2 de fevereiro de 2019

A época ainda agora começou e Hodeg já recebeu um novo contrato

(Fotografia: © Deceuninck-QuickStep)
O talento está lá e os resultados estão a comprovar todo o potencial de um colombiano que está a seguir as pisadas de Fernando Gaviria em demonstrar que naquele país não há só excelentes trepadores. Álvaro Hodeg foi uma das revelações de 2018 e com a saída do seu compatriota para a UAE Team Emirates, ficaram escancaradas as portas para poder ser aposta em mais e melhores corridas. E a Deceuninck-QuickStep acredita em pleno em mais um jovem que está a tornar-se numa estrela na equipa belga. A época ainda agora arrancou, Hodeg ainda nem terminou a sua primeira corrida e já tem um novo contrato em mãos.

O ciclista, de 22 anos, assinou até 2021, saindo desde já da lista de corredores que estariam em final de contrato. Hodeg tem assim toda a tranquilidade para evoluir, somar mais vitórias e afirmar-se numa estrutura que dá todas as condições para que um ciclista com as suas características se torne num dos melhores do mundo. Em 2018 foram sete triunfos, cinco individuais (três dos quais em corridas World Tour) e dois colectivos. De ilustre desconhecido, Hodeg passou a ser um dos corredores a seguir com muita atenção.

"É um sonho ficar aqui e continuar a minha evolução e espero poder pagar com vitórias a confiança que a equipa depositou em mim", afirmou Hodeg. O director Patrick Lefevere não tem dúvidas que está perante um ciclista com futuro promissor: "Quando o Álvaro chegou à equipa, sabíamos que tínhamos um grande talento, um ciclista que tem o que é necessário para se tornar num dos melhores sprinters do pelotão. Ele ainda está a aprender e precisa de melhorar, mas os resultados que já tem são a prova das suas inquestionáveis qualidades, que vamos continuar a tratar cuidadosamente durante os próximos anos."

A história de Álvaro Hodge remonta a Monteria, no norte da Colômbia. Não, não houve engano a escrever o nome. Álvaro Hodeg chama-se Álvaro Hodge. "De alguma forma e de repente os meus documentos de identificação tinham Hodeg e não Hodge", contou o colombiano na página em que se apresentou aos adeptos do site da Deceuninck-QuickStep. Confessou que nada fez para alterar o erro cometido há quatro anos e acabou por ficar Hodeg. "Para ser sincero, ninguém na Colômbia sabia como pronunciar", disse. Hodge era o apelido do seu bisavô, um escocês que viajou para o país da América do Sul à procura de melhores condições de vida. Na verdade, Hodeg explicou que o bisavô pensou que tinha chegado aos Estados Unidos da América no barco em que viajava, mas afinal estava em Cartagena, na Colômbia e ficou por aquele país.

Hodeg, é assim que ficará conhecido no ciclismo, cresceu em Monteria, onde o seu pai criava e vendia gado. O colombiano recorda como sempre foi um apaixonado por desporto, tendo praticado ténis, vólei, futebol e ténis de mesa. A sua primeira paixão até foram os cavalos, tendo chegado a participar em algumas corridas.

Admitiu que nunca conseguia escolher um só desporto e a mãe, para garantir que não descuidava os estudos, tinha um acordo com ele: por cada 20 minutos dedicados aos estudos, tinha quatro para praticar desporto. "Era o tempo suficiente para um jogo rápido de ping pong com os meus primos na garagem."

O ciclismo entrou na sua vida quando o padrinho o levou a assistir a um contra-relógio colectivo. Ficou fascinado e pediu uma bicicleta ao pai. "És demasiado mimado e a bicicleta vai apenas ficar a ganhar pó dentro de alguns meses", respondeu-lhe o pai. Mas afinal, não foi nada de parecido o que aconteceu. A Specialized laranja tornou-se na sua grande paixão e acompanhou Hodeg durante quatro anos. Nunca pensou em ser profissional, ainda que tenha começado em participar em corridas e até se mudou para Medellin onde tinha mais condições para continuar a andar de bicicleta, algo que gostava de fazer sozinho. Foi para a pista, o que o ajudou a desenvolver as características de velocista, tendo ganho vários títulos nacionais e uma medalha nos Jogos Pan-Americanos.

Em 2015 foi chamado à última hora para participar nos Mundiais de Richmond, para substituir Fernando Gaviria. No ano seguinte teve o primeiro contacto com a equipa belga e esteve no estágio de Inverno. Hodeg recorda como não estava nada preparado para o clima europeu e foi Tom Boonen quem lhe arranjou umas roupas mais quentes para treinar. "Depois do treino queria lavar a roupa e devolver-lhe, mas ele disse-me que era um presente, uma recordação do primeiro estágio e depois deu-me um abraço. Nunca hei-de esquecer. Eu estava a chorar! Hoje em dia, viajo sempre com as luvas que ele me deu naquele dia", contou Hodeg.

Em 2017 entrou na equipa como estagiário em Agosto e assinou o seu primeiro contrato profissional em 2018. A primeira vitória foi na clássica belga Handzame, a 16 de Março, e logo na corrida seguinte, venceu a primeira etapa na Volta à Catalunha, uma prova World Tour.

Hodeg começou esta época na Volta a San Juan, na Argentina (tem um quinto e um terceiro lugar nos sprints), e irá seguir depois para a corrida do seu país, antes de começar o périplo europeu, que conta, para já, com o Tirreno-Adriatico, Volta à Catalunha e Volta à Turquia.

Com Elia Viviani a assumir agora o papel de principal sprinter da equipa, Hodeg vai procurar consolidar um estatuto maior, numa formação que tem sempre vários ciclistas que podem vencer, mas que também incute em todos o espírito de trabalhar para um companheiro. Ainda sem uma grande volta planeada, Hodeg vai começar a elevar ainda mais o nível de corridas, para disputar mais sprints com os melhores do mundo. Tem tudo para ser mais um ciclista a ajudar a colocar a Colômbia como referência também no sprint.


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