2017 deixou claro que Caleb Ewan é sprinter para discutir vitórias com os melhores, ainda que continue um nível abaixo de Fernando Gaviria ou Marcel Kittel, por exemplo. Tem apenas 23 anos e a Orica-Scott sabe que tem ainda muito trabalho pela frente no desenvolvimento de todo o potencial do australiano. Certo é que apesar do seu 1,65 metros e daquela forma estranha de sprintar, deitado no guiador, já pouco se fala desse estilo. Fala-se que temos sprinter. Foram dez as vitórias nesta temporada, uma no Giro.
Também ficou novamente claro que os Yates são dos melhores jovens voltistas. No Tour deste ano ganhou Simon essa classificação, há um ano tinha sido Adam. No Giro, Bob Jungels (Quick-Step Floors) estragou a festa. E agora? Têm 25 anos e está na altura de lutarem por outras camisolas. Simon fez sétimo no Tour, Adam nono no Giro. A Vuelta não correu muito bem. O potencial para top dez é conhecido, mas ficou um dissabor de não se ver os Yates mais competitivos na luta por um pódio ou uma etapa, pelo menos. A Orica-Scott sabe que tem dois ciclistas que podem ir mais longe, falta saber se, tal como acontece com outras estruturas, os conseguirá rodear de homens com qualidade para os apoiar. Quando há uma Sky ou uma Movistar que são exemplos de como se trabalha em equipa, é cada vez mais utópico pensar que se pode ganhar uma grande volta pelo puro talento de um ciclista. Até a Sunweb sabe disso e quer Tom Dumoulin bem protegido.
Ranking: 7º (7190 pontos)
Vitórias: 29 (incluindo uma etapa no Giro e no Paris-Nice)
Ciclista com mais triunfos: Caleb Ewan (10)
A desilusão nem foi os Yates não terem feito um pouco mais, foi Chaves. Um problema nunca bem explicado no joelho do colombiano, fez com que o colombiano estivesse quatro meses sem competir. E quando reapareceu, foi uma sombra do ciclista que fez pódio no Giro e Vuelta em 2016. Foi ao Tour para recuperar sensações e mal se viu. Na Vuelta tentou mostrar-se, surgiu bem numa ou outra subido e durante uma parte da corrida parecia ser o único capaz de fazer frente a Chris Froome. Perdeu fôlego com o passar dos dias e depois do contra-relógio individual, na etapa 16 (tem mesmo de melhorar neste aspecto, urgentemente), foi caindo até ficar fora do top dez (11º). O ano não foi perdido, mas esteve longe de ser ganho. No entanto, se aparecer a 100% em 2018... Cuidado com ele. Ao contrário dos Yates, poderá ser um ciclista que mesmo com menos ajuda de companheiros é capaz de bons resultados. E é nele que residem as maiores esperanças da equipa australiana em alcançar algo histórico para o seu currículo: conquistar uma grande volta.
O que continua a entusiasmar na Orica-Scott é que, apesar da mudança de objectivos, mantém um grupo de ciclistas sempre pronto a lutar por etapas. Ainda assim, certamente que teria gostado de um desempenho mais produtivo nas grandes voltas. Só as clássicas parecem ter ficado mais em segundo plano este ano e, desta vez, não houve surpresas como Mathew Hayman ganhar o Paris-Roubaix. Mas a situação poderá mudar já que a caminho vai Matteo Trentin, uma das sensações de 2017 ao serviço da Quick-Step Floors. O italiano quer sair da sombra dos grandes homens de clássicas que a equipa belga sempre tem e afirmar-se ele próprio como um desses ciclistas de referência. E claro que ganhar etapas em grandes voltas também continuará a ser ambição. Também vai chegar Mikel Nieve e é possível imaginar como poderá ser colocado ali bem ao lado de Chaves.
Cameron Meyer regressa à estrutura depois de um ano pelo escalão Continental (na Mitchelton Scott) e Jack Bauer também deixou a Quick-Step Floors. Ambos serão dois ciclistas que podem dar outra solidez à equipa no que diz respeito ao apoio aos líderes.
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