(Fotografia: © Giro d'Italia) |
Fica completa uma estranha coincidência que privou as grandes voltas do provável candidato mais favorito. Devido a quedas, o Giro não teve Egan Bernal, o Tour Chris Froome e na Vuelta não se verá Richard Carapaz, o vencedor da Volta a Itália e que fez dele o homem a ter em atenção na corrida que arranca no sábado. E numa Vuelta na qual pode ser feita um pouco mais de história num 2019 marcante para o ciclismo, perder Carapaz é um rude golpe, mas não significa que não possa ser feito o pleno de corredores latinos ganharem as três grandes.
Carapaz tornou-se no primeiro equatoriano a venceu uma grande volta. Seguiu-se Bernal (Ineos) que finalmente concretizou o sueño amarillo colombiano no Tour e quem poderá ser o senhor que se segue na Vuelta? Candidatos não faltam. Carapaz vai assistir de longe devido a uma lesão no ombro, contraída no domingo, numa queda durante uma prova na Holanda. Segundo o jornal As participou a título pessoal. A Movistar chamou o experiente José Joaquín Rojas, substituindo um líder por um homem de trabalho. Nairo Quintana não deverá importar-se.
E entre os candidatos da América Latina, Quintana tem de ser um deles, mesmo que cada vez convença menos. O seu ciclo na Movistar está a chegar ao fim, apesar de ainda não ter confirmado que equipa vai representar em 2020 (muito se fala da Arkéa-Samsic). Venceu a Vuelta em 2016, numa altura em que tudo se esperava deste ciclista, mas que aos 29 anos está a ver a carreira passar sem se afirmar como um dos grandes voltistas da história. Não perdeu qualidade, mas há muito que não se vê aquele Quintana capaz de deixar qualquer um para trás. Uma mudança de ares poderá fazer-lhe bem, mas para já, é na Movistar que vai tentar afastar a desconfiança que se instalou num favoritismo cada vez mais reduzido.
Sem Carapaz, Quintana perde a mais forte concorrência interna, mas ainda tem Alejandro Valverde (diz que vai à procura de etapas, contudo, também há um ano seria o objectivo e depois bem tentou liderar a corrida) e um Marc Soler que não vai querer continuar a adiar um maior protagonismo dentro de uma equipa em remodelação para 2020 e com espaço para ter Soler num papel mais relevante.
Com a exclusão de Carapaz, a América Latina ficou reduzida à Colômbia. O próximo nome na lista de candidatos do país é Miguel Ángel López. Aos 25 anos vai para a sua quarta Vuelta, na qual já foi terceiro em 2018. No Giro teve exibições em que falhou, depois melhorou substancialmente e acabou a ser atirado ao chão por um adepto. López e a Astana apostam muito nesta Vuelta, sendo uma das equipas mais fortes: os irmãos Izagirre, Luís León Sánchez, Omar Fraile, Dario Cataldo, Manuele Boaro e Jakob Fuglsang. A dúvida é se o dinamarquês, que abandonou no Tour devido a queda, vai também ele atrás de um bom resultado na Vuelta. E depois, como irá enfrentar a corrida Ion Izagirre? No início da época disse que seria a sua volta seria em Espanha, após trabalhar para López no Giro.
Johan Esteban Chaves é uma enorme incógnita. Ele próprio o assume, esperando que a sua carreira possa ser revitalizada depois de um 2018 para esquecer devido a uma mononucleose. A vitória na 19ª etapa no Giro foi um momento muito importante para o ciclista, que quer agora disputar novamente uma grande volta que, não há muito tempo, se pensaria que poderia ganhar, mais cedo ou mais tarde. Há um ano a Mitchelton-Scott venceu com Simon Yates, que fica de fora, após estar no Giro e Tour. 2019 é o ano para a equipa australiana saber se consegue ou não recuperar Chaves. Corrida muito importante para o futuro do ciclista.
E depois há o trio maravilha da EF Education First. Rigoberto Uran parte como líder, mas é impossível negar que é Daniel Martínez e Sergio Higuita que mais se quer ver. Martínez falhou o Tour devido a lesão e irá fazer a sua estreia na Vuelta. Tem 23 anos e um potencial tremendo. A equipa americana não o deverá prender ao trabalho de gregário e se estiver em forma, este é um ciclista que irá dar espectáculo. Se Uran conseguir manter-se na frente da corrida, Martínez até poderá procurar mais etapas do que pensar na geral. É um dos jovens colombianos que mais entusiasma além de um ausente Egan Bernal, vencedor do último Tour.
Higuita tem 22 anos e chegou à equipa já com a temporada a decorrer, depois de uma fase de adaptação à Europa na Fundação Euskadi. E passou por Portugal: ganhou uma etapa na Volta ao Alentejo. Na sua primeira corrida pela EF Education First, a Volta a Califórnia, só foi batido por Tadej Pogacar (UAE Team Emirates). Será uma Vuelta para aprender e habituar-se aos grandes palcos. No entanto, cuidado com este jovem. É mais uma prova que na Colômbia os talentos não param de aparecer.
John Darwin Atapuma (Cofidis) pode ter passado ao lado de uma carreira bem melhor. Mas aos 31 anos ainda quer mostrar que pode deixar a sua marca e principalmente quer quebrar o enguiço dos segundos lugares nas etapas. Sergio Henao (UAE Team Emirates) deverá ter de ficar ao lado de Fabio Aru, mas Fernando Gaviria, o colombiano sprinter, vai atrás de etapas para salvar uma temporada em que desiludiu e marcada por uma lesão. Juan Sebastián Molano será o plano B para os sprints e o lançador do compatriota. Sergio Henao estará dedicado ao trabalho na Ineos.
É uma pena Richard Carapaz ficar de fora da Vuelta, mas a senda latina de 2019 tem muitas hipóteses de ficar completa na Vuelta, depois de em 2018 terem sido três ciclistas britânicos a ganharem as grandes voltas: Chris Froome, Geraint Thomas e Simon Yates.
No entanto, a armada colombiana terá concorrência, que será apresentada no texto desta sexta-feira.
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