20 de dezembro de 2017

Dumoulin de olhos postos no Giro. Líderes escolhem as suas grandes voltas

(Fotografia: Giro d'Italia)
Esta longa espera pelo regresso à competição das grandes figuras do ciclismo está quase a terminar. A pré-época tem sido animada por notícias menos felizes para a modalidade, pelo que o desejo é ainda maior de rapidamente nos concentrarmos no que mais se gosta: as corridas. A nível do World Tour tudo começa a 16 de Janeiro no Tour Down Under, na Austrália, mas é mais à frente que se olha. Quem vai atacar o Giro, o Tour e a Vuelta? Aos poucos os líderes vão divulgando os seus calendários, sendo Tom Dumoulin aquele que tem prolongado o suspense. A confirmação não é oficial, mas o jornal holandês De Telegraaf estão avançou que o ciclista irá regressar a Itália, como principal objectivo. A escolha já terá inclusivamente sido comunicada à organização do Giro.

O vencedor da 100ª edição esteve na apresentação da corrida de 2018. Nem então deixou transparecer, nem um bocadinho, se estava inclinado a apostar no Giro ou no Tour. Apenas disse que nenhum dos percursos lhe assentava a 100% e que escolheria aquele que o pudesse beneficiar mais. Uma das questões prendia-se com o contra-relógio. Dumoulin gosta deles longos. No Giro terá o inaugural com 9,7 quilómetros em Jerusalém -  será sempre um marco histórico para quem vencer, já que será a primeira vez que uma grande volta começará fora da Europa - e depois mais 34,5 quilómetros na semana das decisões. Já no Tour serão 35 de contra-relógio colectivo e 31 individual.

Não é ideal para o campeão do mundo da vertente, mas o holandês sabe que terá de mostrar que é capaz de derrotar os melhores também na alta montanha e não apenas com a enorme influência do contra-relógio. Regressa ao Giro para o ganhar, mas não significa que se esteja a afastar do Tour. Este ano Dumoulin só fez a Volta a Itália, optando por apostar depois nos Mundiais. Em Bergen, além da camisola do arco-íris, ainda ajudou a Sunweb a conquistar pela primeira vez o título de campeã de contra-relógio.

Só a 5 de Janeiro será anunciado oficialmente o calendário do ciclista. Além da confirmação da grande volta eleita como principal objectivo, ficaremos também poderemos ficar a saber se estará na Volta ao Algarve, já que a equipa tem presença confirmada.

Entretanto, já outros anunciaram que corrida(s) estão a apontar para 2018. E começando pelo Giro (de 4 a 27 de Maio). Johan Esteban Chaves regressa onde foi bastante feliz. O colombiano quer deixar 2017 bem enterrado no passado, depois de uma lesão no joelho lhe ter estragado grande parte da temporada. O Tour foi para esquecer e na Vuelta começou bem, mas quebrou. Em Itália subiu ao pódio em 2016, lutou pela vitória e é essa versão de ciclista combativo que Chaves quer recuperar. Levará consigo um do gémeos Yates, Simon, que este ano apostou no Tour, com a Mitchelton-Scott a sonhar alto no Giro.

Miguel Ángel López terá a responsabilidade de ser o líder da Astana depois da saída de Fabio Aru. O colombiano optou pela dupla Giro/Vuelta, tal como o compatriota Johan Esteban Chaves. Fabio Aru parecia decidido a atacar a "sua" grande volta, mas recentemente surgiram notícias que a UAE Team Emirates poderá apostar as suas duas novas grandes figuras, o italiano e Daniel Martin, na Volta a França. Mas para já o seu calendário aponta para Giro/Vuelta.

Alejandro Valverde também irá regressar a Itália depois do pódio na sua estreia em 2016. Falta saber se terá a companhia de Mikel Landa. A Movistar gostaria de ver o espanhol atacar o Tour com Nairo Quintana... Esta é uma novela ainda com muitos episódios pela frente.

Thibaut Pinot quer repetir o calendário de 2017, fazendo novamente a dobradinha Giro/Tour, ainda que se tenha comprometido a estar bem melhor em França do que aconteceu esta temporada. Louis Meintjes vai estrear-se em Itália no ano em que voltará à Dimension Data.

E claro, Chris Froome. O líder da Sky procura um feito histórico poucas vezes alcançado: vencer o Giro e conquistar assim três grandes voltas de forma consecutiva e partir depois para o Tour para o ganhar também, vencendo assim quatro corridas de três semanas seguidas e a famosa dobradinha Giro/Tour. Tudo parecia muito bonito e emocionante só de pensar na possibilidade de tal acontecer, mas agora o futuro do britânico está dependente do caso do salbutamol, que lhe poderá mesmo retirar a vitória na Vuelta e mantê-lo afastado da competição durante alguns meses, se a pena não for a mais pesada.

Quanto ao Tour (de 7 a 29 de Julho), Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida), Rigoberto Uran (EF Education First p/b Cannondale) e Bauke Mollema (Trek-Segafredo vão fazer da corrida francesa o seu principal objectivo. O mesmo acontece, como tem sido hábito, com Romain Bardet (AG2R) e Nairo Quintana (Movistar) quer estar concentrado apenas no Tour. O sueño amarillo está vivo, mas vamos a ver se não estará ameaçado por Landa.

Rafal Majka (Bora-Hansgrohe), Daniel Martin (UAE Team Emirates), Ilnur Zakarin (Katusha-Alpecin), Adam Yates (Mitchelton-Scott) e Richie Porte reforçam (e de que maneira) o lote de candidatos na Volta a França. O líder da BMC quer apresentar-se novamente como sério candidato à vitória e esperar que o azar não o perseguida (caiu na edição deste ano, queda que lhe colocou um ponto final na temporada).

Só a Vuelta (de 25 de Agosto a 16 de Setembro) terá de esperar um pouco mais para definir quem serão os seus candidatos. Muitos dos pretendentes ao Giro pretendem também estar depois em Espanha, mas faltará saber quem dos que apostam no Tour irá à última grande volta do ano.

Com a actual distribuição de líderes, pelo menos tudo aponta para um Giro e um Tour muito animados e competitivos. Só falta mesmo esclarecer o caso Chris Froome... e a indecisão de Mikel Landa.

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