6 de novembro de 2017

Sky renovou com ciclista que competiu 18 dias em dois anos

(Fotografia: Team Sky)
Quando em 2016 Beñat Intxausti vestiu pela primeira vez o equipamento da Sky, o espanhol pensou que estava a iniciar uma fase especial da carreira naquela que é uma equipa que já deixou uma marca profunda no ciclismo em menos de uma década. Para quem estava na Movistar e com papel relevante, provavelmente só uma mudança para a equipa britânica poderia ser considerado como um passo em frente, dadas as características de Intxausti. À porta dos 30 anos, o espanhol jamais pensaria que a transferência de sonho se tornaria num pesadelo. O ciclista tem dificuldade em considerar-se um profissional e até pensou em colocar um ponto final na carreira. A Sky não deixou.

Em 2017, Intxausti, agora com 31 anos, competiu três dias e desistiu em dois. Em 2016 foram 15 antes da vida do espanhol mudar. Até subiu ao pódio na Volta à Comunidade Valenciana (foi terceiro), mas os problemas estavam a começar. Foi diagnosticado uma mononucleose. Parou quatro meses, regressou na Volta à Eslovénia, mas no mês seguinte, abandonou na terceira etapa da Volta à Polónia. Estávamos a 14 de Julho. A 29 de Julho mas deste ano, Intxausti partiu para a Clássica de San Sebastian. Mais de um ano depois estava de novo a competir. Abandonou. Tentou de novo em Outubro, na Volta a Guangxi. Na segunda etapa pôs o pé no chão.

"Ainda não me sinto como um ciclista profissional porque a minha condição não é a melhor. É difícil para mim ver-me como profissional", confessou Intxausti, citado pelo Cycling News. "Foi um sonho para mim vir para esta equipa, mas este sonho não tem sido muito bom", acrescentou. A doença diagnosticada este ano a Mark Cavendish obrigada a um descanso total. O britânico da Dimension Data parece ter conseguido ultrapassar o pior e já pensa em regressar às grandes vitórias em 2018. Já a recuperação de Intxausti está a ser longa e ainda sem garantias à vista que possa voltar a 100%.

"Quando se está em casa, sem treinar ou competir, tens demasiado tempo livre, por isso, sim, a tua cabeça começa a ponderar [a retirada do ciclismo]", confessou o espanhol. Com o contrato de dois anos a chegar ao fim, Intxausti terá pensado que não teria outra escolha, até que a Sky lhe apresentou uma proposta de mais um ano, ainda que com uma redução no ordenado. "O dinheiro não é importante neste momento", frisou.

Para Intxausti é um momento feliz perante a tristeza de não conseguir fazer o que mais gosta nos últimos dois anos. Porém, o espanhol não parte para 2018 com grandes objectivos definidos. O ciclista só espera conseguir ultrapassar a doença, pois mesmo não tendo sintomas, não significa que o vírus tenha sido completamente eliminado. Ou seja, pode voltar. Intxausti não desiste e quer regressar ao seu melhor.

"Fico com lágrimas nos olhos só de pensar nisso. Ele quer andar na sua bicicleta, quer competir. Está a lidar com isto há dois anos. Não pode fazer muito, mas ele quer ajudar com as garrafas de água, mas o corpo dele não deixa", referiu Brett Lancaster. O director desportivo da Sky realçou a indefinição quanto à forma que o ciclista poderá apresentar em 2018, mas considera que a estrutura britânica está a ser "fantástica" com Intxausti: "Noutra equipa haveria a possibilidade se não corresse o contrato seria cancelado. Nós ficámos com ele. Fizemos tudo o que pudemos."

A Beñat Intxausti resta-lhe descansar e quando o corpo deixar tentar num novo regresso. O espanhol era visto como um ciclista que teria um papel importante ao lado de Chris Froome e espreitaria ele próprio ter uma oportunidade em algumas corridas. Nos cinco anos na Movistar, Intxausti venceu duas etapas no Giro, conquistou a Volta a Pequim, foi quarto no Critérium du Dauphiné em 2015 e foi segundo na Volta ao País Basco em 2010, um resultado ainda mais relevante se se tiver em conta que nesse ano representava a Euskaltel-Euskadi.

A mononucleose é causada pelo vírus Epstein-Barr, transmitido através da saliva. Entre os sintomas está o cansaço, mas também pode manifestar-se através de febre, dor de cabeça, garganta, abdominal e pálpebras inchadas, entre outros. Com repouso os sintomas deverão reduzir ao longo de uma ou duas semanas. No entanto, podem voltar. Em alguns casos poderá ser necessário a prescrição de anti-inflamatórios ou analgésicos.



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