(Fotografia: Facebook UAE Team Emirates) |
Enquanto na estrada Rui Costa começou a temporada em grande, à equipa foram chegando patrocinadores que reforçaram o inicial investimento. A companhia aérea, Emirates, juntou-se já com a época a decorrer - inicialmente o nome da formação era UAE Abu Dhabi - e pouco depois um dos principais bancos do Dubai fez o mesmo. Após o grande susto e de arrancar a temporada com um dos orçamentos mais baixos, a estrutura garantiu que poderia pensar cedo em preparar 2018. Não demorou muito a que o discurso passasse a ser em colocar a UAE Team Emirates entre as melhores do mundo num prazo de três anos.
O ciclista português manteve intocável o estatuto de líder, mas optou por alterar o seu habitual calendário, depois de dois anos algo frustrantes na procura por um top dez na Volta a França e o último a procurar etapas, sem sucesso. Rui Costa escolheu fazer a sua estreia no Giro, o que implicou ter também um início de temporada diferente. E que grande início foi. Logo em Janeiro foi à Argentinha ganhar a etapa rainha da Volta a San Juan. Seguiu para Omã onde foi segundo na geral, mas em Abu Dhabi deixou a sua equipa muito feliz: venceu a principal etapa e a geral. As vitórias foram ainda mais importantes tendo em conta que a sede da equipa é em Abu Dhabi e foi também o primeiro ano em que a corrida fez parte do calendário World Tour.
Eram os resultados que Rui Costa precisava para garantir que era uma boa aposta para o Giro e também já a pensar no futuro. A passagem pelas clássicas das Ardenas não foi tão auspiciosa como noutros anos, mas ainda foi fazer 14ª na Liège-Bastogne-Liège. Em 2016 tinha subido ao pódio e continua a ser uma daquelas corridas que Rui Costa tem na sua lista de preferidas. Entrou na Volta a Itália como claro candidato a ser um ciclista que animaria a competição. Inicialmente ainda espreitou a possibilidade de apontar a um top dez, contudo, acabou por se cingir ao plano inicial: ganhar etapas. Três segundos lugares! Pela corrida que fez, merecia mais.
Ranking: 12º (5494 pontos)
Vitórias: 19 (incluindo uma etapa no Giro e uma na Vuelta)
Ciclista com mais triunfos: Diego Ulissi e Sacha Modolo (4)
Entretanto foi aparecendo um corredor que deve ser seguido com atenção. Jan Polanc venceu no Etna e mostrou ser homem para o top dez. Na entrada da sequência de alta montanha fraquejou um pouco, mas foi em crescendo até final. Um péssimo contra-relógio retirou-lhe a oportunidade de chegar ao 10ª lugar. Polanc (25 anos) é mais um esloveno a aparecer. Tanto Rui Costa como Polanc foram também à Vuelta. O português - que também se estreou nesta grande volta - apenas apareceu mais perto do final, enquanto Polanc não ganhou, mas deixou garantias para em 2018 ser um ciclista importante na montanha. Rui Costa não mais conseguiu repetir a forma do início do ano, nem nos Mundiais de Bergen. E o futuro deixou de parecer tão auspicioso com as confirmações dos reforços para a próxima temporada.
A UAE Team Emirates pode ter começado de uma forma tremida, mas perante o plantel, esperava-se um pouco mais. Diego Ulissi mudou igualmente o seu calendário, apostando no Tour como grande volta. Com a excepção de um segundo lugar, passou as restantes etapas a ter saudades do "seu" Giro, onde já conquistou seis etapas. Terminou a temporada a ganhar em Montreal e na Turquia, mas Ulissi é ciclista para resultados mais destacados.
Ainda assim, comparado com Ben Swift... Que desilusão foi o britânico. Deixou a Sky para ter o seu espaço e andou praticamente um ano perdido no meio do pelotão. O melhor momento foi quando quase ganhou a etapa do Alpe d'Huez no Critérium du Dauphiné. Não rendeu no seu terreno (sprints e clássicas) e esteve perto de vencer na alta montanha! Mas a época de Swift foi basicamente aquele dia.
Houve mais ciclistas em claro sub-rendimento: Sacha Modolo desapareceu nas grandes corridas e ficou sem crédito para continuar na equipa em 2018 - vai para a EF Education First-Drapac powered by Cannondale - mesmo tendo somado quatro vitórias em provas secundárias; John Darwin Atapuma teve como principal missão apoiar Louis Meintjes, mas não se mostrou como noutros anos, ainda que comprovasse ser o ciclista que quase ganha uma etapa numa grande volta... mas fica pelo quase.
Meintjes cumpriu o objectivo do top dez no Tour (oitavo), ficou aquém na Vuelta (12º). Não ganhou em 2017, mas é de uma regularidade impressionante nas gerais das principais competições. Está a ganhar maturidade, contudo, a UAE Team Emirates optou por virar-se para ciclistas mais mediáticos em 2018. Qualidade não falta a Fabio Aru e Daniel Martin e encaixam melhor no plano de rapidamente chegar ao topo do World Tour do que Meintjes. O sul-africano ainda terá mais um ou dois anos de evolução pela frente ante de o vermos a bater-se com os melhores ciclistas e pelos melhores resultados dia após dia. O mesmo aconteceu com Matej Mohoric, mais um esloveno talentoso, que ganhou na Vuelta, mas aos 23 anos ainda há que esperar para ver mostrar todo o seu potencial. Vai para a Bahrain-Merida.
Além de Aru e Martin, a UAE Team Emirates contratou um Alexander Kristoff a precisar desesperadamente de algo novo que o possa ajudar a recuperar a sua versão ganhadora. Também da Katusha-Alpecin chega o jovem norueguês (25 anos) Sven Erik Bystrom, enquanto da Movistar vem o veterano (35) Rory Sutherland, um homem de trabalho por excelência. Depois de um ano a tentar o melhor na estrada, mas a pensar mais no que quer para o próximo, a equipa vai entrar numa fase diferente e de maior responsabilidade.
De equipa com futuro incerto, em 2018 terá então três dos grandes nomes do ciclismo actual a juntar a Rui Costa que, no entanto, irá perder o estatuto de líder, principalmente nas corridas de três semanas. Não podemos esquecer que estamos a falar de um campeão do mundo, vencedor de etapas no Tour e com um currículo de respeito. Porém, o português entrará numa nova fase da carreira perante os corredores que vão ser seus colegas. Só falta perceber qual será de facto o seu papel e qual aquele que quer ter além de Dezembro de 2018, quando o seu contrato terminar.
»»Apagão de Greipel e os heróis improváveis que salvaram a época da Lotto Soudal««
»»Nibali cumpriu o mínimo exigido na equipa em que os petrodólares prometiam mais««
»»Um ano com Scarponi no pensamento e com as vitórias a escassearem««
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Houve mais ciclistas em claro sub-rendimento: Sacha Modolo desapareceu nas grandes corridas e ficou sem crédito para continuar na equipa em 2018 - vai para a EF Education First-Drapac powered by Cannondale - mesmo tendo somado quatro vitórias em provas secundárias; John Darwin Atapuma teve como principal missão apoiar Louis Meintjes, mas não se mostrou como noutros anos, ainda que comprovasse ser o ciclista que quase ganha uma etapa numa grande volta... mas fica pelo quase.
Meintjes cumpriu o objectivo do top dez no Tour (oitavo), ficou aquém na Vuelta (12º). Não ganhou em 2017, mas é de uma regularidade impressionante nas gerais das principais competições. Está a ganhar maturidade, contudo, a UAE Team Emirates optou por virar-se para ciclistas mais mediáticos em 2018. Qualidade não falta a Fabio Aru e Daniel Martin e encaixam melhor no plano de rapidamente chegar ao topo do World Tour do que Meintjes. O sul-africano ainda terá mais um ou dois anos de evolução pela frente ante de o vermos a bater-se com os melhores ciclistas e pelos melhores resultados dia após dia. O mesmo aconteceu com Matej Mohoric, mais um esloveno talentoso, que ganhou na Vuelta, mas aos 23 anos ainda há que esperar para ver mostrar todo o seu potencial. Vai para a Bahrain-Merida.
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