(Fotografia: Team Sky) |
A espera vai sempre parecer longa, independentemente de demorar umas semanas ou uns meses até se conhecer a decisão do caso Chris Froome. As reacções sucedem-se e em comum têm que todos querem que seja uma situação que chegue rapidamente ao fim. O britânico da Sky não se irá livrar das suspeitas de doping até lá e se competir enquanto espera pela sanção ou pelo arquivamento do caso, não terá vida fácil, ainda mais para quem quer ganhar o Giro e o Tour em 2018. Froome está decidido em provar a sua inocência, ou seja, que não excedeu o uso de salbutamol, substância utilizada por ser asmático, mas que tem limites colocados pela Agência Mundial de Anti-Dopagem. E esta luta por manter o seu nome limpo pode custar-lhe uma das penas mais graves. Quem avisa é o advogado de Diego Ulissi, italiano que em 2014 registou níveis idênticos aos de Froome, cumprindo nove meses de suspensão. Porém, há um pormenor que pode fazer toda a diferença em casos tão parecidos.
O advogado suíço Rocco Taminelli alertou: "O que ele [Froome] está a tentar fazer é muito arriscado. Eles vão tentar argumentar que ele não tomou mais do que o permitido. Agora têm de o provar e isso será a parte mais difícil. Se falhares provar, podes ser sancionado com dois anos." Esse é o tempo máximo para quem excedeu o limite, mas sem o objectivo de tirar partido desportivamente, ou seja, fê-lo por motivos de saúde. E foi isso que Diego Ulissi alegou, pelo que a pena foi mais reduzida.
"O Froome está a tentar uma abordagem diferente. Eles estão a tentar dizer que ele tomou a quantidade permitida, mas que o seu corpo não a expeliu. O risco é alto, claro. Se ele falhar, pode levar dois anos e perder a Vuelta ou a medalha de bronze nos Mundiais", realçou Taminelli, em declarações ao Velonews.
Para se perceber as parecenças dos casos: a Agência Mundial de Anti-Dopagem permite que possam ser encontrados até mil nanogramas por mililitro de salbutamol, Froome acusou o dobro, Ulissi um pouco menos, isto é, 1920. A diferença está, segundo Taminelli, na admissão do italiano em ter sido negligente, ou seja, assumiu que excedeu o limite legal, mas por razões de saúde. A conclusão foi anunciada cerca de oito meses depois do Giro, prova onde foi detectada a irregularidade no teste anti-doping de Ulissi. No entanto, Taminelli assume que até poderá prolongar-se por mais tempo, principalmente se Froome for sancionado. "Se não concordas, então podes recorrer ao Tribunal Arbitral do Desporto. Pode ser um processo muito longo", salientou.
Como não foi considerado um teste positivo, mas uma "anomalia" e sendo uma substância que não está na lista de proibidas - há aliás ainda a dúvida se pode de facto melhorar a performance desportiva -, Chris Froome não foi suspenso provisoriamente. O britânico pode, portanto, continuar a competir e continua focado em preparar a Volta a Itália. O que foi inicialmente uma grande notícia para a organização, agora o director, Mauro Vegni, teme que se possa estar perante uma situação como a de 2011. Naquele ano Alberto Contador correu enquanto decorria o processo sobre o positivo de clenbuterol. O espanhol alegou que tinha sido contaminação alimentar e passou ano e meio até ser conhecida a decisão: dois anos de suspensão. Contador viu os resultados desde o Tour de 2010 (corrida em que testou positivo) serem anulados, perdendo essa grande volta, mas também o Giro que tinha ganho em 2011. Como correu enquanto decorria o processo, na prática ficou cerca de seis meses fora da competição.
A Froome poderá acontecer o mesmo. Pode competir, pode ganhar, mas se a pior das hipóteses se confirmar, ficará sem nenhuma vitória desde a Vuelta até ao dia em que ficar determinado que pode regressar às corridas.
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