A AG2R está numa missão de colocar Romain Bardet no primeiro lugar do pódio nos Campos Elísios e assim ter o seu ciclista a terminar com a longa espera francesa de vitorias no Tour, que dura desde 1985, ano em que Bernard Hinault ganhou. Bardet já sabe o que é ser segundo e agora terceiro. Apresenta-se como um dos ciclistas com mais capacidade para bater Chris Froome, mesmo sem ter uma equipa tão poderosa a ajudá-lo. No entanto, a AG2R terá de convencer o seu líder que o contra-relógio é de extrema importância e que Bardet não pode depender apenas da sua qualidade de excelente trepador. Por pouco, essa estranha decisão de não aperfeiçoar o esforço individual não lhe custou o pódio, que segurou por um segundo, para desespero de Mikel Landa (Sky). E se não há dúvida que o foco da equipa em Bardet é o principal, Oliver Naesen obrigou os responsáveis a olhar com mais atenção para ele. O belga está feito num excelente homem de clássicas e mesmo não sendo historicamente o ponto de maior interesse da AG2R, o facto da equipa renovar com o ciclista até 2020 quer dizer muito.
E começando precisamente por Naesen. Há um ano tinha deixado indicações que estaria preparado para assumir uma responsabilidade maior nas clássicas. E em 2016 ganhou a confiança que lhe faltava para fazer frente aos grandes nomes, como Peter Sagan, Greg van Avermaet e ainda o renascido Philippe Gilbert, a quem "tirou" a camisola de campeão belga. E que bem esteve Naesen nas clássicas do pavé. Pode apenas ter somado dois top 10 - sexto na Dwars Door Vlaanderen/A travers la Flandre e terceiro na E3 Harelbeke -, mas esteve na discussão, inclusivamente nos monumentos da Volta a Flandres e Paris-Roubaix. O sentido táctico terá de ser aperfeiçoado, que muito se ganha com experiência. Por isso mesmo, é já um ciclista que mais expectativa está a criar para 2018.
Mas atenção que Naesen é também corredor para provas por etapas e tem um especial apreço pelo Eneco Tour, agora BinckBank Tour. E quando foi preciso trabalhar para Romain Bardet no Tour, mostrou como pode ser importante na protecção ao seu líder, naquele que é o objectivo mor da AG2R.
Ranking: 9º (6316 pontos)
Vitórias: 16 (incluindo uma etapa na Volta a França e na Volta à Suíça)
Ciclista com mais triunfos: Alexandre Geniez e Alexis Vuillermoz (3)
A equipa aspirava alto. Só o pódio já não satisfaz plenamente depois de Romain Bardet ter sido segundo em 2016. Toda a temporada foi preparada a pensar no Tour, ainda que tenha começado mal com uma desqualificação no Paris-Nice. Bardet agarrou-se ao carro da equipa e ganhou uns metros de uma forma mais rápida do que o suposto. Foi o alerta que mesmo sendo francês, não haverá facilidades. Regras são regras. O ciclista respondeu como tinha de fazer: com exibições de qualidade, sem, no entanto, dar demasiado nas vistas.
Chegou ao Tour em grande forma, mas a decisão de não treinar mais o contra-relógio custou-lhe logo a abrir 39 segundos. E ainda havia mais um esforço individual a fechar a corrida. E dá que pensar se Bardet estivesse um pouco melhor nesta especialidade. O francês esteve bem em praticamente todas as etapas de montanha, ganhou em Peyragudes e era uma verdadeira ameaça a Froome, juntamente com o surpreendente Rigoberto Uran. Tudo bem feito até ao penúltimo dia e eram 23 segundos a separar Bardet do britânico antes do contra-relógio decisivo. Acabou a corrida a 2:20...
É, sem dúvida, dos melhores trepadores da actualidade. Tem o que é preciso para ganhar uma grande volta, mas tem de melhorar um pouco mais no contra-relógio. Tem de ser capaz de se defender, ou então vai continuar a subir ao pódio, mas terá sempre alguém à sua frente. A época da AG2R centrou-se na Volta a França, apesar de ter conquistado mais algumas vitórias, principalmente em corridas em casa, o que é importante dado o patrocinador, ainda que algumas sejam de pouco relevo a nível internacional.
É tudo pelo Tour e assim vai continuar a ser, agora com os reforços gauleses Tony Gallopin (Lotto Soudal), Silvan Dillier (BMC) e Clément Venturini (Cofidis). A AG2R pode não ser uma Sky, longe disso, mas é das equipas que melhor consegue proteger o seu líder, ainda que falte um braço direito que resista mais tempo na alta montanha.
É tudo pelo Tour e assim vai continuar a ser, agora com os reforços gauleses Tony Gallopin (Lotto Soudal), Silvan Dillier (BMC) e Clément Venturini (Cofidis). A AG2R pode não ser uma Sky, longe disso, mas é das equipas que melhor consegue proteger o seu líder, ainda que falte um braço direito que resista mais tempo na alta montanha.
Domenico Pozzovivo ainda teve a oportunidade de lutar pelo Giro, mas é mais do que claro que a AG2R não apostava naquela corrida, deixando o italiano um pouco entregue à sua sorte. Fez sexto e agora vai para a Bahrain-Merida, pois aos 35 anos já não se ilude e irá assumir o papel de apoio a Vincenzo Nibali. Foi com Bardet à Vuelta, mas Pozzovivo abandonou e o francês cedo desligou-se da competição, terminando no 17º posto. O pico de forma foi no Tour porque, lá está, é essa a missão de carreira deste francês.
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