dizem ser a busca pela verdade do que aconteceu ao italiano, a memória do que este magnífico ciclista fez não se perde.

A Volta a França de 1998, com aquela vitória de etapa em Deux Alpes a ser dos momentos marcantes da sua carreira, e mesmo o Giro de 1999, no qual Pantani estava irresistível na montanha (quatro vitórias de etapas), são recordados como duas corridas que ajudam a definir Pantani. Aquele Giro acabou em choque para todos quando não partiu para a última etapa devido à expulsão.

A 14 de Fevereiro de 2004 o choque foi ainda maior. O ciclismo voltava a chorar a perda de um grande, apenas dois meses depois do espanhol José María 'El Chava' Jiménez também ter morrido. Tinha apenas 32 anos e faleceu quando estava numa clínica de desintoxicação.

A legião de fãs de Pantani não deixa esquecer o italiano. São muitos os vídeos de homenagem. Fica aqui um dos mais recentes.




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