26 de fevereiro de 2019

Warbasse dedicou-se tanto a aprender francês que tirou um curso que incluía multas se não falasse a língua

(Fotografia: © AG2R La Mondiale)
Estar numa reunião de equipa e perceber muito pouco do que está a ser dito, era capaz de não ser o ideal para um ciclista que tem de saber exactamente o que é preciso fazer numa etapa, por exemplo. Para Larry Warbasse não chegava as suas capacidades como ciclista para se integrar na AG2R. Este americano tinha de aprender francês. A sua dedicação até impressionou os próprios colegas, pois inscreveu-se num curso tão intensivo, que até estava proibido de olhar para o telemóvel para não ler outra língua que não o francês. E era multado se falasse outra língua!

"Eu diria se estivesse numa reunião da equipa, eu talvez percebesse cerca de 15/20% do que estava a ser dito. Sinto-me um pouco embaraçado porque eu vivo no sul de França", admitiu ao VeloNews. Warbasse foi dos ciclistas que conseguiu resolver a sua situação rapidamente depois de, em Agosto, a Aqua Blue Sport ter anunciado o seu fim, já nem participando em mais corridas. Assinou um contrato após o NoGo Tour, uma semana a pedalar pelos Alpes na companhia de Connor Dunne - outro ciclista da equipa irlandesa -, durante a qual regressaram às origens: andar de bicicleta por diversão.

Quando começou a preparação para a nova temporada a pensar na AG2R, esta não foi feita somente na estrada. O americano inscreveu-se em Outubro num curso muito intensivo para aprender francês. "Pagavas uma multa de dois euros se falasses uma língua que não fosse o francês. E não podia sequer olhar para o telemóvel porque eles não queriam que se lê-se nenhum texto que não fosse em francês", explicou o ciclista de 28 anos. O curso realizou-se num instituto perto de Nice e das oito às 17 horas, Warbasse só falava e ouvia francês. O corredor explicou que os seus dias começavam com uma hora e meia de exercícios, seguindo-se várias horas de prática, recorrendo à utilização de auscultadores, ouvindo e repetindo frases.

Nem ao almoço havia descanso. Os professores comiam com os alunos, promovendo assim conversas. Sempre em francês, claro. Um mês muito intenso, mas que valeu a pena: "Agora sinto que percebo 80% do que está a ser falado. Tornou a minha vida muito mais fácil porque consigo falar com as pessoas", disse. Numa equipa em que 20 dos 28 ciclistas são franceses, mas há dois suíços, outros tantos belgas e um luxemburguês e a equipa técnica também é praticamente toda gaulesa, a adaptação de Warbasse foi muito facilitada pela escolha de incluir um curso de francês na sua preparação para 2019.

Quando chegaram os estágios e as primeiras corridas do ano, o esforço do americano não passou despercebido, como realçou o companheiro de equipa Tony Gallopin: "Todos ficaram surpreendidos. Agora, sempre que o vejo, ele está sempre a melhorar. Às vezes falamos um pouco de inglês, mas ele agora consegue falar [em francês] com todos na equipa."

Uma demonstração de dedicação e de respeito para com as origens da equipa pela qual assinou, por parte deste campeão americano, em 2017, e que está de regresso ao World Tour. Antes de representar a Aqua Blue Sport (Profissional Continental), esteve três anos na BMC e dois na também extinta IAM Cycling. Agora é em francês que se vai expressar no ciclismo.


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