No próximo Giro já não haverá nove ciclistas na apresentação. Movistar é a mais recente equipa a confirmar um plantel mais curto (Fotografia: Giro d'Italia) |
Irá a segurança aumentar? Irá ser mais difícil para uma equipa controlar uma corrida? Teremos de esperar por 2018 para saber as respostas a estas perguntas. Porém, a diminuição do número de ciclistas por competição tem um efeito imediato: as equipas de todos os escalões estão a diminuir os seus plantéis. Há um ano, Patrick Levefere tinha avisado que menos ciclistas nas corridas iria significar o desemprego para 100 corredores. Ainda não é possível saber se a conta do director desportivo da Quick-Step Floors está correcta, visto que nem todas as formações deram por fechada as contratações e renovações, contudo, começa a parecer que a previsão do belga poderá não estar muito longe da verdade.
A alteração do número de ciclistas nas corridas já era falado há algum tempo, principalmente com a questão da segurança a ser muito discutida com os incidentes, muitos deles graves, que têm acontecido nos extensos pelotões. Reduzir o número de corredores foi uma opção vista por alguns como positiva neste aspecto, mas não convenceu todos os responsáveis da modalidade. Quando os organizadores de algumas das principais provas - ASO, RCS Sport e Flanders Classics - tentaram por conta própria implementar a regra, Levefere avisou desde logo que em vez de 30 ciclistas, bastariam 25 nos plantéis, havendo também um corte nos elementos do staff.
Para Lefevere seria mais importante ter um maior cuidado na escolha de estradas e percursos, em vez de diminuir os ciclistas. A UCI acabou por anunciar a nova regra para 2018 e o resultado foi a BMC passar de 29 ciclistas para 24 corredores, a Sunweb deverá também ficar-se pelos 24 (eram 27), tal como a Quick-Step Floors. A Movistar confirmou os eleitos para a próxima temporada, com Dayer Quintana a ser a derradeira renovação: 25 ciclistas, mais dez para a equipa feminina que fará a estreia em Janeiro. De recordar que dois portugueses fazem parte desta estrutura: Nelson Oliveira e Nuno Bico. Dos ciclistas que este ano representaram a formação espanhola, a maior vítima é o veterano de 36 anos, Daniel Moreno. Enquanto outros ciclistas acabaram por assinar por outras equipas (não tanto por não terem lugar na Movistar, mas por opção própria), já Moreno terá agora de repensar o seu futuro.
Apesar desta evidência, o novo presidente da UCI não está satisfeito e quer ir mais longe. Isto é, quer que o número seja reduzido para seis! Nas grandes voltas eram nove e passarão a ser oito, nas restantes corridas diminuí de oito para sete. "A certa altura eram dez ciclistas por equipa e conseguimos reduzir para nove, mas eu quero ir mais longe e seis corredores por equipa seria o melhor", afirmou David Lappartient à rádio francesa RMC, em mais uma proposta do recém-eleito dirigente que não deverá ser recebida de forma pacífica pelas principais formações.
Além da segurança, temos então o "problema" que muito preocupa certos organizadores: haver equipas que controlam quase por completo uma corrida. É caso para dizer que a "culpa" é da Sky! O domínio da formação britânica nos últimos anos, principalmente na Volta a França, tornou-se uma dor de cabeça para a ASO, uma das grandes defensoras para que o número de ciclistas fosse reduzido.
Este domínio nem foi tão ostensivo em 2017 como em anos anteriores, contudo, Chris Froome ganhou outra vez. Pela quarta vez em cinco anos, ao que se junta a vitória de Bradley Wiggins que iniciou o ciclo, apenas interrompido por Vincenzo Nibali em 2014 (Froome caiu e abandonou). A Sky terá menos um ciclista para ajudar a controlar, mas os rivais também terão menos um para tentar fazer frente à Sky. Teremos mesmo de esperar por 2018 para perceber se a teoria que menos ciclistas, menos possibilidade de controlo se confirma. Para já, há algum cepticismo.
De referir que em Portugal a redução de plantéis também se irá fazer notar, ainda que sendo equipas que já são mais pequenas, será menos notório. Porém, não deixa de ser menos espaço para os ciclistas conseguirem um lugar entre a elite nacional, num pelotão que apenas tem seis formações profissionais.
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