Nacer Bouhanni continua sem vencer na Volta a França |
Os responsáveis da Cofidis estão cansados de ser uma das principais equipas do escalão Profissional Continental, que deixou o World Tour por opção em 2010. Estão cansados de ter um dos melhores sprinters do mundo e não o ver render no maior dos palcos: a Volta a França. É preciso recuar a 2008 para ver a última vitória no Tour da Cofidis, num ano em que venceu duas etapas por intermédio de Sylvain Chavanel. A espera é longa, portanto, a Cofidis virou-se para Cédric Vasseur, que tanto resistiu em aceitar um cargo numa equipa desde que terminou a carreira de ciclista, mas que acabou por aceitar este desafio. Os objectivos são bem claros: tirar melhor partido de Bouhanni, mas, ao mesmo tempo, deixar de ter uma equipa centrada apenas no sprinter francês.
A Cofidis sempre foi uma equipa que se apresentou na luta pela montanha na Volta a França e noutras grandes corridas. Porém, quando em 2015 abriu os cordões à bolsa para garantir um Nacer Bouhanni, à procura de ser um líder indiscutível e não dividir as atenções com Arnaud Démare na FDJ, a equipa francesa assumiu uma mudança na táctica de enfrentar as competições. Com Bouhanni esperava ter maiores garantias de ganhar a desejada etapa no Tour. Daniel Navarro, Luis Ángel Maté e Nicolas Edet (e não só) mantiveram o papel de se mostrar quando o terreno inclina, mas o trabalho principal passou a ser proteger Bouhanni.
Aos 47 anos, Vasseur assume um novo desafio |
Criar o "espírito certo", dar primazia ao profissionalismo, tirar partido da contratação dos irmãos Herrada e assegurar que personalidade forte de Bouhanni seja uma vantagem no ciclismo e não uma forma de o deixar fora de prova, são metas que Vasseur espera alcançar. Mesmo querendo que o sprinter não seja o foco total da Cofidis, a verdade é que Bouhanni (27 anos) tem contrato até 2019 e chegou o momento de vencer mais nos grandes palcos. O sprinter somou sete vitórias em 2017, mas apenas uma do nível World Tour, na quarta etapa da Volta à Catalunha. No ano passado, o ciclista ficou de fora do Tour por ter agredido um homem no hotel onde estava hospedado por altura dos Nacionais. Bouhanni lesionou-se quando faltava uma semana para o arranque da corrida. Além deste caso, há ainda umas cabeçadas e uns "chega para lá" que já lhe valeram desclassificações.
"O que eu sei é que ele é um grande talento. Teremos muitas conversas durante o Inverno e farei com que ele perceba o quanto poderá ser bom. Penso que ele pode ganhar as grandes corridas e em primeiro lugar estará a Milano-Sanremo. Ele tem capacidade para ganhá-la", afirmou Vasseur. O agora director desportivo, considera que Bouhanni perdeu a confiança e que, por isso, fica nervoso. "Apenas precisamos de trabalhar o seu lado psicológico. Os seus atributos físicos são fenomenais", salientou.
A contratação dos irmãos Herrada não irá colocar a Cofidis a um nível para lutar pela geral num Tour, mas a equipa poderá beneficiar e muito da experiência destes dois ciclistas. José (32 anos), esteve as últimas seis temporadas na Movistar, enquanto Jesús (27), começou como profissional na equipa espanhola em 2011 e é o actual campeão nacional espanhol. Vasseur considera que haverá mais opções para os dias de montanha.
Apesar da Cofidis versão 2018 ter sido construída pelo seu antecessor Yvon Sanquer, Vasseur está satisfeito com o plantel. Recusou propostas da BMC e da Quick-Step Floors, equipa que representou enquanto ciclista e na qual terminou a carreira em 2007, mas parece que chegou a altura de se mostrar como director desportivo. Entre 2002 e 2005 vestiu as cores da Cofidis, numa altura em que a estrutura estava no principal escalão. Tem no seu currículo duas etapas no Tour, em 1997 e 2007.
Cédric Vasseur é desde já a grande contratação de uma Cofidis que quer ser de novo falada pela conquista de grandes vitórias.
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