João Barbosa sabia que cada dia na Volta ao Algarve seria um de muita aprendizagem. Ao fim dos primeiros 199,1 quilómetros da primeira etapa, já aprendeu bastante. A sua estreia como profissional foi tornada ainda mais memorável ao ser chamado para uma corrida que conta com equipas do World Tour e alguns dos melhores ciclistas do mundo. Foi um baptismo de fogo e o jovem ciclista não escondeu o misto de emoções que viveu. No final da etapa não hesitou em dizer que aquele nível de ciclismo não é para qualquer um, pelo que o importante é continuar a assimilar todos os pormenores desta incrível experiência.
"Hoje aprendi a andar a 100 à hora! Não me lembrava de tal coisa! Vamos ver o que vou aprender amanhã!" O dia difícil não lhe tirou a boa disposição. Foi com esse estado de espírito que começou a manhã, ainda que então não escondesse alguma ansiedade. Só queria era arrancar em Portimão, com a meta à sua espera em Lagos, para a sua primeira etapa como ciclista profissional da Vito-Feirense-PNB. "Começar logo no Algarve, no meio destes tubarões, é uma coisa fenomenal. Vão ser cinco dias de muita aprendizagem, não só com os membros da minha equipa mais velhos, mas também com os de fora, com o que vamos vendo", salientou ao Volta ao Ciclismo, antes do arranque da etapa.
Só desejava "aproveitar ao máximo" a oportunidade dada por Joaquim Andrade. O director desportivo não lhe colocou pressão, aconselhando-o a preparar-se bem e para estar atento durante a corrida. E, claro, aprender. Barbosa era um jovem encantado com o que estava prestes a tornar-se realidade, mas não quis de imediato destacar nenhum ciclista que desejasse estar lado-a-lado: "Admiro que qualquer ciclista que esteja aqui a correr, não só os do Pro Tour, também os portugueses que estão cá." Mas lá deu dois exemplos: "Quero olhar de frente para um Fabio Aru e ver o que é que ele tem de especial. Ou olhar para um Groenewegen, que tem o triplo do meu cabedal! Ver bem o real ciclismo."
Garantiu que iria saber separar o João Barbosa adepto da modalidade e o João Barbosa ciclista profissional, afinal lutou muito para chegar a este patamar. "Eu mais do que ninguém acredito que mereço estar aqui. Trabalhei muito. O passo para profissional é sempre muito difícil de ser dado", salientou.
Contudo, este seu primeiro dia de profissionalismo em competição, as expectativas não corresponderam bem à realidade, como contou no final da etapa: "Eu pensava que ia ser um bocado mais fácil. Fiquei a perceber que isto não é para qualquer um. O ritmo era bastante certo, mas muito elevado. Não tem nada a ver com o que estamos habituados. Realmente é passar por elas para perceber o que isto é."
Talvez tenha ajudado terem-lhe dito que seria uma tirada tranquila, algo que acabou por não acontecer. "Foi uma etapa bastante movimentada em termos de acelerações. A fuga não preocupava muito, mas houve movimentações das equipas mais fortes e fez com que o ritmo acelerasse bastante. E depois da queda foi sempre à morte", contou. Portanto, a tranquilidade durou cerca de 20 quilómetros. "Logo naquele momento percebi que há muito trabalho a fazer para chegar a este nível. Dei por mim um bocadinho leve de mais para vir fazer o Algarve!"
Esta quinta-feira entrará num terreno que prefere. É um trepador e espera-o o Alto da Fóia, mas o dia terá várias subidas para romper bem as pernas antes da ascensão final. "Depois de ver isto [primeira etapa], não sei se fico mais entusiasmado ou mais preocupado. Até à Fóia há muito terreno para andar. A grande diferença entre nós e eles é o ritmo. Eu dei por mim a tentar controlar-me a 180 a subir e isso já era um ritmo bastante elevado. Eu estava a pensar como vou fazer para os acompanhar se isto agora está controlado e eu vou a 180!"
O ritmo foi de facto muito elevado, com a etapa a terminar até antes do previsto. Quando há uma Deceuninck-QuickStep, uma Bora-Hansgrohe e uma Jumbo-Visma a ditar a velocidade não é de esperar outra coisa, mas para João Barbosa era uma realidade que tinha assistido apenas de fora. Apesar das dificuldades, o susto de uma queda que o fez ficar cortado da frente da corrida, apesar de não ter caído, e de uma pulsação bem alta para acompanhar um pelotão com 12 equipas World Tour, João Barbosa - que terminou na 108ª posição a dois minutos do vencedor, Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) - não hesitou em resumir o seu dia assim: "Foi bom! Foi um misto de emoções espectaculares. Estavam lá alguns dos melhores do mundo e deu para perceber porque o são."
Melhorar as suas principais qualidades... e no contra-relógio
Depois de evoluir na equipa da Maia, Joaquim Andrade foi buscar João Barbosa para uma Vito-Feirense-PNB que, nestes dois anos de vida, demonstrou que quer dar espaço a jovens talentos. O ciclista de Penafiel realçou que "a adaptação foi fantástica" à sua nova equipa. Barbosa só tem elogios para a estrutura: "Aqui não me faltam ferramentas para aprender, para melhorar, entre as pessoas e material. Não falta nada. As pessoas são todas muito acessíveis, prontas a ajudar, a ensinar-nos, a dar-nos conselhos, tudo o mais importante para um ciclista que suba a profissional."
Ainda tem uma grande margem de progressão, mas é de ideias bem claras: "Eu sou a favor se somos bons numa coisa, o melhor é explorar ainda mais o que somos bons. Se fazemos a diferença num terreno, se o melhorarmos ainda mais, essa diferença vai aumentar. Se melhorar como trepador, óptimo. Se me defender como contra-relogista, melhor ainda, porque ainda perco muito. Ainda não consegui treinar da melhor forma o contra-relógio. A nível físico não consigo tirar grandes ganhos, mas é algo que se treinar, vou melhorar."
A nível de objectivos para 2019, é a presença na Volta a Portugal do Futuro que está planeada e está entusiasmado com essa perspectiva e explicou porquê. "Quero fazer o que não consegui fazer no ano passado numa Volta a Portugal do Futuro, porque em princípio vamos lá estar. Como profissional será uma evolução muito maior e quero fazer algo de engraçado." Isso significa disputá-la? "Exactamente", respondeu.
Quanto a outras corridas que gostaria de fazer e com o seu calendário a ir sendo definido com o decorrer da temporada, após uma insistência admitiu: "Gostaria de fazer um Grande Prémio Jornal de Notícias e disputar uma juventude. Isso seria óptimo." Fica à atenção de Joaquim Andrade... E num futuro mais além: "Gostaria de fazer um Tour."
É altura de aproveitar o momento, pois é o primeiro a dizer que está concentrado no presente. O futuro será o resultado do que fizer agora e este jovem ciclista só quer trabalhar e aprender nesta nova fase de uma carreira que dá os primeiros passos no profissionalismo.
"Hoje aprendi a andar a 100 à hora! Não me lembrava de tal coisa! Vamos ver o que vou aprender amanhã!" O dia difícil não lhe tirou a boa disposição. Foi com esse estado de espírito que começou a manhã, ainda que então não escondesse alguma ansiedade. Só queria era arrancar em Portimão, com a meta à sua espera em Lagos, para a sua primeira etapa como ciclista profissional da Vito-Feirense-PNB. "Começar logo no Algarve, no meio destes tubarões, é uma coisa fenomenal. Vão ser cinco dias de muita aprendizagem, não só com os membros da minha equipa mais velhos, mas também com os de fora, com o que vamos vendo", salientou ao Volta ao Ciclismo, antes do arranque da etapa.
Só desejava "aproveitar ao máximo" a oportunidade dada por Joaquim Andrade. O director desportivo não lhe colocou pressão, aconselhando-o a preparar-se bem e para estar atento durante a corrida. E, claro, aprender. Barbosa era um jovem encantado com o que estava prestes a tornar-se realidade, mas não quis de imediato destacar nenhum ciclista que desejasse estar lado-a-lado: "Admiro que qualquer ciclista que esteja aqui a correr, não só os do Pro Tour, também os portugueses que estão cá." Mas lá deu dois exemplos: "Quero olhar de frente para um Fabio Aru e ver o que é que ele tem de especial. Ou olhar para um Groenewegen, que tem o triplo do meu cabedal! Ver bem o real ciclismo."
Garantiu que iria saber separar o João Barbosa adepto da modalidade e o João Barbosa ciclista profissional, afinal lutou muito para chegar a este patamar. "Eu mais do que ninguém acredito que mereço estar aqui. Trabalhei muito. O passo para profissional é sempre muito difícil de ser dado", salientou.
"Depois de ver isto [primeira etapa], não sei se fico mais entusiasmado ou mais preocupado. Até à Fóia há muito terreno para andar. A grande diferença entre nós e eles é o ritmo"
Contudo, este seu primeiro dia de profissionalismo em competição, as expectativas não corresponderam bem à realidade, como contou no final da etapa: "Eu pensava que ia ser um bocado mais fácil. Fiquei a perceber que isto não é para qualquer um. O ritmo era bastante certo, mas muito elevado. Não tem nada a ver com o que estamos habituados. Realmente é passar por elas para perceber o que isto é."
Talvez tenha ajudado terem-lhe dito que seria uma tirada tranquila, algo que acabou por não acontecer. "Foi uma etapa bastante movimentada em termos de acelerações. A fuga não preocupava muito, mas houve movimentações das equipas mais fortes e fez com que o ritmo acelerasse bastante. E depois da queda foi sempre à morte", contou. Portanto, a tranquilidade durou cerca de 20 quilómetros. "Logo naquele momento percebi que há muito trabalho a fazer para chegar a este nível. Dei por mim um bocadinho leve de mais para vir fazer o Algarve!"
Esta quinta-feira entrará num terreno que prefere. É um trepador e espera-o o Alto da Fóia, mas o dia terá várias subidas para romper bem as pernas antes da ascensão final. "Depois de ver isto [primeira etapa], não sei se fico mais entusiasmado ou mais preocupado. Até à Fóia há muito terreno para andar. A grande diferença entre nós e eles é o ritmo. Eu dei por mim a tentar controlar-me a 180 a subir e isso já era um ritmo bastante elevado. Eu estava a pensar como vou fazer para os acompanhar se isto agora está controlado e eu vou a 180!"
O ritmo foi de facto muito elevado, com a etapa a terminar até antes do previsto. Quando há uma Deceuninck-QuickStep, uma Bora-Hansgrohe e uma Jumbo-Visma a ditar a velocidade não é de esperar outra coisa, mas para João Barbosa era uma realidade que tinha assistido apenas de fora. Apesar das dificuldades, o susto de uma queda que o fez ficar cortado da frente da corrida, apesar de não ter caído, e de uma pulsação bem alta para acompanhar um pelotão com 12 equipas World Tour, João Barbosa - que terminou na 108ª posição a dois minutos do vencedor, Fabio Jakobsen (Deceuninck-QuickStep) - não hesitou em resumir o seu dia assim: "Foi bom! Foi um misto de emoções espectaculares. Estavam lá alguns dos melhores do mundo e deu para perceber porque o são."
Melhorar as suas principais qualidades... e no contra-relógio
Depois de evoluir na equipa da Maia, Joaquim Andrade foi buscar João Barbosa para uma Vito-Feirense-PNB que, nestes dois anos de vida, demonstrou que quer dar espaço a jovens talentos. O ciclista de Penafiel realçou que "a adaptação foi fantástica" à sua nova equipa. Barbosa só tem elogios para a estrutura: "Aqui não me faltam ferramentas para aprender, para melhorar, entre as pessoas e material. Não falta nada. As pessoas são todas muito acessíveis, prontas a ajudar, a ensinar-nos, a dar-nos conselhos, tudo o mais importante para um ciclista que suba a profissional."
Ainda tem uma grande margem de progressão, mas é de ideias bem claras: "Eu sou a favor se somos bons numa coisa, o melhor é explorar ainda mais o que somos bons. Se fazemos a diferença num terreno, se o melhorarmos ainda mais, essa diferença vai aumentar. Se melhorar como trepador, óptimo. Se me defender como contra-relogista, melhor ainda, porque ainda perco muito. Ainda não consegui treinar da melhor forma o contra-relógio. A nível físico não consigo tirar grandes ganhos, mas é algo que se treinar, vou melhorar."
"Gostaria de fazer um Grande Prémio Jornal de Notícias e disputar uma juventude. Isso seria óptimo"
A nível de objectivos para 2019, é a presença na Volta a Portugal do Futuro que está planeada e está entusiasmado com essa perspectiva e explicou porquê. "Quero fazer o que não consegui fazer no ano passado numa Volta a Portugal do Futuro, porque em princípio vamos lá estar. Como profissional será uma evolução muito maior e quero fazer algo de engraçado." Isso significa disputá-la? "Exactamente", respondeu.
Quanto a outras corridas que gostaria de fazer e com o seu calendário a ir sendo definido com o decorrer da temporada, após uma insistência admitiu: "Gostaria de fazer um Grande Prémio Jornal de Notícias e disputar uma juventude. Isso seria óptimo." Fica à atenção de Joaquim Andrade... E num futuro mais além: "Gostaria de fazer um Tour."
É altura de aproveitar o momento, pois é o primeiro a dizer que está concentrado no presente. O futuro será o resultado do que fizer agora e este jovem ciclista só quer trabalhar e aprender nesta nova fase de uma carreira que dá os primeiros passos no profissionalismo.
Sem comentários:
Enviar um comentário