21 de fevereiro de 2019

Tadej Pogacar apresenta-se ao World Tour no Alto da Fóia

Quando quis entrar numa equipa de ciclismo, foi o irmão a ser chamado. O treinador disse-lhe que era muito pequeno. Precisava de crescer mais um pouco. Ano e meio depois, Tadej Pogacar começou a competir. Em 2018 conquistou peremptoriamente a Volta a França do Futuro. Em 2019 abriu a sua conta de vitórias no World Tour e Portugal será uma marca numa carreira que muito promete.

A UAE Team Emirates agarrou este ciclista muito antes de ele vencer a Volta a França do Futuro, no ano passado. Foi uma excelente decisão, pois Pogacar tornou-se num nome que gerou uma ideia consensual: há que não esquecê-lo. A escola eslovena lança mais um ciclista com um potencial muito interessante e que na equipa dos Emirados acredita-se que tem o que é preciso para vir a lutar por grandes voltas, para não dizer vencê-las. Tem apenas 20 anos e há que esperar para ver. Mas pelo que fez esta quinta-feira no Alto da Fóia, não será preciso esperar muito!

Pogacar saltou directamente de uma equipa Continental de Liubliana, na Eslovénia, para a UAE Team Emirates, mas logo naquele Tour de l'Avenir (a Volta a França do Futuro) comprovou que era ciclista para outros voos, que não tão domésticos. Foi o resultado mais mediático, mas entre os sub-23, Pogacar já não era nenhum desconhecido. "Ele é o pacote completo. Ele demonstra uma enorme promessa para as grandes voltas", referiu no início de época Mauro Gianetti, manager da UAE Team Emirates, ao VeloNews. "Assinámos com ele há ano e meio. Sabemos que ele é um dos grandes talentos. Não fazia sentido esperar. As outras equipas talvez tenham descoberto tarde de mais que ele era tão bom", acrescentou.

E o mundo do ciclismo está a descobrir agora um daqueles jovens que pertence a uma geração que pode ser de ouro no que a grandes voltas diz respeito. A aposta nos jovens cedo está a dar frutos para a UAE Team Emirates, pois também Jasper Philipsen já triunfou em 2019 e também está no Algarve, à espreita nos sprints e a pensar nas clássicas que se aproximam.

Mas o dia é de Tadej Pogacar. Uma primeira vitória no World Tour frente a Wout Poels, o homem da Sky que quer seguir as pisadas de Michal Kwiatkowski e Geraint Thomas no historial de vencedores da Algarvia, e a Enric Mas (Deceuninck-QuickStep), apenas e só o segundo classificado da última Vuelta. A forma como contra-atacou numa fase final lançada pelo português Amaro Antunes (CCC), deixando Mas fora da luta e um Poels a tentar uma reacção, mas a ver o esloveno afastar-se, já deu para perceber um pouco do que se pode esperar deste ciclista.

Numa Volta ao Algarve em que a UAE Team Emirates trouxe Fabio Aru para que o italiano lançasse uma época em que está obrigado a fazer bem melhor, o líder perdeu logo 1:05 minutos no primeiro dia devido à queda que deixou o pelotão cortado, a sete quilómetros da meta em Lagos. Na aproximação à Fóia, Pogacar foi trazendo Aru, mas o italiano continua longe do ciclista que já foi em tempos não tão longínquos e o esloveno teve liberdade para fazer a sua corrida. Em boa hora. Deu espectáculo, apresentou-se ao World Tour e está de amarelo. É só um segundo de vantagem para Poels, mas o momento que tantos procuram e muitos nunca alcançam, chegou na sua terceira corrida numa equipa do principal escalão.

Amaro Antunes uma das figuras do dia

Se houve um ciclista inconformado com o tempo perdido (1:35) devido à queda na primeira etapa foi Amaro Antunes. O algarvio fez logo uma tentativa de fuga a cerca de 40 quilómetros da meta, ajudado pelo companheiro da CCC, Riccardo Zoidl. A vantagem chegou a ser quase de dois minutos, mas quando a Sky mete no terreno aquela forma tão características de controlar as corridas, pouco mais se pode fazer. E ainda houve uma Deceuninck-QuickStep a ajudar. Amaro não baixou os braços e na Fóia voltou a ser ele a mexer na frente da corrida. Acabou em quinto, a sete segundos de Pogacar, mas o algarvio entrou no top 10, a 1:42 segundos e, já se sabe, no Malhão (última etapa) é quem manda!

Depois dos 187,4 quilómetros entre Almodôvar e Alto da Fóia, amanhã é dia de contra-relógio e será dia também para perceber como está Amaro nessa vertente. As distâncias na frente são curtas, com Sam Oomen (Sunweb) a estar a apenas cinco segundos. Poels até é candidato a saltar para a liderança, mas esta Algarvia está com a geral em aberto e com uma luta de jovens ciclistas, com Poels a intrometer-se. Oomen tem 23 anos e foi o vencedor da juventude na Algarvia em 2018, Enric Mas tem 24, enquanto Poels já vai nos 31. Pogacar é o mais novo, 20.

Está a ser uma Volta ao Algarve para mostrar as futuras referências do ciclismo, depois de Fabio Jakobsen, sprinter de 22 anos, ter ganho a primeira etapa, em Lagos.

Pode ver neste link a classificação da segunda etapa, via ProCyclingStats.

Terceira etapa: Lagoa – Lagoa, 20,3 quilómetros

O primeiro ciclista a partir será Jon Ricon (Caja Rural) às 13:52), com o top dez a arrancar às 16:27 com Marc Hirschi (Sunweb). Amaro Antunes partirá às 16:31 e o líder, Tadej Pogacar, às 16:45.



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