Vicente Garcia de Mateos. Eis um ciclista que se deveria seguir com atenção em 2017, ainda mais quando no ano anterior tinha terminado no top dez da Volta a Portugal. Claro que num pelotão que ia contar novamente com uma super equipa como a W52-FC Porto, que iria ter um Sporting-Tavira renovado e fortalecido, uma Efapel que foi buscar Sérgio Paulinho ao World Tour, o Louletano-Hospital de Loulé quase que poderia passar despercebido. Quase, porque a equipa algarvia estava determinada em entrar na discussão das corridas, por mais forte que fosse a concorrência. O ciclista espanhol era a grande aposta e não demorou a mostrar que poderia tornar-se num sério candidato a algo mais do que um top dez na Volta a Portugal. A contratação mais falada foi a de Luís Mendonça, que aos 31 anos chegou à elite nacional. Apostou tarde no ciclismo, mas vontade e ambição não lhe faltavam e o sprinter não se inibiu de andar na frente, mesmo quando ao seu lado teve um Fernando Gaviria e um André Greipel na Volta ao Algarve. No primeiro sprint, Mendonça foi o melhor português.
Jorge Piedade, director desportivo, preparou a temporada para que o seu líder, Mateos, estivesse sempre em crescendo. A primeira vitória surgiu logo na Clássica Aldeias do Xisto e por Espanha somou bons resultados, como o 13º lugar na Volta à Comunidade de Madrid e o sétimo na Volta a La Rioja. Em Junho ganhou o Grande Prémio Abimota e uma etapa. Com o aproximar da Volta a Portugal, Mateos entrou numa fase mais discreta, quebrada apenas com o sexto lugar nos Nacionais. No Troféu Joaquim Agostinho foi apenas 29º, o que talvez tenha contribuído para não entrar no lote dos grandes favoritos para a Volta a Portugal.
Ranking nacional: 4º (1528 pontos)
Vitórias: 4 (incluindo uma etapa na Volta a Portugal)
Ciclista com mais triunfos: Vicente Garcia de Mateos (4)
Contudo, tal não deverá acontecer de novo. A Volta serviu para Mateos enviar uma clara mensagem: contem com ele para fazer frente aos melhores. Porém, também o Louletano-Hospital de Loulé deixou a sua mensagem: um orçamento mais pequeno, uma equipa mais curta não significa que não se possa ser grande, principalmente quando se pode ter menos, mas o que se têm é de qualidade. O ciclista espanhol realizou uma Volta a Portugal a todos os níveis espectacular. Venceu uma etapa e terminou em terceiro. Para quem ainda há poucos anos procurava entrar mais em sprints, a evolução de Mateos foi notória e impressionante. Em 2018 a equipa algarvia vai querer mais e tens razões e base para isso.
O Louletanto-Hospital de Loulé chegou à Volta sem Luís Mendonça, que dias antes havia sido agredido durante um treino por um condutor. Fracturou o braço e não houve tempo para recuperar. Logo na primeira etapa foi Oscar Hernandez que não teve condições para prosseguir, deixando Mateos sem uma importante ajuda. Ainda assim, a reacção foi lutar pelo pódio e Jorge Piedade não tem dúvidas que o seu ciclista poderia estar com a camisola amarela antes da Serra da Estrela se tivesse mais apoio. Nessa etapa ficou mais do que claro que é preciso mais do que um Vicente Garcia de Mateos em forma para bater a W52-FC Porto.
E é esse passo que a formação algarvia quer dar em 2018. Márcio Barbosa (A.C.D.C. Trofa) poderá ser um reforço importante para a montanha, por exemplo. Certo será que a Aviludo-Louletano, como se chamará na próxima temporada, e Vicente Garcia de Mateos não serão novamente remetidos para um segundo plano na habituais listas de candidatos.
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