13 de novembro de 2017

"Sei que estou perto [da vitória], mas falta aquele clique"

Há ciclistas que é difícil uma equipa não querer ter no seu plantel. Não precisa de ser um grande líder, ou um atleta de muitas vitórias, precisa "apenas" de ser como Frederico Figueiredo. Depois de evoluir na Rádio Popular-Boavista, o ciclista agarrou o desafio lançado por um Sporting-Tavira a querer renascer como uma das equipas mais fortes do pelotão nacional. Joni Brandão, Alejandro Marque e Rinaldo Nocentini podem ter sido as figuras de primeira linha, mas Frederico Figueiredo demonstrou porque é visto como um dos corredores mais fiáveis do pelotão. Não se limita a terminar competições e a ajudar os seus líderes. Faz o seu trabalho sempre com enorme qualidade, somando igualmente bons resultados. E basta ter um pouco de liberdade e lá está ele na frente. Ainda lhe falta uma vitória, mas salientou como não está obcecado em alcançá-la. O que mais deseja neste momento é não ter uma Volta a Portugal como a deste ano.

"Vista pela televisão... Não aconselho a ninguém! Sofre-se muito mais", desabafou Frederico Figueirado, recordando como assistiu às últimas três etapas. Perseguido pelas quedas, o ciclista de 26 anos não teve outra escolha que não fosse abandonar. "As feridas eram o menos. Se eu não tivesse dores no joelho e na virilha, eu teria ficado. Não sou pessoa de virar a cara a um desafio", salientou ao Volta ao Ciclismo. "Chorei baba e ranho. Não queria ir embora, mas teve de ser", acrescentou. A etapa da Serra da Estrela foi especialmente penosa vê-la pela televisão. Ao verificar como Amaro Antunes e Raúl Alarcón, da W52-FC Porto, se afastavam de Marque e Nocentini pensou que poderia estar ali e que talvez as coisas pudessem ser diferentes: "Mesmo que não se queira, pensa-se sempre nisso."

"Não fizemos uma Volta a Portugal tão negativa como algumas pessoas poderão dizer"

As expectativas eram altas para o Sporting-Tavira dada as contratações para 2017, contudo, não alcançou qualquer vitória de etapa e falhou ainda o pódio. Nocentini foi quarto e Marque quinto. "Não fizemos uma Volta a Portugal tão negativa como algumas pessoas poderão dizer. Fizemos terceiro no prólogo e no contra-relógio final, também estivemos na discussão das etapas de montanha... Houve uma super equipa da W52-FC Porto na Serra da Estrela e temos de ser realistas: foram mais fortes. Mas o Sporting-Tavira também fez uma boa Volta", afirmou.

Ainda assim, Frederico Figueiredo frisou como tudo parecia correr mal: "Antes de começar tivemos o que aconteceu com o Joni Brandão [ficou de fora devido a um problema de saúde], chegámos à Volta e foram as quedas, o Marque ficou com um problema nas costelas na etapa de Castelo Branco... Tudo teimava em não correr bem. Mas é como o Vidal [Fitas] diz: anos não são anos e como este ano correu tudo tão mal, pode ser que para o ano corra tudo muito bem!"

Agora é o momento de olhar para a frente e Frederico Figueiredo já prepara 2018, em mais uma temporada ao serviço da formação algarvia. Mas antes, é altura para um pequeno balanço pessoal. A queda na Volta a Portugal foi um ponto baixo, mas não mancha uma boa época, na qual terminou muitas vezes no top dez em algumas das principais competições nacionais e também em Espanha, na Volta a Castela e Leão (quinto). Faltou aquele triunfo... "Estive perto no Troféu Joaquim Agostinho. Fiz segundo na etapa do Alto de Montejunto, nos Nacionais também fiz uma boa corrida (quinto)... Sei que estou perto, mas falta aquele clique. É preciso também um pouco de sorte. Todos gostamos de ganhar, mas não vou massacrar-me com isso. Os ciclistas não vivem só de vitórias. Tudo conta", realçou.

"É como o Vidal [Fitas] diz: anos não são anos e como este ano correu tudo tão mal, pode ser que para o ano corra tudo muito bem"

Frederico Figueiredo disse ainda que os resultados em 2017 o deixaram motivado e referiu como, apesar da Volta a Portugal ter acabo mal para ele, ainda assim o seu trabalho foi valorizado tanto no Sporting-Tavira, como fora da sua equipa. "Não me posso queixar de este ano não ter recebido propostas!" O ciclista considera que em Portugal deve-se "começar a mudar um pouco as mentalidades e não pensar tanto na Volta a Portugal". "É a que nos dá mais visibilidade, mas se nós realizarmos uma boa temporada em geral, certamente que seremos valorizados", assegurou.

Depois de trabalhar ao lado de um dos ciclistas mais experientes do pelotão nacional, Rui Sousa, Frederico Figueiredo encontrou no Sporting-Tavira Alejandro Marque, vencedor de uma Volta a Portugal, e Rinaldo Nocentini, um italiano com experiência do World Tour e que andou de amarelo na Volta a França. "É sempre importante e são pormenores que temos de olhar e ver como forma de ter ainda mais motivação e continuar a trabalhar para evoluir. Por todas as equipas que se passa aprende-se sempre algo", explicou.

Frederico Figueiredo pertence a um grupo de ciclistas nacionais de grande potencial. O Sporting-Tavira vai continuar a contar com um corredor de extrema importância e o ciclista deixou uma mensagem aos adeptos sobre o que esperar da equipa para 2018: "Vai ser mais um ano à Sporting!"



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