Foi um ano de confirmação do ciclismo de pista em Portugal. Depois de um longo e árduo trabalho feito nas camadas jovens, os resultados começaram agora a aparecer em elite. As referências são inevitavelmente os gémeos Oliveira, que tem conquistado medalhas em todos os escalões. Com os Jogos Olímpicos em mente, é tempo de continuar a evolução com os actuais corredores e consolidar o projecto de forma a permitir que novos talentos continuem a emergir. Gabriel Mendes é por isso um homem orgulhoso do trabalho que está a ser desenvolvido numa vertente com pouca tradição no país, mas que está cada vez mais a afirmar-se. No entanto, o seleccionador nacional quer elevar ainda mais o nível do ciclismo de pista, realçando que será cada vez mais difícil à medida que se vai aproximando dos melhores.
"Cada vez que nós vamos subindo, mais difícil é fazê-lo. É necessário mais investimento. Precisamos de consolidar a nossa presença internacional no nível de elite", salientou Gabriel Mendes ao Volta ao Ciclismo. O seleccionador acrescentou a necessidade dos atletas competirem ainda mais, pois "essa experiência vai permitir refinar e ir evoluindo progressivamente". "Talento e capacidade existem, mas vamos ter de as trabalhar. Não vivemos só de potencialidade", disse. Contudo, referiu que não se pode deixar de trabalhar na base: "Paralelamente vamos também procurar verificar se temos outros atletas que vão surgindo e que possam também fazer este percurso."
Em Outubro, Rui Oliveira tornou-se no primeiro português a conquistar uma medalha em pista na categoria de elite, com o bronze na corrida de eliminação. No dia seguinte, Ivo ficou com a prata na perseguição individual e na qualificação alcançou um tempo (4.14.570) que só está ao alcance dos melhores. Em Julho, Rui tinha sido campeão europeu da especialidade em sub-23 e Ivo, bronze também na vertente em que tem demonstrado estar cada vez mais forte. "Este foi um ano em que atingimos alguma consolidação de resultados e tivemos alguns de muito bom nível. O Ivo fez um tempo de excelência e não é fácil repetir muitas vezes na carreira o nível de desempenho que teve na perseguição individual na qualificação. Mas não é só a questão dos resultados. Estes só são alcançados se nós tivermos um processo de trabalho orientado", referiu o seleccionador nacional.
E este processo começou em finais de 2010. Então, Gabriel Mendes chegou à federação e agarrou no projecto de uma escola de ciclismo de pista. O responsável recorda que no centro de alto rendimento estiveram vários jovens que se foram mostrar nesta vertente. "Nós seleccionámos e iniciámos um processo de trabalho muito focado nas técnicas básicas, naquilo que eram os alicerces do trabalho técnico a desenvolver", explicou. O primeiro resultado foi o aumento de qualidade das corridas nacionais. Foi nessa fase inicial que surgiram os gémeos Oliveira. Identificado o potencial de ambos, em 2013 estrearam-se pela selecção e foi o início de uma etapa de enorme sucesso, com títulos logo no escalão de juniores.
Gabriel Mendes realçou a importância de ter sido possível realizar um trabalho de continuidade. Ou seja, através de uma coordenação com os clubes, é possível manter os treinos e competição de pista, conjugando com as responsabilidade vertente de estrada. "É esta coordenação que permite que tenhamos um processo continuo que tem vindo sempre a evoluir", afirmou. Apesar de muitos jovens pensarem em carreiras como ciclistas de estrada, a pista entrou definitivamente nos planos de muitos: "Eles têm um gosto intrínseco desde a primeira hora que vieram à pista. A partir daí é uma questão de planear a médio/longo prazo e de organização. A pista é um período do trajecto do desenvolvimento que o atleta pode fazer ao mais alto nível, sempre que existe uma possibilidade de conjugação. E se houver, é possível fazer as duas vertentes sem qualquer problema e com benefícios."
Os gémeos Oliveira estão a tornar-se no grande exemplo em Portugal de como se pode ter sucesso na pista e ter futuro na estrada. Este ano representaram a Axeon Hagens Berman de Axel Merckx, com o director belga a dar liberdade para que Ivo e Rui continuassem a competir na pista, enquanto desenvolvem as suas qualidades de estrada.
"Os gémeos Oliveira são um exemplo que outros quererão seguir", frisou Gabriel Mendes, que disse ainda que Ivo e Rui "têm um papel extremamente importante para que o ciclismo de pista seja hoje em Portugal uma modalidade que se está a afirmar". "A nível internacional, os atletas que têm sucesso a nível de pista, na endurance, são atletas que têm um caminho de sucesso de estrada. E eles estão a fazer esse processo e bem. E isso é um exemplo para os mais novos que querem também fazer o seu percurso", afirmou.
No sector feminino, Soraia Silva e Maria Martins têm sido as principais apostas. Sub-23 e júnior, já vão competindo com a elite para começar a ganhar experiência, mas sem a pressão de alcançarem resultados no imediato. "Os objectivos são muito claros: elas estão a trabalhar com o foco no desenvolvimento técnico e táctico." Gabriel Mendes quer que seja feito este trabalho de base e que se verifique uma evolução sustentada para que daqui a poucos anos estejam muito competitivas e a grande nível na pista.
E com tão bons resultados, já muito se fala de uma presença olímpica, o que será uma estreia nesta vertente do ciclismo em Portugal. Tóquio2020 aproxima-se e a qualificação começa no próximo verão. "É extremamente importante a presença nos Campeonatos do Mundo no omnium para termos aspirações e iniciarmos o processo de qualificação da melhor forma. Isso implica a qualificação para a Taça do Mundo", explicou o seleccionador. Há um "encadeamento", como referiu, destas competições, mais os campeonatos continentais, para que se possa assegurar um lugar no Jogos Olímpicos. O omnium é a disciplina eleita, ainda que o madison também está a ser trabalhado. "Nós acreditamos que é possível", realçou.
Além dos gémeos Oliveira, João Matias e César Martingil têm sido dois dos ciclistas mais chamados nos últimos meses por Gabriel Mendes e todos eles estão focados e motivados para continuar a elevar ainda mais a qualidade do ciclismo nacional. Para isso, o velódromo em Sangalhos tem sido de extrema importância, tanto por ser o centro de alto rendimento da modalidade - partilhado pela ginástica, esgrima, judo e trampolim -, pois além de treinos, tem recebido competições internacionais, como foi o caso em 2017 dos Europeus de sub-23 e juniores e neste último fim-de-semana a Taça Internacional Município de Anadia, que trouxe a Portugal medalhados em Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus.
"Temos um excelente velódromo e tentamos aproveitar ainda as condições que o centro de alto rendimento proporciona. Nós temos aqui a nossa academia e é uma estrutura muito importante para o trabalho que a selecção de pista desenvolve", reiterou Gabriel Mendes, que gostaria também de poder contar "com pistas abertas com características idênticas". Contudo, em Sangalhos, estão a nascer o que se espera ser as primeiras grandes referências do ciclismo de pista nacional.
»»Portugueses com seis medalhas no Troféu Internacional Município de Anadia««
»»"Quando vierem [assistir ao ciclismo de pista] vão ver que é emocionante!"««
»»Nova medalha para Rui Oliveira e os dois pontos que tiraram o bronze a Miguel Salgueiro««
»»Gémeos Oliveira e João Matias em destaque no primeiro dia de competição««
Em Outubro, Rui Oliveira tornou-se no primeiro português a conquistar uma medalha em pista na categoria de elite, com o bronze na corrida de eliminação. No dia seguinte, Ivo ficou com a prata na perseguição individual e na qualificação alcançou um tempo (4.14.570) que só está ao alcance dos melhores. Em Julho, Rui tinha sido campeão europeu da especialidade em sub-23 e Ivo, bronze também na vertente em que tem demonstrado estar cada vez mais forte. "Este foi um ano em que atingimos alguma consolidação de resultados e tivemos alguns de muito bom nível. O Ivo fez um tempo de excelência e não é fácil repetir muitas vezes na carreira o nível de desempenho que teve na perseguição individual na qualificação. Mas não é só a questão dos resultados. Estes só são alcançados se nós tivermos um processo de trabalho orientado", referiu o seleccionador nacional.
"A pista é um período do trajecto do desenvolvimento que o atleta pode fazer ao mais alto nível, sempre que existe uma possibilidade de conjugação"
E este processo começou em finais de 2010. Então, Gabriel Mendes chegou à federação e agarrou no projecto de uma escola de ciclismo de pista. O responsável recorda que no centro de alto rendimento estiveram vários jovens que se foram mostrar nesta vertente. "Nós seleccionámos e iniciámos um processo de trabalho muito focado nas técnicas básicas, naquilo que eram os alicerces do trabalho técnico a desenvolver", explicou. O primeiro resultado foi o aumento de qualidade das corridas nacionais. Foi nessa fase inicial que surgiram os gémeos Oliveira. Identificado o potencial de ambos, em 2013 estrearam-se pela selecção e foi o início de uma etapa de enorme sucesso, com títulos logo no escalão de juniores.
Gabriel Mendes realçou a importância de ter sido possível realizar um trabalho de continuidade. Ou seja, através de uma coordenação com os clubes, é possível manter os treinos e competição de pista, conjugando com as responsabilidade vertente de estrada. "É esta coordenação que permite que tenhamos um processo continuo que tem vindo sempre a evoluir", afirmou. Apesar de muitos jovens pensarem em carreiras como ciclistas de estrada, a pista entrou definitivamente nos planos de muitos: "Eles têm um gosto intrínseco desde a primeira hora que vieram à pista. A partir daí é uma questão de planear a médio/longo prazo e de organização. A pista é um período do trajecto do desenvolvimento que o atleta pode fazer ao mais alto nível, sempre que existe uma possibilidade de conjugação. E se houver, é possível fazer as duas vertentes sem qualquer problema e com benefícios."
Os gémeos Oliveira estão a tornar-se no grande exemplo em Portugal de como se pode ter sucesso na pista e ter futuro na estrada. Este ano representaram a Axeon Hagens Berman de Axel Merckx, com o director belga a dar liberdade para que Ivo e Rui continuassem a competir na pista, enquanto desenvolvem as suas qualidades de estrada.
"Os gémeos Oliveira são um exemplo que outros quererão seguir", frisou Gabriel Mendes, que disse ainda que Ivo e Rui "têm um papel extremamente importante para que o ciclismo de pista seja hoje em Portugal uma modalidade que se está a afirmar". "A nível internacional, os atletas que têm sucesso a nível de pista, na endurance, são atletas que têm um caminho de sucesso de estrada. E eles estão a fazer esse processo e bem. E isso é um exemplo para os mais novos que querem também fazer o seu percurso", afirmou.
"Nós acreditamos que [a qualificação para os Jogos Olímpicos] é possível"
No sector feminino, Soraia Silva e Maria Martins têm sido as principais apostas. Sub-23 e júnior, já vão competindo com a elite para começar a ganhar experiência, mas sem a pressão de alcançarem resultados no imediato. "Os objectivos são muito claros: elas estão a trabalhar com o foco no desenvolvimento técnico e táctico." Gabriel Mendes quer que seja feito este trabalho de base e que se verifique uma evolução sustentada para que daqui a poucos anos estejam muito competitivas e a grande nível na pista.
E com tão bons resultados, já muito se fala de uma presença olímpica, o que será uma estreia nesta vertente do ciclismo em Portugal. Tóquio2020 aproxima-se e a qualificação começa no próximo verão. "É extremamente importante a presença nos Campeonatos do Mundo no omnium para termos aspirações e iniciarmos o processo de qualificação da melhor forma. Isso implica a qualificação para a Taça do Mundo", explicou o seleccionador. Há um "encadeamento", como referiu, destas competições, mais os campeonatos continentais, para que se possa assegurar um lugar no Jogos Olímpicos. O omnium é a disciplina eleita, ainda que o madison também está a ser trabalhado. "Nós acreditamos que é possível", realçou.
Além dos gémeos Oliveira, João Matias e César Martingil têm sido dois dos ciclistas mais chamados nos últimos meses por Gabriel Mendes e todos eles estão focados e motivados para continuar a elevar ainda mais a qualidade do ciclismo nacional. Para isso, o velódromo em Sangalhos tem sido de extrema importância, tanto por ser o centro de alto rendimento da modalidade - partilhado pela ginástica, esgrima, judo e trampolim -, pois além de treinos, tem recebido competições internacionais, como foi o caso em 2017 dos Europeus de sub-23 e juniores e neste último fim-de-semana a Taça Internacional Município de Anadia, que trouxe a Portugal medalhados em Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus.
"Temos um excelente velódromo e tentamos aproveitar ainda as condições que o centro de alto rendimento proporciona. Nós temos aqui a nossa academia e é uma estrutura muito importante para o trabalho que a selecção de pista desenvolve", reiterou Gabriel Mendes, que gostaria também de poder contar "com pistas abertas com características idênticas". Contudo, em Sangalhos, estão a nascer o que se espera ser as primeiras grandes referências do ciclismo de pista nacional.
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