(Fotografia: © Davey Wilson/Hagens Berman Axeon) |
"Quando estava preso entre as rochas, percebi que era a tranquilidade que me iria salvar. Eu tinha de ceder à situação porque, pela primeira vez na minha vida, estava completamente desamparado." Adrien Costa tinha colocado o ciclismo em suspenso numa tentativa de se encontrar. De descobrir o seu caminho. Durante essa sabática, um acidente de alpinismo transformou a vida deste jovem talento, que chegou a ser visto como uma esperança do ciclismo americano. A perna direita teve de ser amputada um pouco acima do joelho. Dois meses depois, Adrien Costa já pedalava de novo e na adversidade acabou por conseguir definir a sua vida. Está na universidade, continua a praticar muito desporto e quer aproveitar o que diz ser uma segunda oportunidade que recebeu para ajudar outras pessoas.
Adrien Costa contou ao jornal francês L'Equipe os momentos difíceis que viveu quando, em Agosto, caiu ao praticar alpinismo numa montanha na Califórnia. Sem se poder mexer, por ter a perna presa entre umas rochas, gritou por ajuda. Outros alpinistas socorreram o jovem, agora com 21 anos, mas só cerca de seis horas mais tarde foi finalmente resgatado. Costa disse que optou por se deixar levar pelo momento. "Permitiu-me sair do meu corpo e aguentar as horas de sofrimento, de incerteza e de espera. Depois, no hospital, foi incrível a cadeia de pessoas a ajudar-me, o que me permitiu ver a beleza da vida" explicou.
O antigo ciclista da Hagens Berman Axeon - foi colega dos gémeos Oliveira em 2017 e de Ruben Guerreiro no ano antes -, tinha optado por parar a meio da época de 2017, não querendo regressar em 2018, como era esperado. Com o acidente, Costa realçou que a principal mudança por que passou foi o sentir maior responsabilidade, precisamente por considerar que recebeu um segundo fôlego na vida. "Percebi que tinha uma grande responsabilidade para aproveitar ao máximo esta segunda oportunidade. Sinto-me mais ligado ao mundo em meu redor", salientou, acrescentando que se sente "inspirado para dar algo bonito e duradouro a este mundo".
Costa continua a ver-se como um atleta, ainda que não pense em regressar às competições. Dedica grande parte do seu tempo a treinar, seja a levantar pesos, ou então, como tanto gosta, em desportos ao ar livre: alpinismo, ciclismo e também esqui. O jovem frisou como adora o ambiente calmo da montanha. Na universidade estuda psicologia e é neste aspecto da vida que ainda não decidiu que rumo tomar: "Profissionalmente ainda não sei no que gostaria de me focar. A psicologia é um campo muito vasto. Só sei que quero fazer algo que possa ajudar outros."
E trabalhar a força da mente é algo muito presente na vida de Adrien Costa. Ainda enquanto ciclista começou a meditar: "A ideia de ser capaz de puxar pelos limites físicos na bicicleta através do controlo da mente fascinava-me." Confessou que foi mesmo através da meditação que percebeu que não era o ciclismo que pretendia fazer. "Queria encontrar algo mais profundo." Adrien Costa continua a meditar. Continua à procura do seu rumo, como muitos jovens de 21 anos. Mas também tem demonstrado ser um exemplo de força, não se tendo deixado abater pela partida que a vida lhe pregou. Muito pelo contrário.
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