A última vitória de Scarponi aconteceu na Volta aos Alpes (Fotografia: Facebook Astana) |
Pouco depois de se conhecer que a Volta aos Alpes irá homenagear Michele Scarponi com a criação de um prémio para a equipa mais competitiva em cada etapa, o irmão do ciclista que morreu em Abril, atropelado por uma carrinha, escreveu um emotivo texto publicado no Corriere della Sera. Nele Marco Scarponi apela a uma mudança cultural e política de forma a acabar com os acidentes mortais na estrada, seja com ciclistas, peões ou condutores. Anunciou ainda a criação de uma fundação que terá como principal objectivo trabalhar para uma maior segurança na estrada: "O sorriso do Michele irá salvar muitas vidas."
No texto lê-se que Marco resolveu escrever depois de saber que Alessandro Zanardi estava a liderar uma campanha de consciencialização dirigida a condutores, com incidência na utilização do telemóvel. Recentemente surgiram notícias que dão conta que o homem responsável pela morte de Scarponi estaria a ver um vídeo no telemóvel quando chocou contra o ciclista italiano. Recorde-se que Zanardi foi piloto de automóveis, chegou mesmo a estar na Fórmula 1. Em 2001 sofreu um grave acidente numa corrida na Alemanha e as duas pernas foram amputadas. Voltou a competir nos carros, mas dedicou-se entretanto ao paraciclismo.
"Decidi escrever porque nos últimos meses questiono no que se tornaram as nossas ruas, o que é a estrada, o que está na estrada e a única resposta que consigo dar é esta: as nossas estradas são o local favorito para o mais silencioso e horrível dos massacres", salientou Marco Scarponi, que falou dos números de acidentes e mortes nas estradas italianas, referindo que morreram 275 ciclistas e 570 peões em 2016, num total que ultrapassa as três mil vítimas. Entre as principais causas está precisamente a utilização do telemóvel durante a condução, além do excesso de velocidade, álcool e drogas.
Por isso, o irmão mais velho de Scarponi apela a uma mudança cultural e também política, ou seja, pede que os responsáveis tenham um papel mais activo na identificação de locais perigosos. Mas a questão vai muito além da política, com Scarponi a pedir que cada um faça o seu papel, sugerindo que talvez tenha chegado a altura de se deixar o carro na garagem para viagens curtas, seja para levar os filhos à escola, para ir trabalhar ou ir a um bar.
Por isso, o irmão mais velho de Scarponi apela a uma mudança cultural e também política, ou seja, pede que os responsáveis tenham um papel mais activo na identificação de locais perigosos. Mas a questão vai muito além da política, com Scarponi a pedir que cada um faça o seu papel, sugerindo que talvez tenha chegado a altura de se deixar o carro na garagem para viagens curtas, seja para levar os filhos à escola, para ir trabalhar ou ir a um bar.
Com um irmão ciclista, Marco desabafou: "Pergunto-me todos os dias desde a morte do Michele: como é que os ciclistas conseguem treinar na estrada. Eles treinam, mas é muito perigoso. Há um risco real que alguém saia de casa para andar de bicicleta e não volte. Temos de fazer algo para mudar as coisas, para salvar vidas."
Michele Scarponi morreu a 22 de Abril. Tinha 37 anos, era casado e pai de gémeos, que na altura tinham quatro anos. A última vitória aconteceu dias antes na Volta aos Alpes e o veterano ciclista estava a preparar-se para liderar a Astana na 100ª edição do Giro.
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