10 de dezembro de 2017

Kittel autorizado a vestir equipamento da Katusha-Alpecin para mostrar "hipocrisia da UCI"

(Fotografia: Twitter Katusha-Alpecin)
A Katusha-Alpecin foi a mais recente das equipas a revelar como irá equipar-se em 2018. Na apresentação, em Maiorca, Marcel Kittel foi o centro das atenções, mas não apenas por ser... Kittel, também por estar vestido com as novas cores, tendo em conta que, até ao fim do ano, é ciclista da Quick-Step Floors. O sprinter alemão participou na sessão fotográfica e o seu ainda patrão explicou que autorizou Kittel para assim mostrar a "hipocrisia da UCI". Patrick Levefere mostrou o seu desagrado para com as regras contratuais impostas pelo organismo que tutela o ciclismo mundial.

"Autorizei-o a participar na sessão de fotografias da @katushacycling para provar a hipocrisia do sistema da @uci_cycling. Nós @quickstep_team teremos de pagar até 31 de Dezembro", lê-se no Instagram do director da equipa belga. Os contratos dos ciclistas começam normalmente a 1 de Janeiro, terminando no final do ano acordado. São raros os casos dos corredores que saem a meio da temporada (em Agosto, quando é possível negociar novos vínculos). Neste caso, Lefevere refere-se ao facto de, apesar de Marcel Kittel estar de malas aviadas para a Katusha-Alpecin, já estar inclusivamente a treinar com os novos companheiros, o alemão tem de utilizar o equipamento da Quick-Step Floors e a formação belga paga-lhe o ordenado até dia 31.

Se Lefevere não tivesse autorizado Kittel a vestir o seu futuro equipamento e o sprinter o tivesse feito, por exemplo, o director poderia cortar no salário que ainda tem de pagar ao ciclista como sanção. Esta regra faz com que os reforços tenham de esperar por 1 de Janeiro para se mostrarem com as novas cores, o que num mercado que tenta cada vez mais apostar no marketing e nos produtos ligados as equipas de ciclismo, ter de esperar por "exibir" Kittel, ou seja quem for a estrela contratada, poderá significar menos "dinheiro em caixa" durante umas semanas.

Autorização idêntica terá chegado da Movistar e da Dimension Data, pois Alex Dowsett e Nathan Hass surgiram igualmente equipados a rigor. Porém, durante o estágio que a Katusha-Alpecin está a realizar até ao próximo dia 15, em Espanha, os três ciclistas vestem as camisolas e utilizam as bicicletas da equipa por quem ainda têm contrato.

Kittel motivado para o novo desafio

O sprinter alemão reapareceu ao seu melhor em 2017, com destaque para as cinco vitórias na Volta a França, com a camisola verde a provavelmente escapar-lhe depois de uma queda que o obrigou a abandonar. No entanto, com Fernando Gaviria em clara ascensão na Quick-Step Floors, Marcel Kittel não quis correr o risco de se ver obrigado a ficar de fora no Tour para dar lugar ao colombiano. José Azevedo não desperdiçou a oportunidade para garantir aquele que é considerado um dos melhores na sua especialidade. O director português da equipa "trocou" um Alexander Kristoff em crise de grandes triunfos, por um Kittel de regresso à sua melhor versão.

"Estou muito contente por ter regressado a um nível que havia demonstrado no passado. O meu próximo grande objectivo é conhecer os meus novos companheiros e ver como vamos trabalhar juntos. Não vamos pensar ainda nas vitórias. Estar numa equipa de alto nível internacional é uma forte motivação para mim. Penso que encaixo bem e sinto que juntos poderemos conseguir algo importante. Sinto-me muito bem aqui", referiu Marcel Kittel na apresentação.

José Azevedo agradeceu o que Kristoff deu há equipa durante os seis anos em que a representou, mas não tem dúvidas em dizer que agora tem o melhor sprinter do mundo. "Temos ciclistas para trabalhar e lançá-lo. Este grupo de corredores apoiará o Marcel da melhor maneira", assegurou o director geral. Porém, apesar de Kittel ser a estrela maior, no que diz respeito a objectivos a outra responsabilidade está do lado de Ilnur Zakarin. O ciclista russo foi quinto no Giro e na Vuelta conseguiu finalmente um pódio (terceiro). Em 2018 o ataque será ao Tour e José Azevedo destaca que também Zakarin terá uma boa equipa em seu redor, destacando Ian Boswell (Sky), outro dos reforços para 2018. O ciclista russo afirmou que quer estar entre os cinco primeiros da geral quando cortar a meta nos Campos Elísios.

O responsável português salientou que Simon Spilak será ciclista para lutar por corridas de uma semana e deixa uma garantia quanto a umas das desilusões de 2017: Tony Martin. "Ainda tem muito para dar ao ciclismo", frisou.

Entre os reforços estão ainda Steff Cras, belga de 21 anos, e Willie Smit, sul-africano de 24. Já nas saídas, destaque para o final da carreira dos espanhóis Alberto Losada e Ángel Vicioso, Michael Morkov vai para a Quick-Step Floors, Matvey Mamykin será colega de José Mendes na Burgos-BH - o contingente russo é cada vez mais pequeno e já só serão quatro ciclistas -, enquanto Rein Taaramäe tentará relançar a carreira na Direct Energie, depois de uma época muito apagada.

E não nos podemos esquecer que dois portugueses têm lugar de relevo nesta estrutura. Tiago Machado renovou por mais um ano e vai para o seu quarto nesta formação. José Gonçalves assinou até 2019, depois de uma época de estreia no World Tour muito positiva.


De recordar que a Katusha-Alpecin é uma das nove equipas do World Tour com presença confirmada na Volta ao Algarve, pelo que está em aberto ver de novo Marcel Kittel a lutar nos sprints em Lagos e Tavira. Nesta última cidade, ganhou em 2016.

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