10 de janeiro de 2019

"É este o meu sonho, é isto que quero fazer na minha vida e vou lutar para o realizar"

(Foto: © João Calado/Federação Portuguesa de Ciclismo)
Um Iúri Leitão de braços bem levantados a cortar a meta nos Campos Elísios na etapa mais desejada por qualquer sprinter é o maior dos sonhos deste jovem ciclista. Estar na Volta a França pode ser o seu grande desejo, mas não quer falar em demasia de sonhos, pois prefere manter os pés bem assentes na terra, concentrado na realidade e em garantir que o primeiro dos seus sonhos se concretiza: ser ciclista profissional.

Levantou os braços em Santarém, na última etapa da Volta a Portugal do Futuro. A época não foi fácil, mas terminou como queria e como a equipa desejava. Agora que acertou com o método de trabalho, Iúri quer mais na sua segunda temporada na Sicasal-Constantinos-Delta Cafés, depois de ter representado o Miranda-Mortágua: "No princípio as coisas não estavam a funcionar. Mudámos a nossa maneira de trabalhar e acabou por dar resultado, ainda que já tarde na época. No entanto, conseguimos um dos objectivos, que era ganhar uma etapa na Volta. Ficámos todos muito contentes."

O corredor de Viana do Castelo, de 20 anos, teve de procurar a fórmula certa para começar a demonstrar um bom rendimento. "Teve a ver com as metodologias de treino, com a maneira de descansar, com a maneira de interpretar as corridas... Foi todo um conjunto de pormenores. Tivemos de mudar a nossa maneira de trabalhar para conseguirmos obter bons resultados", explicou ao Volta ao Ciclismo. Apesar de satisfeito por ter conseguido perceber o que era preciso alterar, Iúri Leitão rapidamente acrescentou: "Nada dura para sempre. Temos de estar constantemente a reinventar-nos para não ficarmos desactualizados e para conseguirmos manter-nos a um bom nível."

O triunfo foi importante para Iúri e para a equipa que, há que não esquecer, tem como base o nome de uma das maiores referências do ciclismo nacional, ou seja, a Academia Joaquim Agostinho. Iúri Leitão já só pensa em alcançar mais e melhor em 2019. "O meu grande objectivo passa por conseguir vencer a camisola dos pontos na Volta a Portugal do Futuro. Passou-me ao lado em 2018, mas este ano vou fazer tudo para o conseguir", salientou. É, portanto, o sonho mais imediato que quer concretizar, mas até Setembro (de 5 a 8) haverá muitas corridas para disputar.

"A pista é fundamental para a minha época, não só para a preparação da época, mas também porque é uma paixão minha"

"A equipa quer sempre ter uma época bastante regular, seja nas corridas de elite, como nas de sub-23, mas claro que o nosso grande objectivo é a Volta a Portugal do Futuro e os Campeonatos Nacionais", referiu. E Iúri Leitão quer tentar começar a estar mais na disputa de vitórias na sua especialidade, o sprint. Porém, há ainda muito a melhorar. "Tenho de conseguir passar as subidas senão do que me adianta sprintar bem? Não me posso deixar adormecer e ficar apenas como sprinter. Tenho de melhorar todos os meus defeitos."

Realçou como está dedicado a 100% ao ciclismo, tendo deixado de estudar depois de terminado o 12º ano. E voltamos a falar de sonhos: "É este o meu sonho, é isto que quero fazer na minha vida e vou lutar para o realizar." Começou a construí-lo muito cedo, pois com cinco/seis anos já pedalava, tendo também muito cedo tornado-se um atleta federado. O pai foi ciclista e um amigo e antigo companheiro de equipa que se tornou em director de uma formação de jovens, acabou por ser a maior influência de Iúri. "Foi-me buscar para a sua equipa e a paixão pelo ciclismo foi crescendo. Vítor Pedreiro é o meu padrinho no ciclismo. Foi meu treinador durante 10 anos e continua a dar-me conselhos", frisou.


Vitória em Santarém, na última etapa da Volta a Portugal do Futuro
(Fotografia: © PODIUM/Paulo Maria)
É na Sicasal-Constantinos-Delta Cafés que continua a sua evolução, com os olhos postos em conseguir um contrato com uma equipa Continental, antes de pensar em chegar mais alto. Aposta igualmente na pista. Não esconde o quanto gosta desta vertente e já vai estando perto da comitiva da selecção nacional. Assim tem a oportunidade para estar lado a lado com ciclistas como os gémeos Oliveira (UAE Team Emirates) e João Matias (Vito-Feirense-PNB). Iúri admitiu o quanto tem sido importante para si poder estar com corredores com outro tipo de experiência e que não se coíbem de a partilhar. Além disso, o seleccionador nacional de pista também já vai ajudando o jovem ciclista, que espera um dia poder ser chamado e representar o país e marcar presença numa prova internacional.

"O professor Gabriel [Mendes] é muito importante para nós. Sabe ensinar muito bem os ciclistas", afirmou. "A pista é fundamental para a minha época, não só para a preparação da época, mas também porque é uma paixão minha", acrescentou. E para arrancar a temporada, foi precisamente pela pista que começou a competir. Participou no Campeonato Nacional de Omnium, tendo sido quinto classificado, numa prova ganha por Rui Oliveira. Os restantes títulos nacionais estarão em disputa a 2 de Fevereiro (scratch, corrida por pontos e perseguição individual).

Quanto à estrada, Iúri Leitão e a sua equipa entrarão em acção a 10 de Fevereiro, na Prova de Abertura Região de Aveiro.

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»»"Vamos ver se consigo dar um passo mais à frente e que surja a tão desejada vitória [no contra-relógio]"««

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