A etapa da Senhora da Graça acabou com o objectivo de Sérgio Paulinho em lutar pelo pódio na Volta a Portugal. No entanto, o ciclista da Efapel não está desiludido, nem com o que aconteceu naquele dia, nem com a temporada que realizou em Portugal, depois de 12 anos no estrangeiro. Muito pelo contrário. Está motivado para continuar, estando garantido mais um ano na Efapel. O World Tour faz parte do passado, pois está feliz a correr em casa e só pensa em conquistar bons resultados, principalmente aquele pódio na Grandíssima. "Acho que a equipa ficou bastante satisfeita [comigo] e, por isso, é que para o ano cá estarei com a Efapel a lutar nas corridas", confirmou ao Volta ao Ciclismo.
Depois de uma carreira ao mais alto nível, sendo um dos homens de trabalho mais importantes no pelotão internacional, Sérgio Paulinho teve a oportunidade de na recta final ter o papel de líder ao serviço da Efapel, que tem como director desportivo Américo Silva. "Não digo que tenha sido um ano complicado, não foi, mas foi um ano de transição em que os meus colegas e o Américo ajudaram-me bastante", disse o ciclista de 37 anos. Foi necessário adaptar-se a uma nova função e Paulinho admitiu que por vezes sentia-se um jovem em início de carreira, pois era corrigido naquilo que fazia. "Em algumas ocasiões sim, senti-me assim. Acabávamos por rir bastante. Corrigiram-me muitas vezes e tenho muito a agradecer-lhes", realçou.
"Estou muito feliz em Portugal e, sinceramente, não penso em voltar ao World Tour"
Foi um desafio que Sérgio Paulinho agarrou com enorme vontade e motivação, sabendo que tinha a responsabilidade de liderar a Efapel na Volta a Portugal. Porém, na Senhora da Graça, quarta etapa, perdeu 1:08 minutos e a missão de pelo menos chegar ao pódio ficou muito difícil. Ainda assim, terminou no top dez (nono lugar). Olhando para todo este "ano de transição" na sua carreira, Sérgio Paulinho não hesita em dizer: "Foi uma época melhor do que eu estava à espera. Durante o ano estive sempre ali com os primeiros." Entre os melhores resultados destaca-se o segundo lugar na Clássica da Arrábida, o quarto lugar na Clássica Aldeias do Xisto, o sétimo no Troféu Joaquim Agostinho, além do terceiro nos Nacionais, na prova de contra-relógio. Não duvida que a Senhora da Graça foi o momento que marcou a sua Volta a Portugal, considerando que talvez tenha cometido alguns erros devido à mudança de papel de gregário para líder. "Acabei por pagar um pouco isso, mas foi uma experiência positiva e para o ano quero lá estar e, quem sabe, discutir o pódio", afirmou.
Contou ainda que um eventual nervosismo por saber que na Senhora da Graça se poderia perder uma Volta, poderá o ter "bloqueado" nos últimos dois quilómetros. No entanto: "Não fiquei desiludido." A longa experiência teve o seu papel quando o momento não foi bom. Sérgio Paulinho reagiu e lutou pelo top dez que alcançou (foi nono), tal como o colega Henrique Casimiro (oitavo). A Efapel ganhou ainda uma etapa por intermédio de António Barbio: "Começámos a ganhar tarde [na temporada], mas nunca esmorecemos. Íamos sempre à luta. A Volta foi bastante positiva. Toda a época foi positiva para a Efapel." Sérgio Paulinho deixou ainda um elogio ao seu jovem colega: "O Barbio é um dos ciclistas que trabalha sempre para a equipa e quando alguém como o Barbio, que dá tudo pelos companheiros, conquista uma vitória como aquela, é ainda mais saborosa. Ele mereceu-a."
E o companheirismo na Efapel é algo que deixa Sérgio Paulinho ainda mais entusiasmado para continuar a lutar por vitórias. "Eu acabei a Volta e disse aos meus colegas que em todos os meus anos de carreira no estrangeiro, nunca encontrei um ambiente como na Efapel. É certo que lá fora eram 25 ou 30 ciclistas numa equipa e nem coincidia com alguns colegas nas corridas, mas, ainda assim, nunca tive este ambiente. Aqui é como uma família e acho que isso acaba por ajudar a que os resultados apareçam", salientou.
Para que não restem dúvidas, depois de ter terminado abruptamente a carreira no World Tour com o fim da Tinkoff, Sérgio Paulinho garantiu: "Estou muito feliz em Portugal e, sinceramente, não penso em voltar ao World Tour."
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