Porte estava num grande momento de forma, mas uma queda acabou
com a sua temporada (Fotografia: Facebook Richie Porte) |
Parecia que este poderia ser um ano de regresso à glória da BMC. Não que não seja uma das principais equipas mundiais e que praticamente todos os anos garante grandes vitórias. Porém, com Greg van Avermaet a estar numa forma incrível e com Richie Porte mais pronto do que nunca para enfrentar o antigo companheiro Chris Froome no Tour... na BMC sonhava-se alto e com razão.
Se se planeia uma temporada e se percebe que tudo está a decorrer dentro do previsto, então a confiança aumenta. Porém, o ciclismo tem destas coisas. Num momento, num centésimo ou milésimo de segundo tudo se desmorona. Foi o que aconteceu com Porte. Perdeu a BMC, perdeu o Tour, perdemos nós que antecipávamos uma corrida animada com o australiano presente. Já com Van Avermaet aconteceu o oposto. Acabaram-se (ou pelo menos acontecem menos vezes) os azares, aqueles centésimos ou milésimos em que algo acontecia e o monumento voltava a escapar. O Paris-Roubaix é dele e o desbloqueio que se verificou em 2015 e 2016 - quando deixou definitivamente de ser o eterno segundo - parece ter sido substituído por um ciclista que ainda tem mais umas grandes conquistas para incluir no seu currículo.
O duelo Froome/Porte era um dos mais antecipados do ano. O australiano, que foi um braço direito tão importante nas primeiras vitórias na Volta a França ganhas pelo britânico e de quem é amigo, apresentava-se como o principal rival. No Critérium du Dauphiné ficou claro que amigos, amigos, corridas à parte. Froome contribuiu para que Porte perdesse tempo numa etapa e Jakob Fuglsang acabaria por ganhar a competição. No Tour tudo estava a decorrer dentro do previsto, até que na nona etapa, Porte sofreu uma queda assustadora. Acabou a corrida, acabou a temporada. Ainda regressou em Outubro no Japão, mas nem terminou a prova. Lá ficará aquele eterno "se". E se Porte não tivesse caído, teria feito mesmo frente a um Froome que não foi tão dominador como noutros anos? Ficamos à espera de 2018.
Se foi uma pena não ver Richie Porte ir até ao fim em França, já a temporada tinha começado muito bem para a BMC, na habitual aposta nas clássicas com Greg van Avermaet. O belga esteve quase imbatível no pavé e a Volta a Flandres ficou estragada por uma queda quando perseguia com Peter Sagan o compatriota Philippe Gilbert. Foi segundo, mas no Paris-Roubaix, Avermaet alcançou o objectivo de carreira: um monumento. Surgiu aos 31 anos e depois de levantar o famoso troféu em forma de pedregulho, Avermaet foi às Ardenas mostrar que também por ali poderá tentar algo nas próximas temporadas, principalmente se conseguir a agora ainda mais desejada Volta a Flandres. Foram nove vitórias em 2017, incluindo dois contra-relógios colectivos. O belga terminou o ano como número um do ranking World Tour, deixando atrás de si Chris Froome e o rival Peter Sagan.
Outro dos focos da temporada era Rohan Dennis e o seu plano em ganhar uma grande volta nos próximos anos. Nem Giro, nem Vuelta correram bem. Em Itália caiu e desistiu muito cedo. O australiano, de 27 anos, não realizou a época que certamente desejava e pouco se pode dizer se estará ou não mais perto de cumprir o objectivo de carreira. Para tentar compensar, Dennis apostou forte no contra-relógio nos Mundiais, mas mais uma vez não correu como esperava. Foi oitavo e nem se pode dizer que valeu o segundo lugar por equipas, pois a BMC queria o título, mas a Sunweb não deixou. Dennis terá de mostrar mais em 2018.
Por outro lado, Dylan Teuns mostrou (e muito) serviço. Longe da pressão que Rohan Dennis acabou por colocar em si próprio, Teuns aproveitou para ganhar experiência e motivação em corridas por vezes mais secundárias, mas subiu ao último lugar do pódio na Flèche Wallonne. No entanto, parece ser nas provas por etapas que poderá render mais. Venceu a Volta à Valónia, à Polónia e a Artic Race, três competições consecutivas no calendário que cumpriu em 2017.
Esteve no Giro numa missão clara de ganhar rodagem em grandes voltas, tendo sido a sua segunda, depois da Vuelta em 2016. Aos 25 anos, ainda terá mais um ou dois anos até ganhar definitivamente um lugar de referência, mas se a sua evolução continuar a este ritmo, a BMC tem futuro garantido neste tipo de ciclista. Do lado oposto da barricada está um Tejay van Garderen de quem já pouco, ou mesmo nada, se espera.
Ou o americano arranja um bálsamo surpreendente para relançar a carreira, ou o 10º lugar na Vuelta e a etapa no Giro não serão suficientes para lhe prolongar muito mais um crédito que está rapidamente a esgotar-se na BMC. Se é que já não se esgotou. E nem era suposto ter sido o líder em Espanha, pois o número um estava entregue a Samuel Sánchez, mas o espanhol deu positivo num teste anti-doping antes da corrida e foi suspenso. Ponto final na carreira de um ciclista que tanto entusiasmou, mas que saiu do ciclismo com a reputação manchada.
Em 2018 os objectivos da BMC serão basicamente os mesmos, ainda que com um plantel reduzido. Com a decisão da UCI em diminuir os ciclistas nas corridas, a equipa americana cortou no tamanho do plantel, como aliás aconteceu com quase todas no World Tour e não só. A estrutura também ficou sem a equipa de formação. A justificação foi que não era rentável preparar ciclistas que depois assinavam por outros conjuntos, o que também foi ao encontro de uns falados problemas financeiros que ameaçam o futuro da BMC como patrocinador. Para já, tudo garantido para a próxima temporada.
Richie Porte convidou o compatriota Simon Gerrans (Orica-Scott) para estar ao seu lado e da Cannondale-Drapac chegam Alberto Bettiol e Patrick Bevin. Jurgen Roelandts deixa a Lotto Soudal, num excelente reforço para o bloco das clássicas. Porte dará tudo pelo Tour, Avermaet quer a Volta a Flandres.
»»O ano da confirmação de Dumoulin e da mudança de objectivos da Sunweb««
»»Tudo por Contador, muito por Degenkolb e uma época feita no Angliru ««
»»Um fantástico meio ano de Valverde e o desmoronar de Quintana««
Se se planeia uma temporada e se percebe que tudo está a decorrer dentro do previsto, então a confiança aumenta. Porém, o ciclismo tem destas coisas. Num momento, num centésimo ou milésimo de segundo tudo se desmorona. Foi o que aconteceu com Porte. Perdeu a BMC, perdeu o Tour, perdemos nós que antecipávamos uma corrida animada com o australiano presente. Já com Van Avermaet aconteceu o oposto. Acabaram-se (ou pelo menos acontecem menos vezes) os azares, aqueles centésimos ou milésimos em que algo acontecia e o monumento voltava a escapar. O Paris-Roubaix é dele e o desbloqueio que se verificou em 2015 e 2016 - quando deixou definitivamente de ser o eterno segundo - parece ter sido substituído por um ciclista que ainda tem mais umas grandes conquistas para incluir no seu currículo.
O duelo Froome/Porte era um dos mais antecipados do ano. O australiano, que foi um braço direito tão importante nas primeiras vitórias na Volta a França ganhas pelo britânico e de quem é amigo, apresentava-se como o principal rival. No Critérium du Dauphiné ficou claro que amigos, amigos, corridas à parte. Froome contribuiu para que Porte perdesse tempo numa etapa e Jakob Fuglsang acabaria por ganhar a competição. No Tour tudo estava a decorrer dentro do previsto, até que na nona etapa, Porte sofreu uma queda assustadora. Acabou a corrida, acabou a temporada. Ainda regressou em Outubro no Japão, mas nem terminou a prova. Lá ficará aquele eterno "se". E se Porte não tivesse caído, teria feito mesmo frente a um Froome que não foi tão dominador como noutros anos? Ficamos à espera de 2018.
Se foi uma pena não ver Richie Porte ir até ao fim em França, já a temporada tinha começado muito bem para a BMC, na habitual aposta nas clássicas com Greg van Avermaet. O belga esteve quase imbatível no pavé e a Volta a Flandres ficou estragada por uma queda quando perseguia com Peter Sagan o compatriota Philippe Gilbert. Foi segundo, mas no Paris-Roubaix, Avermaet alcançou o objectivo de carreira: um monumento. Surgiu aos 31 anos e depois de levantar o famoso troféu em forma de pedregulho, Avermaet foi às Ardenas mostrar que também por ali poderá tentar algo nas próximas temporadas, principalmente se conseguir a agora ainda mais desejada Volta a Flandres. Foram nove vitórias em 2017, incluindo dois contra-relógios colectivos. O belga terminou o ano como número um do ranking World Tour, deixando atrás de si Chris Froome e o rival Peter Sagan.
Ranking: 3º (10.961 pontos)
Vitórias: 48 (incluindo duas etapas no Giro, uma na Vuelta, o Paris-Roubaix)
Ciclista com mais triunfos: Greg van Avermaet (9, incluindo dois contra-relógios colectivos)
Outro dos focos da temporada era Rohan Dennis e o seu plano em ganhar uma grande volta nos próximos anos. Nem Giro, nem Vuelta correram bem. Em Itália caiu e desistiu muito cedo. O australiano, de 27 anos, não realizou a época que certamente desejava e pouco se pode dizer se estará ou não mais perto de cumprir o objectivo de carreira. Para tentar compensar, Dennis apostou forte no contra-relógio nos Mundiais, mas mais uma vez não correu como esperava. Foi oitavo e nem se pode dizer que valeu o segundo lugar por equipas, pois a BMC queria o título, mas a Sunweb não deixou. Dennis terá de mostrar mais em 2018.
Por outro lado, Dylan Teuns mostrou (e muito) serviço. Longe da pressão que Rohan Dennis acabou por colocar em si próprio, Teuns aproveitou para ganhar experiência e motivação em corridas por vezes mais secundárias, mas subiu ao último lugar do pódio na Flèche Wallonne. No entanto, parece ser nas provas por etapas que poderá render mais. Venceu a Volta à Valónia, à Polónia e a Artic Race, três competições consecutivas no calendário que cumpriu em 2017.
Esteve no Giro numa missão clara de ganhar rodagem em grandes voltas, tendo sido a sua segunda, depois da Vuelta em 2016. Aos 25 anos, ainda terá mais um ou dois anos até ganhar definitivamente um lugar de referência, mas se a sua evolução continuar a este ritmo, a BMC tem futuro garantido neste tipo de ciclista. Do lado oposto da barricada está um Tejay van Garderen de quem já pouco, ou mesmo nada, se espera.
Ou o americano arranja um bálsamo surpreendente para relançar a carreira, ou o 10º lugar na Vuelta e a etapa no Giro não serão suficientes para lhe prolongar muito mais um crédito que está rapidamente a esgotar-se na BMC. Se é que já não se esgotou. E nem era suposto ter sido o líder em Espanha, pois o número um estava entregue a Samuel Sánchez, mas o espanhol deu positivo num teste anti-doping antes da corrida e foi suspenso. Ponto final na carreira de um ciclista que tanto entusiasmou, mas que saiu do ciclismo com a reputação manchada.
Em 2018 os objectivos da BMC serão basicamente os mesmos, ainda que com um plantel reduzido. Com a decisão da UCI em diminuir os ciclistas nas corridas, a equipa americana cortou no tamanho do plantel, como aliás aconteceu com quase todas no World Tour e não só. A estrutura também ficou sem a equipa de formação. A justificação foi que não era rentável preparar ciclistas que depois assinavam por outros conjuntos, o que também foi ao encontro de uns falados problemas financeiros que ameaçam o futuro da BMC como patrocinador. Para já, tudo garantido para a próxima temporada.
Richie Porte convidou o compatriota Simon Gerrans (Orica-Scott) para estar ao seu lado e da Cannondale-Drapac chegam Alberto Bettiol e Patrick Bevin. Jurgen Roelandts deixa a Lotto Soudal, num excelente reforço para o bloco das clássicas. Porte dará tudo pelo Tour, Avermaet quer a Volta a Flandres.
»»O ano da confirmação de Dumoulin e da mudança de objectivos da Sunweb««
»»Tudo por Contador, muito por Degenkolb e uma época feita no Angliru ««
»»Um fantástico meio ano de Valverde e o desmoronar de Quintana««
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