25 de fevereiro de 2019

Ficou em segundo plano na Volta ao Algarve mas está pronto para a ribalta

Andersen deu tudo no Malhão para ganhar a Volta ao Algarve
Soren Kragh Andersen foi um nome que surgiu pela calada para entrar numa luta inesperada pela Volta ao Algarve. Este ciclista de clássicas estava fora do radar para disputar a geral. No entanto, o que demonstrou naquela que foi a sua primeira corrida da época, é que aos 24 anos quer confirmar as expectativas de ser uma das revelações das clássicas de 2019 e que ainda se pode esperar mais deste dinamarquês do que boas exibições no pavé.

A Sunweb está longe de estar concentrada apenas em Tom Dumoulin. A equipa alemã solidificou uma estrutura que lhe permite ter uma equipa de desenvolvimento que está a formar cada vez mais jovens ciclistas, preparadíssimos para entrar no World Tour. Vai também garantindo outros bons atletas, contratando-os a diferentes formações. É o caso de Soren Kragh Andersen, que desde 2016 tem estado a evoluir junto das principais referências da Sunweb, depois de se mostrar na Tre-For Blue Water, do escalão Continental, no seu país. Tem mantido alguma discrição, quebrada por vitórias que foram revelando o que o nórdico poderia vir a ser. Em 2019 espera-se que pudesse ser um nome a aparecer nas clássicas que se aproximam do pavé. Porém, resolveu assumir protagonismo logo na primeira corrida do ano, na Volta ao Algarve.

A vitória no Paris-Tour, em Outubro, depois de já ter ganhou uma etapa na Volta à Suíça em Junho, ajudou a colocá-lo entre os ciclistas que se poderiam revelar nas clássicas de 2019. E Sorem Kragh Andersen está claramente em forma para as enfrentar. No Algarve era Sam Oomen quem reunia o consenso para liderar a Sunweb, sendo ele um ciclista mais para provas por etapas. Porém, Andersen teve outras ideias. Foi sexto na primeira etapa, ao sprint. O que só ajudava a não o colocar entre candidatos à geral. Mas na Fóia mostrou a sua capacidade para subir, ficando a 51 segundos de Tadej Pogacar UAE Team Emirates), que venceu a etapa e assumiu a liderança.

Foi no contra-relógio que Andersen obrigou todos a vê-lo como candidato outsider inesperado, tanto como Pogacar ser líder. Estamos a falar de um campeão nacional da especialidade de sub-23 e foi colocar-se a 36 segundos do esloveno, ficando a dois segundos de vencer a etapa. Stefan Küng (Groupama-FDJ) foi perfeito de mais para ser batido. Nova etapa ao sprint e o dinamarquês colocou-se no pelotão melhor do que todos os rivais na geral, saltando para o segundo lugar a 29 segundos, devido a um corte no grupo. Veio o Malhão e Andersen deu espectáculo. Atacou de longe, sabia que Zdenek Stybar (Deceuninck-QuickStep) não o ajudaria pois tinha Enric Mas na corrida pela geral, e resolveu então assumir todo o esforço.

A atitude foi de que preferia ser ele a controlar a frente da corrida e tentar ganhar tempo, do que estar à espera de ver Stybar passar na frente e talvez reduzir o ritmo. Mostrou ambição, coragem, e não esperou que ninguém fizesse nada por ele. Foi à procura dos segundos que teria de recuperar para tirar a amarela a Pogacar. Ficou a 14, no segundo lugar, com Stybar a "tirar-lhe" a vitória no Malhão, por três.

Soren Kragh Andersen acabou por se ver relegado para um segundo plano - merecia pelo menos uma etapa pela performance em toda a Algarvia -, muito por culpa de um Tadej Pogacar que, aos 20 anos, não esperou muito para começar a vencer na sua estreia no World Tour. Contudo, Andersen foi dos melhores ciclistas da Volta ao Algarve, um dos mais regulares e um dos mais espectaculares. E a correr assim, poderá não ficar em segundo plano durante muito mais tempo.

Demonstrou ser um ciclista muito completo. Coloca-se bem na frente nos sprints, é um bom contra-relogista e dá-se bem com subidas exigentes, mas não demasiado extensas. É um homem de clássicas, gosta do pavé, mas que poderá alargar o seu leque de escolhas de corridas para umas idênticas à Volta ao Algarve.

Não se pode dizer que surpreenda a forma como subiu, principalmente no Malhão. Uma das suas clássicas preferidas é a Volta a Flandres. Ou seja, está mais do que habituado a passar "muros". A outra corrida de eleição é mais um monumento: Milano-Sanremo. Quem não passa bem a Cipressa e o Poggio, não tem hipótese de ganhar.

"Quis começar uma boa cultura na Sunweb, na qual estamos a correr na frente. Muitas vezes dá resultado e se não, é um bom treino", disse no final da etapa no Malhão, explicando assim a sua vontade de atacar, de se manter na frente e de dar o tudo por tudo por uma vitória que nem nunca se pensava que estaria sequer na luta.

Ciclismo em família

Ao ver o irmão treinar e competir, Soren quis seguir as pedaladas de Asbjorn, dois anos mais velho. Os irmãos começaram assim à procura de singrar no ciclismo. Até 2016 passaram a maior parte das temporadas juntos, mas nessa época as subidas foram diferentes. Soren deu o salto para o World Tour, enquanto Asjborn - ciclista mais forte no sprint, mas também com características para as clássicas - foi para a francesa da Delko Marseille-Provence KTM, do segundo escalão, Profissional Continental. No ano passado regressou à Dinamarca e à categoria Continental, na Waoo. Um passo atrás para agora dar dois à frente. Assinou por um ano pela Sunweb. Os irmãos estão novamente juntos.

E será juntos que vão competir na Omloop Het Nieuwsblad. A época de clássicas está aí. É já no sábado que começa uma fase intensa de 2019, precisamente com esta corrida belga.

Quanto aos tais jovens ciclistas que a Sunweb tem na sua equipa, além dos aqui falados Andersen e Oomen, eis alguns nomes que não se vai demorar muito mais tempo até se falar deles: Lennard Kämna, Max Kanter, Joris Nieuwenhuis, Joris Nieuwenhuis, Casper Pedersen, Robert Power, Cees Bol, Marc Hirschi (campeão do mundo de sub-23 e que também se mostrou na Algarvia)...

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