6 de agosto de 2019

Calendário limita escolha de ciclistas para os Europeus

Rui Oliveira e César Martingil - na fotografia, primeiro e segundo classificado
na Prova de Abertura Região de Aveiro - foram os eleitos para a elite
A colocação dos Europeus no calendário continua a prejudicar a corrida de elite, com as selecções a terem dificuldades em chamar os melhores ciclistas. Além de ainda não ser uma prova que apele como uns Mundiais, por exemplo, não ajuda realizar-se numa altura em que muitos corredores acabaram o Tour e, ou estão a pensar na Vuelta, ou até já fizeram o Giro e/ou clássicas e querem descansar. Além disso, é uma fase do ano com várias corridas, como a Volta à Polónia e a própria Volta a Portugal. Esta facto não facilitou o trabalho do seleccionador nacional José Poeira, que abdicou do contra-relógio de elite masculino e em Espanha foi-se mais radical: não haverá equipa de elite masculina nem na corrida de fundo, nem no contra-relógio. Para o ano já tudo deverá ser diferente, com os Europeus a realizarem-se após a Vuelta.

"Temos corredores em Portugal que poderiam estar a representar a Selecção, mas estão a competir na Volta a Portugal. Também temos outros em equipas estrangeiras, presos às obrigações profissionais, estágios de altitude ou provas do calendário internacional. Com estas condicionantes, abdicámos de competir no contra-relógio de elite, mas apresentamo-nos com dois corredores de qualidade na prova de fundo", explicou José Poeira, quando foram anunciados os eleitos pela Federação Portuguesa de Ciclismo. Rui Oliveira (UAE Team Emirates) e César Martingil (Sporting-Tavira) vão ser os representantes em elite, mas Portugal terá ainda ciclistas em sub-23 e juniores, masculinos e femininos. Ao todo serão 17 atletas.

Alkmaar, na Holanda, será o palco das provas que começam amanhã e se disputam até domingo. Todos os escalões volta a estar juntos, depois de no ano passado a elite ter corrido em Glasgow, na Escócia, e os sub-23 e juniores em Brno e Zlin, na República Checa. Será a quarta edição desde que os ciclistas profissionais passaram a poder participar, com Peter Sagan a ter sido o primeiro vencedor, seguindo-se Alexander Kristoff e Matteo Trentin. De ano para ano, o pelotão tem sofrido cada vez mais com a falta de nomes fortes da modalidade e a notícia que a Espanha nem iria participar na elite masculina escancarou ainda mais as dificuldades que este calendário dos Europeus provoca nos seleccionadores, sendo praticamente obrigatória uma mudança para 2020.

"Os ciclistas do nosso país correm a um nível muito alto e as equipas querem guardá-los para o que falta [do calendário]. Há corredores que estão a pensar na Vuelta, outros fizeram o Giro e Tour e querem descansar", explicou ao jornal As Pascual Momparler. O seleccionador espanhol acrescentou que poderia recorrer a corredores de formações do escalão Profissional Continental e Continental, mas também estes estão a competir em corridas importantes para as respectivas equipas, como a Volta a Portugal.

Apesar das dificuldades, ainda há esperança que, dado o percurso ser perfeito para os sprinters, alguns dos melhores do mundo sejam seduzidos a conquistar um título que é sempre prestigiante. Mark Cavendish está já confirmado, não surpreendendo a sua selecção pela equipa da Grã-Bretanha. Ficou de fora do Tour e quer competir, numa altura em que a relação com a Dimension Data já foi bem melhor. Arnaud Démare (Groupama-FDJ) irá liderar a França, depois de ter ficado fora do Tour.

Pascal Ackermann (alemão da Bora-Hansgrohe), Sam Bennett (irlandês da Bora-Hansgrohe), Dylan Groenewegen (holandês da Jumbo-Visma) e os três ciclistas que já conquistaram o título europeu são uma possibilidade, o que definitivamente tornaria a corrida bem mais interessante do que nas duas edições anteriores, depois de uma estreia positiva da prova em Plumelec, França.

Os portugueses

A equipa nacional de sub-23 é de muita qualidade com Francisco Campos e Iuri Leitão a serem os sprinters de serviço. Mas também no feminino neste escalão haverá uma ciclista a ter muito em conta, pois Maria Martins tem realizado um excelente 2019, disputando vários sprints e já com vitórias celebradas, a última no fim-de-semana passado, em Espanha.

Aqui fica o calendário da Selecção Portuguesa e os convocados para cada uma das corridas, com os juniores a entrarem em acção já esta quarta-feira (horas de Portugal Continental e Madeira):

7 de Agosto 
8:00: Contra-relógio Juniores Femininas, 22,4 km - Daniela Campos (5Quinas/Município de Albufeira/CDASJ)
10:15: Contra-relógio Juniores Masculinos, 22,4 km – Daniel Dias (Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo/Frulact) e Diogo Narciso (Bairrada)

8 de Agosto 
9:45: Contra-relógio Elite Feminina, 22,4 km - Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport)
11:45: Contra-relógio Sub-23 Masculinos, 22,4 km - Jorge Magalhães (W52-FC Porto)

9 de Agosto 
8:00: Prova de Fundo Juniores Femininas, 69 km - Daniela Campos (5Quinas/Município de Albufeira/CDASJ)
11:00: Prova de Fundo Sub-23 Femininas, 92 km - Maria Martins (Sopela Women’s Team)
15:00: Prova de Fundo Juniores Masculinos, 115 km – César Costa (Vito-Feirense-PNB), Daniel Dias (Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo/Frulact), Diogo Narciso (Bairrada), João Carvalho (Bairrada), João Macedo (Bairrada) e Pedro Silva (Seissa/KTM Bikeseven/Matias & Araújo/Frulact)

10 de Agosto 
8:00: Prova de Fundo Sub-23 Masculinos, 138 km – André Carvalho (Hagens Berman Axeon), Francisco Campos (W52-FC Porto), Iuri Leitão (Sicasal-Constantinos), Jorge Magalhães (W52-FC Porto), Miguel Salgueiro (Sicasal-Constantinos) e Tiago Antunes (SEG Racing Academy) 
12:00: Prova de Fundo Elite Feminina, 115 km - Daniela Reis (Doltcini-Van Eyck Sport)

11 de Agosto 
10:30: Prova de Fundo Elite Masculina, 172,6 km - César Martingil (Sporting-Tavira) e Rui Oliveira (UAE Team Emirates).

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