20 de fevereiro de 2019

Enric Mas, Wout Poels e Sam Oomen em vantagem no dia de subir à Fóia

(Fotografia: © João Fonseca/Federação Portuguesa de Ciclismo)
A Volta ao Algarve terá um novo vencedor. Isso é certo. E não faltam candidatos a continuar um historial invejável. A Alberto Contador, Tony Martin, Richie Porte, Geraint Thomas, Primoz Roglic e Michal Kwiatkowski podem suceder Fabio Aru e Enric Mas, por exemplo. São os cabeças de cartaz, pois afinal o primeiro é o vencedor de uma grande volta e o segundo fez pódio no ano passado. Ambos brilharam na Vuelta. Mas a Algarvia dificilmente se fará de apenas estes dois corredores. Há um conjunto de jovens que podem bem aproveitar a oportunidade para começarem a habituarem-se a ganhar. E depois houve uma queda logo na primeira etapa, perto da meta em Lagos, que fez com que já haja diferenças de tempo, ainda antes da chegada da montanha.

Esta quinta-feira, o Alto da Fóia fará a primeira arrumação na geral. E falando precisamente de jovens, Sam Oomen (23 anos) foi o melhor nesta classificação da Algarvia em 2018, no que foi um ponto de partida para uma temporada muito convincente, com destaque para o excelente trabalho no Giro para Tom Dumoulin e o nono lugar na geral. Este holandês é dos que mais promete da nova geração.

Depois há Tao Geoghegan Hart (23), mas perdeu quase sete minutos, pelo que o experiente Wout Poels é quem ficou em boa posição de continuar o legado da Sky na Algarvia. Em 2016 venceu a Volta à Comunidade Valenciana e depois o monumento Liège-Bastogne-Liège. Não se conseguiu afirmar como líder como queria, mas aqui está uma oportunidade para este excelente ciclista, que sabe ser mais do que um gregário de luxo. 

Voltando aos jovens. Tadej Pogacar é um nome a não esquecer. A Eslovénia está a tornar-se numa escola cada vez mais interessante de ciclistas e este é mais um que cedo agarrou a atenção da UAE Team Emirates. Tem apenas 20 anos, venceu a Volta a França do Futuro, mas ainda antes a equipa já tinha garantido que o esloveno vestiria as suas cores em 2019. Com Aru na equipa, se a ambição do italiano for finalmente regressar às vitórias, Pogacar poderá ter de se sacrificar, no entanto, não perdeu tempo na chegada a Lagos ao contrário do companheiro, o que poderá deixá-lo com alguma liberdade.

Falando então de Fabio Aru. O seu último triunfo foi a 5 de Julho de 2018, na quinta etapa da Volta a França. E que grande vitória foi em La Planche des Belles Filles. Saiu da Astana, com quem venceu a Vuelta em 2015. Porém, o Aru daquele ano pouco tem aparecido desde então e na UAE Team Emirates nem a sombra do ciclista se tem visto. O italiano está obrigado a obter resultados em 2019, tendo escolhido o Algarve como a sua primeira prova por etapas do ano. Aru está obrigado a estar na luta, já para não dizer que está obrigado a ganhar. Mas não começou bem no Algarve e tem 1:05 de desvantagem. 

Enric Mas tem tudo para ser o grande favorito. Este espanhol da Deceuninck-QuickStep que parece que nada nem ninguém lhe perturba o sorriso e a quem chamam de o novo Contador - que até o quer na sua equipa -, tem como objectivo o Tour, pelo que a sua forma e mesmo mentalidade na Algarvia serão bem diferentes de Aru, que está a pensar no Giro. Porém, Mas adora desfrutar de todas as corridas que faz e a Fóia vai determinar se estará ou não na luta pela amarela. Se se sentir bem, não é ciclista para desaproveitar uma oportunidade para ganhar. E Enric Mas sabe o que é vencer em Portugal. Em 2016 conquistou a Volta ao Alentejo, então na Klein Constantia.

Mas há mais. Patrick Konrad (Bora-Hansgrohe) foi sétimo no Giro do ano passado e já está de olhos postos na próxima edição da grande volta italiana. Já tem 4:11 minutos para recuperar. Não terá missão nada fácil. Talvez pense mais num top 10 ou numa etapa. O russo Sergei Chernetski deixou a Astana, depois de uma passagem pela Katusha e está agora numa Caja Rural que quer com ele disputar mais provas. O 1:35 perdidos, não devem assustar em demasia. Simon Spilak, da Katusha-Alpecin, é um ciclista que a equipa aponta a este tipo de corridas por etapas mais curtas e ficou a "apenas" 1:05. Os companheiros portugueses estão a mais de três e seis minutos, respectivamente, o que deverá deixar Ruben Guerreiro e José Gonçalves a pensar mais numa etapa.

E claro. Amaro Antunes. Líder da CCC, a preparar a sua primeira grande volta, o Giro, naquela que é a época de estreia no World Tour. Homem da casa, vencedor no Malhão há dois anos, começou 2019 na Volta à Comunidade Valenciana com um 28º lugar, mas é difícil imaginar um Amaro Antunes que não esteja a pensar em mais um brilharete na "sua" Algarvia, depois de a ter falhado em 2018 por a equipa, então Profissional Continental, não ter conseguido um convite. Contudo, aquele 1:35 de desvantagem para Enric Mas, Wout Poels e Sam Oomen, não o deixaram nada satisfeito. Mas se há alguém que conhece como correr no Algarve é, naturalmente, ele.

Estes são os candidatos, digamos, mais óbvios, mas há espaço para surpresas. Gianluca Brambilla (Trek-Segafredo), José Herrada (Cofidis), Ben King (Dimension Data) - vencedor da camisola da montanha no Algarve há um ano -, Carl Fredrik Hagen (Lotto Soudal) podem muito bem aparecer, numa corrida que se apresenta aberta, mas que a Fóia poderá ajudar a definir. Só Hagen chegou no grupo do vencedor da etapa, Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep), mas os outros perderam menos de dois minutos.

Segunda etapa: Almodôvar – Alto da Fóia, 187,4 quilómetros



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