Pinot venceu uma etapa no Giro, quase fez pódio, mas passou ao lado do Tour (Fotografia: Giro d'Italia) |
A FDJ tomou uma decisão sempre arriscada quando se fala de uma equipa francesa. Para tentar libertar Thibaut Pinot da persistente pressão de alcançar um bom resultado no Tour - e leia-se que esse é no mínimo estar na luta pelo pódio - Marc Madiot, director desportivo, e o ciclista optaram por uma mudança de calendário. A aposta principal foi a Volta a Itália. Grande parte da temporada da FDJ é feita em redor de Pinot, a outra centrada em Arnaud Démare. E o sprinter esteve em destaque. Já Pinot teve o seu momento, mas só isso.
A aposta em fazer a estreia no Giro foi intrigante, mas completamente acertada. Pinot apareceu liberto das atenções mediáticas e do assédio de ser um ciclista francês que muitos esperam poder vir a vencer o Tour. Há que recordar que um gaulês não o faz desde Bernard Hinault em 1985. Antes de chegar à Volta a Itália conquistou uma etapa na Ruta del Sol e na Volta aos Alpes. Esteve bem nas montanhas, ganhou em Asiago, na penúltima etapa, mas apesar das melhorias no contra-relógio - no Giro até era o campeão nacional em título - deixou fugir o terceiro lugar para Vincenzo Nibali (Bahrain-Merida) no esforço final. Uma desilusão para quem tinha recuperado a sua melhor versão de voltista, algo que basicamente não acontecia desde que subiu ao pódio nos Campos Elísios em 2014 (terceiro).
Desde esse resultado que Pinot tenta confirmar as expectativas. Melhorou exponencialmente a descer, mas nunca será um exímio descedor, defende-se bem melhor no contra-relógio, mas como se viu no Giro, continua a perseguir (ao longe) o nível de Chris Froome e agora de Tom Dumoulin.
Ranking: 17º (3616 pontos)
Vitórias: 27 (incluindo uma etapa no Giro e no Tour)
Ciclista com mais triunfos: Arnaud Démare (10)
Pinot foi depois ao Tour, mas sem a responsabilidade de outros anos. Em 2016 chegou à corrida com uma elevada esperança, mas, talvez por isso, a desilusão acabou por ser ainda maior. Rapidamente perdeu tempo, apontou à camisola da montanha, mas acabou por abandonar. Nesta edição, uma vitória de etapa seria bom, mas de Pinot pouco se viu. Abandonou, outra vez. Em nove grandes voltas (seis Tours), Pinot não terminou quatro, contudo, a pior classificação final foi um 16º lugar na Volta a França de 2015. Os outros lugares são sempre de top dez.
Pinot tem apenas 27 anos. Falta-lhe consistência quando tem de enfrentar a pressão do Tour. Técnica e fisicamente é um ciclista de qualidade, falta o trabalho mental e enquanto não houver esse equilíbrio a FDJ ressente-se. Pinot terminou a época com um conjunto de top dez nas clássicas de final de ano em Itália, mas é preciso mais e principalmente melhor. Em termos de popularidade e de resultados, Pinot vai perdendo para Romain Bardet (AG2R) e agora para Warren Barguil (Sunweb).
Pinot tem apenas 27 anos. Falta-lhe consistência quando tem de enfrentar a pressão do Tour. Técnica e fisicamente é um ciclista de qualidade, falta o trabalho mental e enquanto não houver esse equilíbrio a FDJ ressente-se. Pinot terminou a época com um conjunto de top dez nas clássicas de final de ano em Itália, mas é preciso mais e principalmente melhor. Em termos de popularidade e de resultados, Pinot vai perdendo para Romain Bardet (AG2R) e agora para Warren Barguil (Sunweb).
Em 27 vitórias da FDJ, 18 foram por França, o que para o patrocinador é bom, mas as grandes vitórias escasseiam. Valeu Arnaud Démare. Finalmente venceu na Volta a França, ainda que teve o azar de ser numa etapa em que se falou mais do incidente entre Peter Sagan e Mark Cavendish, do que propriamente da vitória de Démare. Mas ganhou e foi um alívio para o próprio ciclista que está a mostrar que pode mesmo ombrear com os melhores sprinters. Vestiu a camisola verde, quis lutar por ela, mas na nona etapa chegou fora do tempo limite e foi excluído do Tour. Triunfou também numa tirada no Critérium du Dauphiné.
Ainda mais importante, principalmente para a FDJ, é que Démare está a tornar-se um bom homem de clássicas. A conquista da Milano-Sanremo em 2016 não foi um acidente. Fez sexto este ano no mesmo monumento, repetiu o lugar no Paris-Roubaix e antes já o tinha feito na Kuurne-Bruxelles-Kuurne. Conquistou vitórias em corridas de categoria mais baixa e ao todo foram 10 em 2017, o que o coloca entre os mais ganhadores do ano. Custou, mas aos 26 anos Démare parece estar no ponto para outras ambições. Contudo, também ele irá começar a sentir cada vez mais a pressão de ter de ganhar o Paris-Roubaix, por exemplo. Frédéric Guesdon foi o último francês a fazê-lo, em 1997. De realçar que Démare foi ainda campeão nacional de estrada.
A ver vamos se confirma as expectativas sobre Démare até porque em 2018 a táctica da FDJ não irá mudar muito. Pinot e Démare vão continuar a ser os responsáveis por alcançar as grandes vitórias. Porém, a FDJ contratou um dos mais recentes talentos a aparecer no ciclismo francês. Benjamin Thomas (22 anos) dá o salto da Armée de Terre para o World Tour. Mais um corredor com especial aptidão para as corridas por etapas, ainda que haverá algum espaço para trabalhar as qualidades de Thomas para certas provas de um dia.
A FDJ tem mais dois jovens a seguir: David Gaudu (21) também é um ciclista para corridas por etapas, enquanto Marc Sarreau (24) poderá ser um homem a ter em conta para as clássicas. Nas últimas competições do ano, Sarreau fez segundo no Paris-Bourges, nono no Grande Prémio d'Isbergues-Pas de Calais e o 18º lugar no Paris-Tours, tendo em conta que é uma corrida de classificação 1.HC, deixou excelente indicações para a próxima temporada. Seja no apoio a Démare, seja numa prova em que tenha mais liberdade, a FDJ pode ter aqui um ciclista que ajude à melhoria dos resultados.
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