22 de novembro de 2017

Atenções centradas em Sérgio Paulinho com a equipa a corresponder como um todo

Conseguirá Sérgio Paulinho passar de gregário a líder? Foi a pergunta que se fez durante todo ano. A Efapel recebeu um dos ciclistas mais importantes que Portugal teve no World Tour. Medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, Sérgio Paulinho esteve mais de uma década ao lado de algumas das grandes referências da modalidade e tornou-se num dos homens de trabalho mais apreciados no pelotão internacional. E alcançou uns triunfos pessoais memoráveis, como as etapas no Tour (2010) e na Vuelta (2006). De regresso a casa, o ciclista, agora com 37 anos, nunca escondeu que seria um desafio ter um papel diferente.

Agarrou a oportunidade ao lado do director desportivo e amigo Américo Silva e quando chegou o momento de dar a resposta, disse que sim, que pode ser um líder. Porém, não conseguiu o resultado que procurava na Volta a Portugal, mas comprovou que, independentemente da idade, está-se sempre a aprender e a evoluir. Sérgio Paulinho espera que este tenha sido um ano de transição, para em 2018 alcançar o que ambiciona com a Efapel.

A equipa tem sido uma das mais fortes do pelotão nacional, mas ciente que, tal como todas as outras, está na perseguição à W52-FC Porto. Perder Joni Brandão para o Sporting-Tavira foi um rude golpe, contudo, a Efapel respondeu com uma contratação de peso. A responsabilidade era grande, mas tanto o director desportivo, como o ciclista sempre afastaram um aumento de pressão devido ao mediatismo de Sérgio Paulinho e também por a Efapel não ganhar a Volta a Portugal desde 2012, então com o espanhol David Blanco.

Ranking nacional: 3º (1703 pontos)
Vitórias: 6 (incluindo uma etapa na Volta a Portugal)
Ciclista com mais triunfos: Daniel Mestre (3)

Com as atenções centradas em Sérgio Paulinho, Henrique Casimiro quase passou despercebido. Pode ter sido mais discreto, é certo, mas alcançou sempre resultados interessantes e que claramente davam outra opção a Américo Silva. O melhor aconteceu em Espanha, na Volta a Castela e Leão, onde fechou o pódio. Na Volta a Portugal acabou por ser um co-líder. Terminou na oitava posição, uma acima de Paulinho. Para uma Efapel que na Senhora da Graça perdeu a possibilidade de discutir a corrida, foram resultados importantes, ainda que aquém do desejado.

Não foi uma temporada fácil. Só em Maio surgiu a primeira vitória e logo a dobrar, no Grande Prémio Jornal de Notícias. Daniel Mestre tirou um peso dos ombros da equipa. Parecia que o difícil tinha sido conseguir o primeiro triunfo. Jesús de Pino venceu o Grande Prémio Beiras e Serra da Estrela e mais tarde a Volta a Albergaria. Daniel Mestre celebrou no Troféu Joaquim Agostinho, mas a grande vitória do ano chegaria por um ciclista mais improvável. António Barbio já havia demonstrado como é um corredor de confiança no trabalho que faz em prol da equipa. De vez em quando chega aquele momento em que um gregário por excelência tem a sua oportunidade e há que agarrá-la.

Na chegada a Santo Tirso, Del Pino estava na fuga com Barbio, mas o português teve liberdade para tentar a sua sorte. Num daqueles dias que marcam uma carreira, Barbio (23 anos) pedalou como nunca e aguentou o ritmo numa subida à Nossa Senhora da Assunção que poderia traí-lo. Ganhou isolado e deu uma importante vitória a uma Efapel que já tinha visto Daniel Mestre ficar perto. Não houve pódio e muito menos a conquista da corrida, mas Barbio e o top dez de Paulinho e Casimiro fizeram com que o balanço pudesse ser considerado positivo.

Uma palavra para Rafael Silva. Ninguém apontaria nada a um ciclista que leva 14 pontos nas costas e mais três no braço e decidisse abandonar. Rafael Silva continuou, com o apoio de colegas que recusaram deixá-lo para trás. Não foi fácil, mas ainda conseguiu dar uma ajuda mais perto do final da Volta. Em Viseu, na última etapa, só havia sorrisos por ter cortado a meta.

A época da Efapel pode ter-se centrado muito em Sérgio Paulinho, mas acabou por demonstrar que o todo o conjunto tinha valor. Ainda assim, em 2018 será de esperar que na Volta a Portugal do próximo ano possa estar na discussão. Barbio e Álvaro Trueba optaram por outros caminhos - Miranda-Mortágua e Sporting-Tavira -, mas já está garantido mais um ciclista muito experiente, o espanhol David Arroyo (37). De Espanha chega ainda Marcos Jurado (26) que estava na Burgos-BH.



Sem comentários:

Enviar um comentário